Já que o meu colega vos trouxe um mega artigo sobre jogos de conforto, eis mais um que vos dou a conhecer para jogarem naqueles dias em que só vos apetece ter a vida de um gato mimado e traquina. Quer sejas gateiro assumido ou fã de cultura japonesa, ou ainda ambas as coisas, Little Kitty Big City vai-te deixar a ronronar e a miar por mais. Um joguinho super chill onde encarnas um gatinho que caiu de um prédio e agora anda a explorar ruas, becos e telhados enquanto faz amizades com todo o tipo de fauna exótica, mítica e mundana que conheces da lore japonesa na sua aventura de regresso a casa. 

Little Kitty Big City é como se juntassem o caótico Untitled Goose Game ao charme irresistível de Stray ou ao filme de Flow. Filme onde o meu único senão foi puramente a falta de profundidade na animação das personalidades dos bichos. Aqui sentes que para além do amor nutrido pelos bichanos, há também aquela compreensão na forma de animação corporal das atitudes que eles comportam. A Double Dagger Studio, baseou-se de facto nos gatinhos de Matt Wood, Mario e Roxy, e com eles trouxeram-nos um gato com olhos cheio de vida.

Desde os primeiros minutos tive dificuldade em lidar com a fofura e a ternura que é vestir o pêlo da nossa personagem. Um gatinho preto que mia, dorme, e se lambe com uma autenticidade desmarcada! O mais engraçado, contudo, é abusarmos do seu controlo. Recorrendo a Zoomies e derrubando tudo o que conseguimos com as nossas patinhas, é possível chatear os transeuntes das ruas, que por vezes andam tão absorvidos nos seus telemóveis que nem vêem quando nos metemos debaixo dos seus pés. Fazê-los cair e de seguida apanhar-lhes o telemóvel/sandes/donut/etc.. do chão e fugirmos a ver até onde nos perseguem, é do mais hilariante!

A nossa demanda pelo regresso a casa, leva-nos a explorar um bairro japonês inspirado nas ruas de Tóquio, onde até as tampas de esgoto são decoradas a rigor como uma peça de arte que incrementa a paisagem citadina e a dignifica. Da mesma forma temos gashapons espalhados pela “cidade” onde conseguimos os cosméticos colecionáveis que não podiam faltar para vestirmos o bichano a rigor! 

Pensar nesta cidade é contudo pensar num puzzle a 3 dimensões, onde a verticalidade e as zonas para progressão só podem ser desbloqueadas conforme resolvemos os nossos entraves. Nomeadamente os Chibas muito arrogantes que nos barram o caminho e ladram como se nos fossem desfazer em bocadinhos, ou trepadeiras que só conseguimos subir se comermos muito peixinho.  

Fiquei na dúvida se deveria mencionar o restante elenco para teres um pouco algumas surpresas, mas com eles no splash screen não há como evitar já que o estúdio não os tratou como spoilers. Estamos a falar de animais de diferentes espécies e façanhas muito acarinhadas pelos japoneses, como tanukis, patinhos, corvos, piu pius e mais gatinhos claro! Senti que tal como na vida real, os bichinhos fizeram-nos muita companhia.

É com muito humor que interagimos e recebemos missões secundárias que nos dão mais que fazer neste pequeno bairro que parece um mundo. Combinis, lavandarias, mercados de esquina, tudo o que esperarias visitar pessoalmente no Japão e que para quem já visitou deixam-nos um sentimento nostálgico. Nisto as missões secundárias que fazem-te explorar todas as localizações são bem divertidas e exploram o teu lado traquina que vem fácilmente ao de cima.

Em termos de controlos, não foi totalmente fácil começar a controlar este gato, e nomeadamente quando quero dar uma patada em algo ainda não tenho o sentido de orientação apurado para saber se efetivamente consigo ou não fazê-lo. Contudo podemos jogar à bola, e marcar golos! Para além de conseguirmos controlar com cada um dos triggers a patinha correspondente dianteira, também podemos miar e nisto selecionar o tipo de animação a fazer: fazer cara feia de enjoado, dar banho, deitar, espreguiçar… etc.

Embora tenha um visual 3D bastante simples e sem texturas elaboradas, o jogo apresenta-se agradável à vista com uns temas harmoniosos por trás. Isto é mesmo um jogo para relaxar! Há contudo sempre aquela sensação que algo vai buggar, derivado do nosso PTSD de outros jogos do género mas efetivamente não tive nada a relatar até me encontrar presa numa lavandaria com um pato dentro da máquina de lavar roupa. Era suposto haver interação com uma outra personagem para desligar a máquina e desbloquear a pobre criatura, mas efetivamente a primeira personagem apagou-se do mundo. Contudo sabendo o que tinha de fazer esta situação resolveu-se e o patinho saiu são e salvo (e limpinho quaquaqua) desta aventura.

Little Kitty Big City está agora disponível para PlayStation 5, Nintendo Switch, Xbox Series X & S,  e na Steam para PC.

Um agradecimento especial à editora pela cedência de uma cópia digital para análise.

CONCLUSÃO
Ronron
7
Joana Sousa
Apaixonada pelo mundo do cinema e dos videojogos. A ficção agarrou-me e não me largou mais! A vida levou-me pelo caminho da Pós-Produção, do Marketing e da organização de Eventos de cultura pop, mas o meu tempo livre, dedico-o a ti e à Squared Potato.
little-kitty-big-city-analiseLittle Kitty Big City é um jogo de conforto perfeito para desligares o cérebro e vestires o pêlo de um gato traquina. Um pouco ao estilo de Untitled Goose Game, diverte-te com uma trupe diversificada de personagens que te farão descobrir um bairro cheio de vida e divertido de explorar.