Chegou no final de Janeiro o segundo episódio de Life is Strange 2, a sequela do original Life is Strange, lançado em 2015. Vítima de expectativas estratosféricas e de um culminar de teorias e apelos, Life is Strange 2 aterrou no mercado em setembro de 2018 pela primeira vez, arrastando novos jogadores e antigos fãs do universo, criado pela DONTNOD, para as vidas de Sean e Daniel Díaz, que confrontados com algo que não conhecem, são obrigados a fugir de casa e procurar abrigo longe de quem os conhece e de tudo o que conhecem. Em “Rules”, o segundo episódio da série, a viagem dos dois irmãos em direcção a Puerto Lobos, no México, continua, com novos eventos, novas decisões e curiosas referências a episódios anteriores, que adensam todo o mistério que antes tão bem caracterizou Life is Strange e Life is Strange: Before the Storm.
Com o honroso legado deixado por Max Caufield e Chloé Price na temporada original de Life is Strange, Sean e Daniel têm agora o difícil papel de satisfazer os fãs sedentos por enredos complexos, mistérios tortuosos e dilemas angustiantes; um papel que assumiram logo em “Roads”, o primeiro episódio de Life is Strange 2, e que procuraram mais acerrimamente defender agora.
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Após uma estreia marcada pela monotonia e pela falta do esperado envolvimento com personagens e cenários, Life is Strange 2, pela sua expansividade e dispersão espacial, continua a ter dificuldade em agarrar os fãs com a tenacidade do original. Com base neste ponto, não podemos descurar o facto de conteúdos e videojogos como Life is Strange e Life is Strange 2 viverem, essencialmente, da proximidade do jogador com as personagens, locais, histórias e momentos, que sustenta o conceito das decisões e da dificuldade das mesmas, colocando de parte os disparos, a velocidade e a estratégia bélica de muitos outros títulos (nomeadamente sucessos de vendas e streams).
No decorrer de “Rules”, deparamos-nos com novas caras e com antigos amigos, podendo recuperar momentos e encontros de outros capítulos, como é o caso de Chris Eriksen, de The Awesome Adventures of Captain Spirit, que reaparece agora, para nos complicar as decisões a tomar, atendendo ao facto de se posicionar como um alvo frágil no caminho percorrido por qualquer escolha que possamos vir a fazer.
Apesar de não ser o clássico Life is Strange a que estamos (e fomos) habituados, temos neste recente episódio, desenvolvimentos relevantes em vários aspectos e um enredo bastante mais forte do que o do episódio passado. As decisões são mais complexas e mais difíceis, a história é mais impactante e as personagens revelam, na sua composição, um claro crescimento relativamente ao que as rodeia e ao que fomos construindo escolha após escolha em momentos anteriores.
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O principal ponto forte de “Rules”? O salto dado de “Roads”, nomeadamente na complexidade do enredo. O principal ponto fraco? A narrativa que, contrastando com a monotonia do primeiro episódio, acaba por se desenrolar de forma demasiado rápida e, de certa forma, apressada, deixando em falta pormenores-chave que fariam toda a diferença num contexto mais envolvente.
Se falamos de decisões bem tomadas em Life is Strange, a banda sonora é uma delas; transversal a todos os episódios desde 2015, continua a ser excelente e a ser a deliciosa cereja no topo de um bolo agora um pouco mal cozido.
Life is Strange 2 já está disponível para PlayStation 4, Xbox One, e na Steam para PC, Mac e Linux.