Depois de Arkham pensei que nunca mais ia sentir o que era ser um super-herói, eis que a Insomniac me dá uma chapada na cara por me ter esquecido que eles existem.
Marvel’s Spider Man traz consigo uma bagagem de conteúdo e vivências heróicas que nos fazem sentir como o vizinho mais simpático à face da terra! Inspirados na série Batman: Arkham, a Insomniac decide aproveitar o sumo da série com que a Rocksteady marcou o mundo dos videojogos e adapta ao aranhiço que tão bem conhecemos.
Já sabemos que a Sony aposta forte na história dos seus videojogos, mas conseguir conjugar uma história tão bem orquestrada com falas cómicas como Spider-Man nos habitou é obra. Apesar de não ser novidade nenhuma que em qualquer videojogo da saga Ratchet and Clank soltámos sempre uma gargalhada, aqui vivemos a história de Peter Parker, nos seus momentos mais altos e nos mais baixos possíveis.
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À medida que somos apresentados à belíssima cidade de Nova Iorque, vamos ziguezagueando pelas esquinas dos edifícios que nos aparecem à frente, com acrobacias espectaculares vamos trepando paredes, com o horizonte completamente alcançável dada a imortalidade que nos é transmitida pela banda sonora extremamente bem conseguida pela equipa que nos apresentou a Ratchet & Clank.
Os visuais estão impecáveis, utilizando um motor próprio, a Insomniac transmite uma sensação realista, mas ao mesmo tempo mantendo o aspecto cartoony que tanto caracteriza o mundo de Spider-Man. Notamos principalmente nas personagens, onde é óbvio que o objectivo era captar a essência das personalidades e não o aspecto físico dos mesmos. Com um mercado cada vez mais exigente (ou parvo, como preferirem), lançou-se uma polémica sobre as poças de água, quanto a isso o que tenho a dizer é: usem as teias e vão pelo ar.
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A jogabilidade é completamente fluída, não deixando transparecer o bloqueio das frames que constringem muitos videojogos. O controlo sobre o aracnídeo é completo, tanto em terra como no ar, seja durante um web sling ou enquanto estamos no ar e queremos mudar de direcção, melhor que tudo, acertaram no web slinging. Posso dizer que tenho 35 horas de Spider-Man, provavelmente 5 dessas horas foram a passear pela cidade e a dar mortais.
O combate é fortemente, mas fortemente influenciado pela série Arkham, e ainda bem. Cada golpe que desferimos é sentido tanto na cara do adversário como no nosso ego pelo peso-pesado que pensamos ser. Com a evolução dos gadgets e dos combos que vamos aprendendo, conseguimos concretizar uma série de tareias dignas de um filme. Não vejo esta influência como algo mau, como comentam na internet, mesmo sendo 85% igual, a série Arkham trouxe consigo o melhor sistema de combate alguma vez visto nos videojogos de aventura, porque não utilizar em mais videojogos? Bem jogado pela Insomniac.
A sonoridade do videojogo é excelente, tanto com headphones como com colunas. Eu costumo jogar com o sistema de som Z333 da Logitech, bastante acessível tanto em termos económicos como em termos de stock em Portugal. A jogabilidade e imersão com estes sistemas fazem-nos encarnar a personagem principal. A banda sonora é simplesmente heróica, desde os simples passeios pela cidade como nas boss battles. Creio que a palavra que mais define este videojogo é heróico. É o que somos, e o que representamos.
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É certo que a história tem algumas incongruências, não obstante, somos capazes de nos imergir na vida de Peter Parker como se nós vivêssemos os momentos que o caracterizam. O videojogo dá-nos a possibilidade de vivermos os momentos através de QTE (quick time events) ou podemos simplesmente deixá-los completarem-se sozinhos para que possamos apreciar a história em pleno. O menu de acessibilidade da Insomniac é algo que devia existir em qualquer videojogo, desde o fundo das legendas, ao trocar os QTE’s de button mash por um simples hold, ou mesmo deixá-los completarem-se sozinhos.
Aplaudo o que fizeram com os fatos, trazendo um pouco de cada versão de Spidey, seja nas versões das bandas desenhadas ou dos videojogos, felizmente, o meu favorito nunca deixa de estar presente, Spider-Man 2099. Um conselho, encontrem as mochilas todas para voltarem à escola.
O meu único senão com Spider-Man recai na maneira como o videojogo acaba, não pelo fim em si mas pelo ending shot. Se já concluíram o videojogo sabem do que estou a falar, e sinceramente creio que o plano anterior representa muito melhor o herói em termos de motivação. Claro que sendo conteúdo produzido pela Marvel, existe uma cena depois dos créditos, no entanto não têm de ficar à espera como no cinema, basta carregarem no touchpad para saltarem os créditos.
Temos assim uma nova vida em Spider-Man, que tanto se perdeu com a Activision, apesar de títulos bastante underrated como Shattered Dimensions ou Edge of Time trazerem brilho ao aranhiço, graças às brilhantes mentes da Beenox. Com esta nova vida esperamos um aproveitamento digno do herói, ao invés de uma máquina de fazer dinheiro como várias empresas estão a fazer com sagas honrosas.
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Marvel’s Spider Man já está disponível em exclusivo para a Playstation 4.