Jogar ao Ataque é um dos novos títulos da Netflix, estreado o mês passado e contando com nomes como Kate Hudson, Justin Theroux, Scott MacArthur, Drew Tarver, Max Greenfield, Fabrizio Guido e Brenda Song nos papéis principais.

Prometendo uma narrativa envolvente e recheada de optimismo e garra para vencer, a comédia desportiva surpreendeu-me pela positiva em quase todas as suas vertentes. No entanto, não posso deixar de apontar algumas falhas que espero poderem vir a ser abordadas numa próxima temporada.

Sinopse

Depois de um controverso escândalo, a única filha de um empresário desportivo vê-se na posse de uma equipa de basquetebol profissional, os Waves de Los Angeles. No seu papel de presidente, Isla Gordon (Kate Hudson) é atirada aos lobos e terá de enfrentar não só as críticas, invejas e machismo presentes num mundo dominado por homens, mas também as suas próprias inseguranças e inexperiência.

Por entre ser forçada a provar o seu valor diariamente, navegar as complicadas dinâmicas da sua família disfuncional, e ainda tentar manter as suas relações interpessoais intactas, Isla tem de manter a cabeça no jogo e certificar-se de que, acima de tudo, leva os Waves à vitória.

Personagens

Tivessem escolhido outra actriz para interpretar a protagonista e penso que o rumo da série teria sido bem diferente. O carisma e charme inconfundíveis de Kate Hudson, veterana de comédias românticas, não passaram despercebidos, apesar de se encontrar num papel bem diferente do seu habitual. Esta conseguiu incorporar a personagem e todas as suas facetas belissimamente, acompanhando a jornada de Isla Gordon desde menina rica e desapontamento da família, a uma empresária de sucesso e respeitada pelos seus pares.

Apesar do pouco tempo de antena que lhe foi dado, Justin Theroux foi outra excelente aposta para interpretar o filho mais velho, Cam Gordon. A sua especialidade parece ser, mesmo, personagens completamente desvairadas e narcisistas, com algum tipo de dependência e muita bagagem.

Sempre que este aparece no ecrã, rouba a cena completamente e deixa-nos um bocado atordoados com as suas deixas tóxicas e comportamento descabido, o que poderia facilmente ser disruptivo se não se encaixasse tão bem no restante enredo.

Brenda Song como assistente pessoal de Isla também se destacou, apesar do seu papel algo estereotipado, por vezes. O seu apoio incondicional e forte amizade de anos veio a suavizar o lado mais duro e inflexível de Isla, proporcionando vários momentos de companheirismo feminino comoventes e divertidos.

Drew Tarver e Scott MacArthur, como os outros irmãos Gordon, trouxeram algo de diferente à história, especialmente por nos tomarem de surpresa a cada volta e nunca sabermos exactamente com o que podemos contar da sua parte.

Também é interessante ver o quanto cada filho de Jack Gordon, o falecido dono dos Waves, absorveu do pai e como as diferentes educações dadas a cada um influenciaram as suas jornadas e personalidades.

Já outras personagens ficaram um pouco aquém: Travis Bugg (Chet Hanks) enquanto jogador problemático e playboy cuja história tentou incluir demasiado, acabou por ser apressada no final. O treinador Jay Brown (Jay Ellis) que nunca saiu realmente do pano de fundo, sempre se manteve como apoio moral da equipa mas nada mais. O podcaster Sean Murphy (Jon Glaser) que não passa de um completo estereótipo irritante dos comentadores de desporto – e que, aparentemente, fez muito bem o seu papel porque o odiei em todos os momentos.

Toby Sandeman esteve bem como o misterioso MVP Marcus Winfield que, mais uma vez, tinha potencial para sobressair muito mais, não passando de eye candy para a audiência. Talvez a próxima temporada lhe confira mais saliências.

História

A comédia é inspirada em Jeanie Buss, a presidente dos Los Angeles Lakers, e que partilha várias semelhanças com Isla Gordon: uma mulher poderosa numa indústria hiper-masculina, apoiada por um irmão, e com uma carreira de sucesso mantida no seio familiar.

Não se trata de uma biografia mas, definitivamente, inclui todos os elementos e pontos de viragem importantes da vida de Buss, não fosse a série escrita por Mindy Kaling, outra mulher com experiência de vida semelhante – mas no mundo do espectáculo, e com a adição do racismo.

Da esquerda para a direita: Mindy Kaling, Jeanie Buss e Kate Hudson

Jogar ao Ataque é um título divertidíssimo e fácil de acabar num dia, uma vez que conta apenas com 10 episódios na primeira temporada. Apesar de não ser extremamente original ou imprevisível, tem reviravoltas suficientes para deixar o espectador preso ao ecrã, e enredos paralelos que ajudam a desenvolver as personagens e as dinâmicas entre si.

Mas, o seu ponto forte é, mesmo, o humor – o qual penso estar claramente direccionado a milennials e não tanto a um público mais juvenil.

Não diria que seja uma série realista, não de todo, mas sim algo para relaxar num dia em que precisemos de algo animado, com coração, e que não se leva demasiado a sério.

Trata-se de entretenimento puro, mas com uma pitada de amor familiar e tudo o que este implica – as discussões, os desentendimentos, as traições e o fazer-as-pazes – além de companheirismo fraternal, reflectido tanto na relação entre Isla e Ali (também inspirada na melhor amiga e colega de Buss, Linda Rambis), como na dos jogadores dos Waves.

No que toca a autenticidade, não consigo confirmar o quão realista é o ambiente tanto dentro como fora do campo. No entanto, se estás à espera de algo semelhante a Slam Dunk, desengana-te: os jogos de basquetebol em si são escassos e de pouca dura, e a série foca-se muito mais na vida pessoal e relações entre jogadores do que na sua performance.

Temos um vislumbre do que se passa dentro de uma equipa conceituada no que toca a negociações e conversas de balneário, mas não satisfará nenhum ávido fã do desporto.

A temporada acaba num cliffhanger algo esperado, mas que promete alguma tensão e reviravolta na série.

Por tudo isto, fico a aguardar uma próxima temporada, caso a Netflix assim o julge digno, e sugiro que também tu dês uma oportunidade a este título enquanto se encontra disponível na plataforma.

Clica aqui para assistires a Jogar ao Ataque.

CONCLUSÃO
Hilariante
7
jogar-ao-ataque-analiseSe gostas de histórias sobre alguém que começou de baixo e conseguiu ultrapassar as barreiras até acima, ou sobre mulheres fortes que provam todos à sua volta errados, com muito humor, boa disposição, e trapalhadas sem fim, então Jogar ao Ataque é para ti. Reserva um dia no fim-de-semana para te sentares no sofá com uns aperitivos e descontrai ao máximo na companhia da disfuncional família Gordon, e prometo que não te vai desapontar.