O jogo que te trago hoje não é novo, porém, é uma nova versão do mesmo, adaptada agora ao headset de realidade virtual do Facebook, os Oculus Quest. Dito isto, vamos então conhecer In Death: Unchained!
In Death, inicialmente desenvolvido por Solfar Studios, foi originalmente lançado em 2018, para PC VR e PlayStation VR. O jogo trouxe o conceito de Rogue-like para o mundo da realidade virtual, onde tu, um arqueiro, viste a tua vida ser-te retirada, permanecendo para todo o sempre no Além. Neste novo lugar, o descanso da tua alma não está a salvo, pois és perseguido a todo o momento por Monges, Templários, Zombies, entre outras entidades hostis, que virão por ela. A única opção: usar o teu arco e flecha para acabar com o mal que te persegue vezes sem conta.
Esta foi a premissa de um jogo com 2 anos, que contou com algumas análises positivas por parte dos jogadores, mesmo tendo este contando com poucos updates durante a sua vida. Contudo, com o novo lançamento de In Death: Unchained, criado agora pelo estúdio Superbright, os seus novos desenvolvedores esperam alcançar um novo público alvo, focado mais na portabilidade.
Mas o que realmente há de novo aqui?
Unchained
In Death: Unchained, como o novo sufixo indica, liberta-te dos cabos que se usam com os headsets tradicionais, promovendo a liberdade de movimento, bem como a portabilidade, sem necessidade de um PC ou Portátil. Eu não tive a oportunidade de jogar o jogo original de 2018, mas posso dizer desde já que não conseguiria suportar jogar este jogo com um cabo atrás. Durante as partidas que fiz, senti-me vezes sem conta a rodar para todos os lados. Se isto acontecesse com uns Oculus Rift ou PlayStation VR, já estaria completamente enleado no fio, ou no pior dos casos, arrancava ou danificar o cabo e o headset.
Indo ao que realmente interessa: o conteúdo. Nesta nova versão, para além dos 2 locais, “Santuário” (Sanctuary) e “Paraíso Perdido” (Paradise Lost) tens um terceiro, chamado “O Abismo” (The Abyss), um exclusivo criado para esta versão dos Oculus Quest. Este só é desbloqueado ao progredires na tua repetitiva aventura pelos outros locais, até que desbloqueies troféus suficientes para o acederes. Esta é uma generosa adição, porém, há demasiados elementos em falta neste jogo, nos quais vou explicar mais à frente.
Dado que o jogo inflige cansaço nos nossos pobres braços de tanto disparar flechas, os desenvolvedores acrescentaram um novo sistema de checkpoints, permitindo-nos salvar o jogo temporariamente. Desta forma, podemos voltar a jogar mais tarde no lugar onde ficámos. Contudo, quero avisar de que isto não é um checkpoint definitivo, pelo que se tu morreres, não voltarás a esse checkpoint.
Existe ainda uma nova Leaderboard, onde poderás ver os melhores recordes de pontuação, dentro da comunidade Oculus. Ainda que não tenha interesse em ser competitivo neste jogo, acho uma adição bem-vinda.
Em termos visuais, dadas as capacidades limitadas do processador móvel dos Oculus Quest, o jogo sofreu um downgrade gráfico de forma a conseguir ser jogado com a respectiva fluidez. A boa notícia é que esse downgrade não afectou muito a experiência visual, pois mesmo com estes, gostei muito da apresentação visual deste paraíso medieval.
A experiência vivida neste jogo
Em In Death: Unchained, senti sempre que a cada partida, uma experiência diferente me aguardava, pois cada vez que entras, o algoritmo aleatório gera uma disposição diferente do mapa, por isso não vale muito estar a memorizar caminhos. Além disso, quanto mais longe consegues ir no jogo, mais difícil este se torna, e vais acabar por notar isso ao veres spawns de inimigos mais frequentemente, bem como outros mais fortes. No fim da masmorra, um Boss espera-te, testando ao máximo as tuas capacidades como arqueiro, e de que maneira…
Em termos de armas, como já tinha referido, és um arqueiro, e a tua arma principal é um arco e flecha. Em adição, farás também uso de um escudo, para te defenderes dos inimigos e dos seus projécteis. Em certa altura, também desbloquearás uma Besta (Crossbow), cujo seu uso fará mais sentido para os que preferem infligir maior dado e ter uma flecha sempre pronta a ser lançada em situações de surpresa. Até hoje esta é a minha arma de eleição. No geral, a mecânica está muito bem implementada e funciona surpreendentemente bem. Infelizmente sinto pena de não ter um colete como os Bhaptics, pois este jogo suporta a utilização de acessórios com haptic feedback. Desta forma, poderia sentir flechas e golpes a serem infligidos no corpo, algo vindo de um filme de ficção científica, como no filme Ready Player One.
Como complemento, o jogo presentei-a-te com alguns itens que poderás adquirir numa espécie de loja, situada nos checkpoints, ou ao derrotares inimigos. Desde recuperação de vida a Flechas especiais, como as de fogo, gelo ou até mesmo múltiplas num só disparo, a variedade parece boa, até que comecei a notar uma “rampa” de declínio, que põe em causa a experiência deste jogo.
O mau
Dado que este jogo fez 2 anos, mesmo que não tenha jogado o seu original, senti uma enorme falta de variedade de conteúdo que poderia ter sido implementada. A primeira é logo a falta de uma biblioteca de música apelativa. As partidas, sem música, não dão muito impacto à experiência do jogador. Se está 1 ou 20 inimigos, não há qualquer peça musical de narre a pressão que o jogo está a colocar em mim. Nem mesmo o Boss mereceu uma música épica.
Outro dos grandes problemas de que o jogo sofre é a falta de mais armas e itens. Tudo bem que és um arqueiro e a tua arma principal é um arco e flecha, mas quando te vês em combate corpo-a-corpo com um inimigo, como é? O escudo pode dar jeito para investir nos inimigos, mas feito isto, só me resta afastar-me para conseguir atacar a manada de inimigos reunidos para o festim das almas. Uma espada, uma marreta, um ramo de uma árvore, qualquer coisa que fizesse ter alguma vantagem quando perto dos inimigos seria bem-vindo.
O mesmo se pode dizer dos itens, onde poderia haver mais variedade. Tendo já jogado alguns jogos rogue-like, esperava ver uma generosa quantidade de itens no jogo. É triste ver este jogo perder tanta oportunidade para brilhar com esta falta de conteúdos. No entanto, nunca é tarde fazer essas melhorias. Os próprios desenvolvedores explicaram que este será só o início, e que vão estar atentos às necessidades da comunidade. Como prova disso, foi anunciado uma nova expansão do jogo, planeada para este Halloween.
In Death: Unchained já se encontra disponível em exclusivo para os Oculus Quest. Já a versão original, In Death, poderá ser encontrada nas plataformas PlayStation VR e PC VR.