A WWI Game Series, um projeto desenvolvido pela BlackMill Games e pela M2H, foi um enorme sucesso após o lançamento de Verdun, o primeiro jogo desta franquia, que acabou por se tornar um excelente exemplo do sucesso que realismo e imersão podem trazer a jogos de guerra. Algo que, devido à fama de Call of Duty, que se focava mais em ação desmedida, e menos numa experiência imersiva que um conflito poderia trazer, tornou Verdun num jogo extremamente influente, não só pela razão que apresentei, mas também pela Guerra Mundial representada.
Só muito recentemente, graças a jogos como Verdun e Tannenberg, ambos parte desta WWI Game Series, é que a 1ª. Guerra Mundial passou a ser um dos “palcos” destas batalhas armadas digitais. Claramente, o contrário se passou com a 2ª. Guerra Mundial, que é, sem dúvida, o conflito mais representado em videojogos, graças a franquias como Medal of Honor, e também Call of Duty. Talvez também tenha sido por este exagerado sucesso de jogos com esta guerra que se começou a sentir a necessidade de expandir os horizontes dos shooters, com vários videojogos agora com conflitos modernos a serem usados, incluindo outros.
Porém, não foi aí também que a 1ª. Guerra Mundial passou a ser um dos principais períodos históricos representados em jogos, já que esta indústria funciona também muito por “modas”, havendo várias alturas em que ambos os principais shooters da altura, Call of Duty e Battlefield, só desenvolviam jogos em períodos modernos ou futuristas. Foi aí que, em 2015, Verdun entrou, e acabou por ser possivelmente uma das maiores influências para o sucesso que Battlefield 1 foi, já que este também é ambientado à volta da 1ª. Guerra Mundial.
Com o enorme sucesso de Verdun, apelidado de “uma das experiências shooter mais imersivas do mercado”, a BlackMill Games e a M2H lançaram Tannenberg, em 2017, sendo que agora em 2022, foi finalmente desenvolvida a terceira entrada nesta série de jogos baseada na 1ª. Guerra Mundial, Isonzo.
De um modo geral, refiro já que quem gostou de Verdun e de Tannenberg, vai com certeza gostar também deste, já que os elementos que tornaram esta franquia no que é hoje em dia, estão também em Isonzo, melhores do que nunca, tornando esta numa experiência bastante imersiva e realista, mas sem deixar o conceito “diversão” para o lado, que normalmente para mim é o maior problema neste género de videojogos.

Já experimentei vários jogos no género de shooters realistas, e digo sem problema nenhum que Isonzo foi o melhor até agora. Algo que nunca consegui receber em videojogos como Hell Let Loose, Enlisted ou até mesmo Battlefield 1. Foi uma experiência balanceada entre o que é suposto ser realista e historicamente correto, e o que é suposto tornar um jogo numa experiência divertida, que convida o jogador a jogar partida após partida. Houve sempre algum elemento que me deixou de pé atrás nestes jogos: em Hell Let Loose, foi a quantidade abusiva de realismo que todos os elementos presentes no jogo apresentavam, que me acabou por deixar às aranhas nos mapas enormes presentes. Em Enlisted, foram as animações “clunky” que o jogo apresentava, provavelmente derivadas do estatuto free-to-play do mesmo. E finalmente, em Battlefield 1, foi o uso abusivo das snipers incrivelmente overpowered, que retiravam completamente a diversão que o videojogo trazia.
Porém, em Isonzo, não sinto a necessidade de apontar nenhum destes pontos fracos que os outros competidores apresentaram na altura em que saíram, já que neste sinto que o jogo não excede nenhum destes elementos de uma forma que pareçam causadores de uma experiência negativa com o mesmo. Isonzo obviamente não é perfeito, nem evoluiu a fórmula de Verdun ou de Tannenberg de uma forma notável, apenas trazendo pequenas modificações à mesma, que no final de contas, acabam por não fazer grande diferença, já que a experiência padrão dos jogos anteriores continua lá, sem ser sequer mexida.
Graficamente, o jogo não é mau, mas também não é nada impressionante. Os modelos dos soldados são pouco realistas, e as suas animações em terceira pessoa deixam muito a desejar. Porém, o jogo apresenta ambientes excecionalmente bonitos e originais, e principalmente variados, o que faz com que cada mapa difira do próximo.
Num mapa nos podemos encontrar em planícies italianas, noutro podemos muito bem encontrar-nos em regiões montanhosas ou florestas, o que deixa o jogo extremamente variado, apesar do reduzido número de mapas presentes, devido à escala dos mesmos. Infelizmente, só temos um modo de jogo principal presente, por enquanto, que se foca na defesa e conquista de variados pontos, que funciona um pouco como o modo Conquest de Battlefield, mas com pormenores mais técnicos.

Tenho de anotar vários bugs visuais relacionados com a qualidade gráfica de Isonzo nas consolas. Testei o jogo na PlayStation 5, que graficamente apenas apresentava um modificador da qualidade gráfica do sangue, e um desbloqueador de fotogramas por segundo (fps), algo que infelizmente não faz o que é devido, já que na PS5 deixa o ecrã constantemente cheio de erros visuais em vez de aumentar a performance do jogo. Estes erros também acontecem de vez em quando mesmo sem o desbloqueador de fps ativado, no entanto apenas em batalhas com mais ação, como explosões ou gás lacrimogéneo.
Por outro lado, o que me surpreendeu mais foi o design de áudio no jogo, que ultrapassou totalmente as minhas expectativas. Todos os sons no jogo, quer sejam de tiros, explosões e gritos dos soldados ajudam a construir a tal imersão de que o jogo tanto se gaba. Além de termos uma experiência realista, temos também um jogo quase de terror, que ao contrário de outros competidores no mercado, que trazem a experiência de guerra mais “arcada”, Isonzo relata de uma forma assustadora os horrores da guerra, não só através de uma experiência visual, mas também auditiva.

Infelizmente, trazer uma experiência altamente realista para um jogo não tem só pontos positivos, e isso nota-se particularmente nas opções de personalização presentes. Desde armas até cosméticos para o nosso soldado, quer seja italiano ou austro-húngaro, as duas fações presentes no jogo, as opções são extremamente limitadas. Em termos de armas, temos apenas algumas carabinas semi-automáticas, e pouquíssimas armas automáticas, sendo estas apenas desbloqueadas em níveis muito altos de cada classe. Apesar de ser historicamente correto, tira alguma da diversidade ao jogo.
Em termos de cosméticos para o soldado, as opções, além de escassas, são também muito simples. Mostro a minha satisfação com a falta de skins futuristas que jogos como Call of Duty têm apresentado em períodos históricos antigos, algo que sempre me irritou, porém esta simplicidade de Isonzo tira também alguma da sensação de conquista dos jogadores ao desbloquear os cosméticos após realizar certos desafios. Importante notar também que já há micro transações presentes no jogo através de bundles na loja, sendo que estas contêm apenas conteúdo cosmético, o que não muda em nada a experiência geral que Isonzo traz.
Isonzo já está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC.
Agradecemos à WW1 Series por nos ter cedido uma chave para análise.