Bem vindos a bordo do Jungle Cruise!
O mais recente filme da Disney tem novamente estreia, em simultâneo, nos cinemas e no serviço de streaming do Disney+ devido à pandemia, sendo que este foi outro lançamento que estava previsto chegar no ano passado no verão.
Se o nome não vos é estranho, não estão errados, pois trata-se de mais um filme baseado numa atração muito conhecida dos parques temáticos da Disney.
Devo dizer que tinha bastante curiosidade em ver este filme sendo que os próprios trailers me foram agradando igualmente. Numa altura que há uma quantidade cada vez maior de filmes live action de clássicos da Disney ou de reimaginações de certos personagens, como foi o caso de Maléfica e Cruella, a minha vontade por ver novamente um filme sem essas ligações por trás era imensa e o resultado cumpriu as expectativas.
Estamos, então, perante um novo filme nos moldes da saga Piratas das Caraíbas ou mesmo o já esquecido A Casa Assombrada de 2003 com Eddie Murphy, em que pegam noutra atração dos parques da Disney (que já não acontecia desde 2015 creio eu, com Tomorrowland – O Mundo de amanhã) e contam uma história original e com personagens originais à volta dela.
Em Jungle Cruise – A Maldição nos Confins da Selva, conhecemos o capitão Frank Wolff (Dwayne Johnson) que é contratado pela Dra. Lily Houghton (Emily Blunt) e o seu irmão Mcgregor (Jack Whitehall), duas pessoas ligadas à Comunidade Cientifica que pretendem encontrar A Árvora da Vida, cuja lenda diz que pode curar qualquer tipo de mal ou doença e na qual a Dra. Lily acredita que isso pode mudar o mundo e a medicina em si. Eles embarcam então no La Quila (o barco de Frank que está praticamente a cair aos pedaços e que tem sido usado como cruzeiro turístico pela Amazónia Brasileira).
Mas entre nazis a persegui-los e algumas situações sobrenaturais, esta viagem pelo rio não se vai demonstrar uma demanda fácil.
Resgatando bastante até uma certa aura de filmes de aventura como a saga Indiana Jones ou até mesmo o clássico Em Busca da Esmeralda Perdida (aquele com Michael Douglas e Kathleen Turner juntos), estão aqui todos os ingredientes para uma fita com bastante entretenimento e uma sensação saudosista desses tempos, Jungle Cruise – A Maldição nos Confins da Selva é também uma homenagem a esse cinema que têm sido um tanto ofuscado nos tempos atuais por outros géneros.
Sem dar spoilers, alguns detalhes da história (principalmente no segundo ato do filme) podem remeter ao primeiro Piratas das Caraíbas, o que é facilmente identificado, mas longe de ser um problema. É uma narrativa com reviravoltas interessantes pelo meio e com um ritmo adequado para as sequências que a encaminha, posso mesmo dizer que a primeira meia hora de filme me fez logo sentir colado não pela acção a decorrer em si mas pelo seu todo. Perseguições divertidas, um elenco carismático que carrega o filme, visuais exóticos e, é claro, uma banda sonora de James Newton Howard que não fica nada atrás daquilo que já John Williams nos habituou em outros filmes deste género, com direito ainda a uma versão própria de Nothing Else Matters dos Metallica bem inserida pelo meio.
Se realmente sentiam saudades de um filme à Indiana Jones, Jungle Cruise vai preencher esse desejo, naquela que é uma grande aposta deste verão pela Disney.
O elenco como já referi antes, carrega e bem este “barco” com uma interessante e estranha dupla (Dwayne Johnson e Emily Blunt), se cuja memória não me falha, penso ser a primeira vez a vê-los juntos a contracenar. Blunt faz aquela personagem feminina com garra e muito espírito que desafia as regras que lhe são impostas, ao mesmo tempo que os problemas vêm ter com ela enquanto The Rock mesmo debaixo da figura musculada faz um capitão espertalhão, provocador, que não tem jeito para contar piadas, mas vai sempre mandando algumas (cenas que vão render risos durante as sessões garantidamente com as suas tentativas, comigo funcionou).
O realizador James Collet-Serra trabalha bem o aspecto mais sobrenatural de Jungle Cruise, que está relacionado com o personagem de Édgar Ramírez, sendo que já tinha tido experiência anterior com A Casa de Cera e a Orfã nestes caminhos, fazendo com que, mesmo sendo um filme de família, combine com alguns momentos mais sombrios que são usados principalmente em cenas noturnas, o que juntando com florestas amazónicas, traz o cenário adequado, e felizmente percetível, ao espectador em termos de visibilidade.
E falando ainda no realizador, creio que a colaboração com Dwayne Johnson deu um caminho ligeiramente diferente do tipo de papeis que costuma fazer e que é percetível nos primeiros momentos de Frank, mesmo que a já conhecida imagem de The Rock não ajude a distanciarmo-nos logo disso.
Ainda assim, está aqui uma comunicação e trabalho de equipa que indica boas expectativas para Black Adam para o ano que vem, que será igualmente realizado por James Collet-Serra.
Um pequeno ponto negativo ainda para terminar é a inclusão de dois ou três momentos em slowmotion, que ficaram um tanto desenquadrados do resto do filme, pois são quase como colocados à força em situações que não o exigiam de todo.