Há poucos jogos que se podem gabar de revolucionarem a indústria, especialmente ao ponto de a mudarem por completo depois dos seus lançamentos. Jogos como o Resident Evil 4 ou o Super Mario 64 são apenas 2 exemplos, mas o que vos trago hoje vai mais além do que apenas um jogo.
É raro haver uma série onde quase todos os seus jogos são pilares de vários aspetos no desenvolvimento de jogos, mas penso que, mesmo para quem não é fã, o impacto que Metal Gear Solid teve na indústria de videojogos é algo que se pode descrever como simplesmente incrível. Desde aspetos como narrativa, cinematografia, jogabilidade criativa e dinâmica, a série sempre tentou levar a indústria para o próximo patamar, sendo como um líder a dar o primeiro passo para o futuro.
É algo surreal, desde os tempos da Nintendo Entertainment System até à geração mais moderna da Playstation 4, a série tem uma duração que quase se reflete com a da criação dos videojogos. E desde o seu primeiro jogo, até ao controverso Metal Gear Solid V: Phantom Pain, a série tentou-se sempre inovar e surpreender-nos com os seus riscos constantes (quem se lembra das cutscenes de quase 2 horas do MGS 4?).
Hoje, apresento-vos Metal Gear Solid: Master Collection Vol.1, o primeiro volume de jogos, que nos traz cinco jogos e uns extras num pacote que, apesar de ser impressionante por um lado, também se torna decepcionante no outro.
Uma boa coleção, com uma certa falta de carinho
A minha análise irá focar-se mais na parte técnica e nos extras incluídos na coleção, pois tentar analisar cada jogo individualmente iria requerer análises separadas. Antes de irmos para os ports da coleção, vou falar primeiro dos extras incluídos. A coleção traz consigo uma série de extras que, na minha opinião, são sem dúvida uma das melhores partes. Desde bandas desenhadas, livros com lore e informação sobre cada jogo, bandas sonoras, entre outros, estes extras são sem dúvida um mimo para os fãs, com uma série de conteúdo interessante, e que nos dá a entender um pouco mais do desenvolvimento de cada jogo.
A seleção dos jogos é bastante simples, sendo que podes descarregar cada jogo individualmente, com os dois jogos da MSX2 a serem os únicos diferentes, estando compactados num só.
A lista de jogos na coleção é a seguinte:
Metal Gear (Versão MSX2)
Metal Gear 2: Solid Snake (Versão MSX2)
Metal Gear Solid (Inclusive as VR Missions/Special Missions)
Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty
Metal Gear Solid 3: Snake Eater
Juntamente com dois extras, sendo praticamente versões diferentes de outros jogos:
Metal Gear (Versões NES/FC)
Snake’s Revenge
Começando pelos jogos disponíveis na MSX2 e NES, temos o Metal Gear, Metal Gear 2: Solid Snake, e ambas as versões disponíveis como extra. Estas versões apresentam-se como uma emulação simples, mantendo a orientação do ecrã original de 4:3, e dando-nos uma apresentação nítida e limpa dos gráficos da era. Os controlos são responsivos, mesmo mantendo o movimento apenas para 4 direções. Infelizmente, não há muito mais que dizer, sendo que não há qualquer possibilidade de fazer save states, sendo que, quando carregas uma gravação, o jogo volta para o que considera um checkpoint, nunca gravando no ponto onde é feita a mesma.
No que toca ao Metal Gear Solid, temos também uma emulação, mantendo a imagem em 4:3, e os 30 fps originais. Infelizmente, o trabalho de emulação aqui é inferior aos jogos anteriores, apresentando-se com uma resolução baixa e desfocada, e uns controlos pouco responsivos e difíceis de nos habituarmos. O movimento também é pouco natural, havendo apenas 4 direções de movimento, que, juntamente com o atraso na resposta e os 30 fps, fazem desta experiência a pior da coleção. Tal como os jogos anteriores que também estão emulados, não temos a possibilidade de criar save states.
Felizmente, as coisas melhoram um pouco para o lado dos jogos da Playstation 2, com os grandiosos Metal Gear Solid 2: Sons of Liberty e Metal Gear Solid 3: Snake Eater. Estes apresentam-se quase idênticos às versões melhoradas já lançadas na Playstation 3, com um aumento pouco impressionante mas decente de resolução para 1080p. Temos ambos os jogos a 60 fps estáveis nas consolas de nova geração, e com controlos responsivos e naturais. A resolução baixa é, sem dúvida, o ponto desapontante destas versões, mas, considerando as versões da coleção anterior, temos aqui uma melhoria, se bem que mínima.
Uma forma conveniente de experienciar esta coleção lendária
Apesar das decepções técnicas e das melhorias escassas, não podemos deixar de dar valor ao que é mais importante. A verdade é que, no que toca a conveniência, temos aqui uma forma extremamente acessível e prática para quem quiser experienciar esta viagem pela primeira vez, ou até quem quiser experienciar de novo esta série de jogos tão icónica. Os extras incluídos na coleção são sem dúvida uma mais valia para quem quer mergulhar um pouco mais no mundo dos jogos.
Sim, os ports são maioritariamente desapontantes, e demonstram um trabalho bastante preguiçoso por parte da Konami, não apresentando quase melhorias nenhumas, fazendo com que se sinta que há alguma falta de carinho por uma série que marcou tanto a indústria, mas não podemos ignorar o grande feito de preservação destes jogos. A possibilidade de simplesmente aceder a uma loja, em qualquer sistema moderno, e simplesmente adquirir cinco jogos de uma série icónica, onde o mais antigo foi lançado em 1987, é sem dúvida algo que tem de ser reconhecido.
Com isto, espero que, para o segundo volume desta grande coleção, tenhamos umas melhorias mais significativas nos títulos que irão estar incluídos.
Atende a chamada, pois tens o coronel a chamar-te, com Metal Gear Solid: Master Collection Vol.1 já disponível para a Playstation 5, Playstation 4, Xbox Series S|X, Nintendo Switch e PC na Steam.