Após um grande período de ausência da franquia de Mario & Luigi, devido ao encerramento do estúdio AlphaDream, eis que esta renasce novamente das cinzas pelas mãos da desenvolvedora Acquire, com o novo título Mario & Luigi: Brothership. Com uma nova história, novas mecânicas de jogo e, pela primeira vez, convertido do 2D para o 3D, este aparenta obedecer aos requisitos para se tornar num dos grandes destaques deste ano. Porém, há sempre alguns pormenores menos positivos, que fazem um jogo perder alguma da sua essência. E, em consequência, a experiência de jogo pode não vir a ser a mais agradável para alguns jogadores, em especial para os fãs desta franquia.
É com este pequeno parágrafo que espero ter despertado o teu interesse em conheceres o meu lado opinativo deste título, sendo já um jogador conhecedor desta incrível franquia, que me encanta desde a era do Game Boy Advance. Vamos lá, então!
Nota: Tendo jogado o jogo na sua versão Portuguesa do Brasil, vou utilizar nomes e expressões nessa língua.
Nesta aventura, Mario, Luigi e os seus habitantes de Mushroom Kingdom são transportados misteriosamente para um novo reino, num outro mundo chamado de Elétria. Este reino, infelizmente, não se apresenta num todo, pois foi separado em várias ilhas, resultante da destruição da sua enorme fonte de energia, a árvore Arbolux. Cabe agora aos dois irmãos ajudar a “arboguarda” Tetê, derrotando o responsável por estes atos maléficos e voltar a contectar todas as ilhas, devolvendo a alegria e união a todos os seus habitantes.
Apesar de não ser a história mais bem escrita do mundo, continua a ser interessante, tirando alguns arrastes de tempo, algo que, mais à frente, explicarei.
Como tema, as personagens, basicamente, têm todas uma aparência de tomada elétrica, sendo que um ou outro também têm elementos idênticos aos Jacks de áudio. Não são os designs mais belos de se ver mas, ao menos, concedo um elogio à originalidade do tema e de como tudo em volta se encaixa na perfeição.
Contudo, como não poderia deixar de ser, alguns dos habitantes de mushroom kingdom também se encontram por cá, tanto companheiros ou inimigos, e estes têm o seu papel nesta obra, ajudando-a a tornar-se ainda mais caótica em alguns pontos-chave da aventura.
No que toca à longevidade desta aventura, posso ser direto e dizer-te que este é um jogo onde vais ter que debitar muitas horas. Tendo gasto aproximadamente 50 horas de jogo (sem contar com muitas side quests), facilmente posso afirmar que muito deste tempo é para encher chouriços.
A ilha inicial onde tu chegas torna-se numa espécie de Hub, uma ilha-barco que navega por um vasto oceano. Para acederes às outras ilhas, utilizas um canhão para te catapultares para lá. O problema que começa logo a revelar-se é que, para o fazeres, tens que as encontrar no mapa. E, no início, a tua ilha-barco navega a passo de caracol, então acabas por ficar literalmente minutos à espera que passes ao pé de uma ilha para poderes aceder a esta.
Estas primeiras horas são uma dor de cabeça, pois ficas praticamente de braços cruzados à espera de avistar alguma coisa. Mais à frente, já poderás ter uma espécie de fast travel onde o barco poderá andar mais rápido e, só mesmo perto do final, podes saltar (tipo barco de One Piece), diretamente, para qualquer rota. Ora, isto poderia ter sido melhor pensado por parte dos desenvolvedores. Enfim, este foi um dos grandes pontos chatos da minha experiência.
O outro grande “porquê?” que me fez perder mais horas de jogo foi o de como o jogo empata com situações sem sentido para a história. Há situações onde tens que regressar às mesmas ilhas só porque estas se desconectaram, ou porque decides ir atrás de certas personagens que têm um problema alheio ou com pouca relevância à história.
São situações a mais para o bem da minha experiência e estas estragaram o ritmo do desenvolvimento da história. Se tudo o que empatou ou arrastou a história desaparecesse, teríamos uma obra com talvez metade do tempo despendido por parte do jogador.
Jogabilidade com novidades e alguns solavancos
No que toca à jogabilidade, Mario & Luigi: Brothership mantém-se idêntico ao que já se poderia encontrar nos outros títulos, com uma enorme excepção: o Luigi.
O companheiro verde deixou, praticamente, de ser uma personagem jogável, tornando-se numa espécie de NPC. Anteriormente, era possível alterar entre os dois irmãos no jogo, com o intuito de ter acesso a certas plataformas no mapa através das habilidades de cada um. Neste jogo já não: este, automaticamente, segue-te e realiza algumas ações por si mesmo, ao clicares no botão L.
A ideia parece boa ao tentar libertar-nos de estarmos a controlar duas personagens ao mesmo tempo mas, na prática, Luigi é burrito e faz as coisas da forma errada, prejudicando-te mais do que ajuda. Não é sempre, mas chateia.
Um exemplo muito prático: se fores demasiado rápido e o Luigi ficar para trás, o jogo para-te até que o Luigi volte ao ecrã, apresentando uma curta animação dos dois a se reunirem. Sinceramente, isto é algo mesmo chato de acontecer em momentos onde a velocidade e a destreza são chave para alcançar determinadas áreas ou fugir de inimigos. Mas, vamos, agora, falar das coisas positivas!
As ilhas do jogo possuem características próprias, com algumas a possuírem florestas, outras um autêntico deserto e, ainda, as típicas ilhas de fogo e gelo, algo semelhante ao que se vê também no reino de Cogumelo. Existem, ainda, as micro-ilhas que, simplesmente, não possuem mais do que um ou dois desafios, sendo, mais uma vez, algo para preencher o mapa.
Contudo, algumas podem ter algum segredo importante para o progresso da história, mas isso é algo para manter a minha boca fechada, pois não estou aqui para dar spoilers. É lisonjear os puzzles que se podem encontrar em muitas destas ilhas, que estão bem pensados e possuem uma boa curva de dificuldade que consegue pôr qualquer um a pensar por uns minutos.
Batalhas dinâmicas e divertidas!
No que toca às batalhas, estas parecem ter sofrido uma melhoria pela positiva. Sendo agora em 3D, as animações estão muito bem criadas, com os ataques a ficarem mais vistosos e belos de se ver, muito em particular pelos ataques Bros. que são, sem qualquer dúvida, dos melhores que já vi num jogo de Mario & Luigi.
Para complementar estes visuais, foi implementado também um sistema de “plugues”, que te permite modificar algumas coisas durantes as batalhas como, por exemplo, conceder mais dano a determinados tipos de inimigos, recuperar vida automaticamente, fazer cair bolas de espinhos cada vez que atacas, entre outros modificadores. Estes foram os meus salva-vidas durante toda a aventura e aconselho vivamente a não ignorar esta ferramenta, caso decidas pegar neste jogo.
Os inimigos também continuam incríveis ao nível dos seus ataques. Caso sejas novo nesta franquia, os inimigos possuem sempre um catálogo próprio de ataques, atacando Mario ou Luigi (ou ambos) de uma certa forma, sendo que se prestares a devida atenção, consegues sabes onde este irá atacar e assim ter a oportunidade de te esquivar ou contra-atacar.
Isto expande-se ainda mais quando há outros inimigos da mesma raça presentes na batalha, sendo que estes optam por fazer ataques em conjunto, de uma maneira completamente nova e original.
O jogo consegue ir ainda mais à frente com os Bosses do jogo. Estas batalhas conseguem ser longas e desafiantes, mas são igualmente super divertidas.
Contudo, neste novo título foi adicionada uma nova “mecânica”: em determinados momentos, Luigi poderá ter uma “Luigideia” e isso faz disputar uma espécie de sequência onde interagimos com algum elemento ao redor, utilizando-o contra o Boss, deixando-o vulnerável aos nossos ataques.
É aqui que a janela de oportunidade se abre para causar danos massivos no inimigo e assim obter a vitória mais rapidamente. Não sou um perito em RPGs por turnos, mas este sistema de batalha, que já há tanto conheço, é um dos mais originais, dinâmicos e divertidos que conheci até hoje.
A modernização do jogo para o 3D
Por fim, quero finalizar com umas pequenas palavras sobre os visuais de Mario & Luigi: Brothership, sendo estas, no geral, positivas.
Como já falado, esta foi a primeira vez que um jogo desta franquia se converte para o 3D, dando-lhe uma nova identidade, mais moderna e polida. A técnica artística dada a Mario e Luigi, que lhes confere uma sombra mais pronunciada de cor roxa e azul, é um toque original, sendo que esta também está aplicada a algumas outras personagens, mas de uma forma mais subtil.
Ainda que poucas, as cutscenes estão muito boas para um jogo de Mario, mostrando o quão a Acquire se dedicou para tornar Mario & Luigi: Brothership num dos melhores títulos da franquia.
Já no que toca à sua performance, apesar de o jogo correr maioritariamente a 30 fotogramas, está OK. Contudo, o jogo tem alguns momentos onde a quebra de fotogramas é notória, em particular mais para o final do jogo. No geral, estas quebras não influenciam muito a jogabilidade, dado que acontecem mais fora das batalhas (onde é mais crítico não haver).
A música vai de encontro às expectativas de um título com o selo Nintendo. Em particular, as músicas de batalha estão bem trabalhadas e induzem emoção e diversão enquanto saltamos e martelamos os inimigos no campo de batalha. Fora da arena, algumas músicas conseguem pernoitar na nossa cabeça por algum tempo, onde outras atacam diretamente com melodias nostálgicas.
Com tudo isto, apelo que dês uma oportunidade a esta franquia, pois apesar das suas falhas, é, sem dúvida alguma, um bom jogo de se jogar, só pelo facto de esta ser uma obra com muito empenho imaginativo e criativo por parte do novo estúdio.
Mario & Luigi: Brothership já se encontra disponível, em exclusivo, para a família de consolas Nintendo Switch, tanto em formato físico, nas lojas, como em digital, na Nintendo eShop.