Num ano dominado pelos excelentes novos filmes do kaiju mais famoso da cultura japonesa, Godzilla, a Editora Devir aproveitou para publicar em Portugal uma das séries de manga que tem andado a conquistar leitores da Shōnen Jump à volta de todo o mundo, Kaiju N.º8, de Naoya Matsumoto. Esta é mais uma das obras que faz parte da “nova geração de manga” publicada pela famosa revista, responsável pela publicação das maiores séries de banda desenhada japonesa do mundo, tais como One Piece, ou Dragon Ball.
Devido à sua gigante popularidade, Kaiju N.º8 recebeu também um trailer para a sua extremamente antecipada adaptação de anime, que irá ser já lançada em abril de 2024, na Crunchyroll. Esta tem sido uma coleção de manga aclamada por todos os leitores ávidos da Shōnen Jump, devido à sua interessante história sobre kaijus, os míticos monstros japoneses, às suas personagens bem-desenvolvidas, e à excelente arte, todos aspetos que irei falar aqui nesta análise aos primeiros dois volumes desta incrível coleção!


Neste primeiro volume, somos introduzidos a Kafka Hibino, trabalhador numa empresa de limpeza de kaijus, que limpam os resíduos deixados pelos ataques dos monstros, depois destes terem sido exterminados pela Força de Defesa, soldados extremamente fortes e bem-treinados, experientes no combate contra os kaijus. Kafka sempre teve a ambição de fazer parte dessa Força de Defesa, principalmente devido a um pacto que tinha feito com a sua amiga de infância, Mina Ashiro, que acabou mais tarde por se tornar a mais poderosa capitã na Força de Defesa.
Kafka acaba por conhecer Reno Ichikawa, que se juntou à empresa de limpeza, mas com a ambição de um dia se tornar soldado da Força de Defesa. Este encoraja Kafka a seguir o seu sonho de se juntar ao poderoso grupo de soldados, através do programa de treino de novos cadetes. Porém, um dia, devido a uma criatura misteriosa, Kafka transforma-se em kaiju, e decidem ambos assim juntar-se a esse grupo de talentosos cadetes, para se tornarem em poderosos defensores da humanidade contra os poderosos monstros. Aí começa a história do misterioso kaiju n.º8, Kafka Hibino!

No segundo volume, Kafka e Reno já se encontram no programa de treino de cadetes, onde se encontra também a habilidosa Kikoru Shinomiya, que se mostra desde início uma das candidatas mais promissora em toda a equipa. Porém, na última fase do exame de seleção para a Força de Defesa, o honju que se pensava ter sido exterminado é ressuscitado por um misterioso kaiju humanoide, e ataca Kikoru Shinomiya e os restantes candidatos. Kafka acaba por se transformar em kaiju, para salvar Kikoru, e para permitir a entrada de todos os candidatos, principalmente da habilidosa cadete, na tão desejada Força de Defesa.
Em Kaiju N.º8, temos um protagonista um tanto diferente do tradicional “herói clássico de shōnen”, que é geralmente um jovem cheio de ambição. Aqui, temos o contrário, um homem nos seus 30 anos, pouco conformado com a vida que leva, porém já habituado à rotina do dia-a-dia. Contudo, temos também um homem que não desiste assim tão facilmente dos seus sonhos, e que mostra que a qualquer momento podemos dar a volta à nossa vida, e seguir as nossas ambições. Temos também uma história de amizade, entre Kafka e Reno, que acaba por se revelar absolutamente necessária nos momentos de maior complicação.

Mas personagens deste manga não são o seu únicos ponto forte, já que a arte de Naoya Matsumoto acaba por se revelar de um nível de qualidade magnífico, em momentos chave. Alguns painéis demonstram realmente o arrasador tamanho dos kaijus, e da ameaça que eles representam para a cidade. Por outro lado, a escrita não é de todo a mais surpreendente, tendo em conta outros mangas já publicados pela Editora Devir em Portugal, mas dentro do género shōnen, acaba até por se revelar uma história verdadeiramente interessante, visto que Kaiju N.º8 foge a muitos dos “clichês” representativos deste género.
Quanto à edição da Editora Devir, esta é bastante simples, sendo que cada volume possui o estilo clássico de publicação de manga, tal como Chainsaw Man, ou SpyxFamily, também publicados em Portugal. Ambos os volumes contêm 200 páginas, sendo algumas desta a cores, nomeadamente presentes no primeiro capítulo.