Iron Widow Darling in the Franxx

Para os fãs de Evangelion e Darling in the Franxx, um anime de mechas que deu bastante que falar em 2018, temos um livro para ti: Iron Widow (Viúva de Ferro) da canadiana Xiran Jay Zhao, um best-seller do New York Times que já conta com uma sequela e uma legião de seguidores.

Mas caso não faças ideia do que estou a falar, fica com as sinopses de ambos primeiro:

Darling in the Franxx 

Num futuro pós-apocalíptico, crianças são criadas em instalações isoladas e treinadas para pilotar mechas gigantes chamadas de Franxx, em pares de rapazes e raparigas, com o objectivo de lutar contra monstros conhecidos como klaxossauros. 

A história gira em torno de Hiro, um ex-piloto prodígio, e Zero Two, uma rapariga misteriosa e rebelde com sangue de klaxossauro, enquanto desafiam o sistema e criam um vínculo profundo e transformador.

Iron Widow (Viúva de Ferro)

Passada numa sociedade futurista, mas profundamente patriarcal, inspirada na história e mitologia chinesas, a humanidade está em guerra com criaturas alienígenas chamadas Hunduns. Adolescentes pilotam mechas gigantes (crisálidas), impulsionados por duplas de homens e mulheres — com a piloto a morrer frequentemente devido a drenagem de energia. 

Quando a irmã de Zetian morre, esta alista-se para a vingar, tornando-se piloto. Mas, em vez de morrer, mata o seu copiloto. É rotulada como “Viúva de Ferro”, uma mulher que pode reverter a drenagem de energia. Agora, ela tem de navegar por um sistema mortal e derrubá-lo desde o seu interior.

A inspiração de Xiran Jay Zhao

Não só são as semelhanças entre ambos inescapáveis, como a própria autora também menciona o anime na sua página de Agradecimentos, não deixando dúvidas para a origem da sua inspiração.

Xiran Jay Zhao

“Aos produtores de Darling in the Franxx: obrigada por inspirarem o sistema de pilotagem de rapaz-rapariga neste livro e a ideia de que mechas podem ser usados como instrumentos literários para explorar adolescência, género e sexualidade.” – Xiran Jay Zhao

Num vídeo publicado na sua página de Instagram, a mesma explica que o declínio na qualidade da narrativa do anime veio a despoletar a sua vontade de recriar uma perspectiva diferente:

“Este livro foi explicitamente inspirado pelo meu desapontamento na segunda metade de Darling in the Franxx. Queria que se tivesse desenvolvido num tipo de história diferente e isso não aconteceu, por isso, decidi escrever a minha própria versão, usando o conceito básico de rapazes e raparigas serem emparelhados para pilotar robôs gigantes.” – Xiran Jay Zhao

Entre as controvérsias mais discutidas dentro do anime, temos o sistema de pilotagem que se apoia demasiado numa estrutura rígida do papel do homem e da mulher dentro de relações heterosexuais, e da pouca representação LGBTQ+ nas dinâmicas românticas. 

“Porque é que esse tipo de heteronormatividade deveria ser imposta e que tipo de sociedade faria isso? E depois disso, decidi fazer uma reprodução da única imperatriz chinesa da história. Porque me apeteceu.” – Xiran Jay Zhao

Mitsuyasu Sakai

Um dos escritores de Darling in the Franxx, Mitsuyasu Sakai, leu a versão traduzida em japonês de Iron Widow e contactou Zhao no X/Twitter para partilhar a sua opinião do livro e agradecer o apoio ao seu projecto. (Nota: DARIFURA é uma das alcunhas dadas ao anime).

“Olá! Acabei de ler Viúva de Ferro e gostei muito! Como membro da equipa de Darling in the Franxx, quero dizer obrigado por o teres escrito [e que o anime] te tenha inspirado a imaginação para criares esta fantástica história, mesmo que tenhas ficado frustrada com a história de DARIFURA lol” – Mitsuyasu Sakai

Atsushi Nishigori

E gostou tanto que acabou por o mostrar ao realizador, Atsushi Nishigori (que também trabalhou em Evangelion). 

“Oh meu Deus, realmente gostas de DARIFURA! Muito obrigado! Vou dizer isso ao realizador. Oh, e mal posso esperar por ler a sequela de Viúva de Ferro! (Penso que a minha amiga, Naoya Nakahara, vai traduzi-la para japonês, tal como fez com o primeiro livro para nós: os fãs japoneses de ficção científica.” – Mitsuyasu Sakai

Semelhanças e Diferenças

Tanto Iron Widow como Darling in the Franxx são histórias de ficção científica passadas em futuros distópicos onde a Humanidade usa mechas gigantes pilotados por pares de rapaz-rapariga para lutar contra inimigos monstruosos. No entanto, apesar de partilharem semelhanças à superfície (como o sistema de pilotagem e a crítica ao controlo autoritário), diferem bastante no tom, objectivo e mensagem.

Darling in the Franxx

Darling in the Franxx toca em temas de controlo e condicionamento social, mas as dinâmicas de género são, muitas vezes, implícitas e controversas. O sistema de pilotagem funciona de forma a que os rapazes assumam posições dominantes enquanto as raparigas ficam em posições submissas no cockpit. O tom é melancólico, romântico, e abstrato na sua maioria.

Darling in the Franxx

Iron Widow confronta e desconstrói a patriarquia, inspirando-se na história e mitologias chinesas, com uma personagem principal feminina forte que procura vingança após a morte da irmã. Neste mundo, as pilotos morrem de “pressão de espírito” ao carregar as mechas (chamadas de crisálisas), realçando a exploração brutal das mulheres. A mensagem feminista é uma constante.

Uma das mechas em Iron Widow

O livro critica injustiça sistémica, violência baseada no género, e martírio glorificado. Também oferece representação queer, discute temas de saúde mental, e é, no geral, bastante inclusivo. 

Uma das mechas em Iron Widow

Utiliza a mesma estrutura do anime para lutar contra opressão sistémica e explorar autonomia e poder femininos, enquanto que Darling in the Franxx se foca mais em explorar ligações românticas e crescimento emocional. Introspeção versus revolução.


E tu, já conhecias algum destes títulos? Ficaste com vontade de os experimentar? O que achas da premissa de ambos?