A saga Trails estreou-se no mercado em 2004 com Trails in the Sky, e desde muito cedo conquistou o seu nicho de apaixonados do lado ocidental, que mantêm o legado vivo da localização (ainda que com algum atraso) até aos dias que correm. The Legend of Heroes: Trails into Reverie é o décimo lançamento da franquia, e continua a ser tudo do melhor que um fã de JRPGs pode desejar.
Trails into Reverie começa no sentido narrativo imediatamente após os eventos do seu antecessor, o que mostra claramente quem é o público-alvo da Falcom, a sua desenvolvedora. Não existe muito tempo para agradar novo público que quer ser apresentado a algo inédito, já que tudo acontece tão rápido, e do nada já te encontras no meio de um turbilhão de emoções narrativo, na concepção crítica de 3 diferentes grupos que habitam no continente de Zemuria.
Como eu faço parte do grupo que não jogou o arco Erebonia que começou em 2013 com Cold Steel, tive que fazer o trabalho de casa e devorar vídeos e páginas wiki para me contextualizar mais naquilo que estava a experienciar. Isto pode ser algo que assuste um jogador que gosta de RPGs mas que pretende algo narrativo que o faça sentir que está a vivenciar a primeira experiência de qualquer personagem jogável, mas caso assim fosse a decisão de desenvolvimento, a Falcom não iria aproveitar toda a magnitude na experiência que nos oferece com Into Reverie.

De forma arrojada e inédita na série, agora seguirás a história através do ponto de vista de três protagonistas diferentes. O jogo começa imediatamente no meio de um conflito, com uma independência de uma cidade-estado prestes a acontecer, interrompida e derrubada por um golpe armado de um dos protagonistas; que causa o caos que faz desvendar uma lore extensa, carregada de surpresas e de horas e horas de conteúdo narrativo.
Tudo o que se pode desejar de um JRPG
The Legend of Heroes: Trails into Reverie é a definição de um sistema táctico quase perfeito no que toca a combates de jogos RPG. Os combates mais estáticos dos grandes sucessos do Japão no ocidente são substituídos aqui por uma data extensa de informação e muito dinamismo. A movimentação e posicionamento dos personagens durante cada encontro pode ser crucial para o seu desfecho, e qualquer acção pode ser uma variante que altera completamente o plano dos turnos.
Como qualquer RPG convencional, podes atacar directamente, usar magia, arts, brave orders, e combinar ataques com todo o grupo, com novos golpes que irão surgindo conforme a tua afinidade com a party e os relacionamentos pessoais das personagens. Existe também o elemento mecânico S-Craft, que sucintamente são ataques especiais com showcases gráficas lindíssimas, mas que consomem imenso da tua energia, e te pode comprometer a qualquer altura.

A quantidade de buffs e passivos no geral que podes ter activo em simultâneo é completamente abismal, e perceberás a magnitude de todo este dinamismo de possibilidades assim que começas a receber a quantidade absurda de informação já com meia dúzia de horas de jogo nas costas. As magias podem ser customizadas com cristais que ainda mais upgrades agregam ao conceito, mas na sua maior parte das builds consome um turno a mais para carregar o ataque.
Transição visual, qualidade sonora do costume
A saga Trails encontra-se em transição de engine, e consegue-se sentir uma pitada do que esperar no próximo jogo assim que chegue ao ocidente. Ainda que este jogo seja baseado no Phyre Engine, existe aqui uma nova implementação do novo motor, e isso nota-se facilmente com um maior detalhe em todos os elementos visuais, com grande destaque para as texturas dos modelos das personagens, comparando ao título anterior.
Os cenários são sempre muito ricos em detalhes, ainda que não seja nada de tão impressionante, comparando com outras grandes escolhas no mercado.
O que nunca desilude é a incrível banda sonora. A equipa da Falcom responsável pela escolha musical dos seus jogos tem que receber sempre os parabéns. É impressionante a qualidade sonora colocada nos títulos RPG mais icónicos que produz, YS e e Trails. Em into Reverie poderás esperar momentos em que é incrivelmente fácil pousar o comando por algumas dezenas de minutos e simplesmente ficar ali, envolvido com a música.