Quando se fala em level design, um dos géneros que imediatamente me vem à cabeça é o metroidvania. Popularizado pelo Metroid e o Castlevania, o género resume-se criar níveis mais abertos, envolvendo exploração e alguma liberdade de movimento, mas mantendo um pouco da linearidade.
Hoje trago-vos o jogo mais recente de uma destas grandes sagas, e só para perceberem o entusiasmo dos fãs, o seu último jogo 2D original saiu em 2002!
Falo nada mais, nada menos, do que no Metroid Dread, que nos veio proporcionar uma nova experiência em 2D de Metroid, e, talvez, mostrar que ainda é capaz de nos impressionar com um jogo do género de qualidade.
Uma nova aventura inesperada
Em Metroid Dread, voltamos a controlar a famosa bounty hunter Samus Aran, que se dirige ao planeta ZDR para investigar uma possível ameaça (cujo nome não irei mencionar para evitar spoilers).
Após aterrar no planeta, Samus tem um pequeno “acidente”, onde fica sem as suas habilidades, e após descobrir o que tem a fazer, começa então a nossa aventura.
A história é bastante sólida, havendo umas boas surpresas pelo caminho. Penso que quem seguiu a história dos jogos anteriores irá usufruir bastante das revelações que se encontram neste novo capítulo.
Um mundo escuro, simples, mas variado
Metroid Dread não tenta complicar muito no que toca à sua arte, sendo os níveis geralmente bastante simples, desde estações espaciais a zonas rochosas. Felizmente há variedade suficiente para não cansar o jogador, mas não irás ter fundos dinâmicos ou expansivos como se vê em outros metroidvanias como Ori and The Will of The Wisps.
Mesmo assim, Metroid Dread ainda impressiona, com um bom uso de cores, mesmo com a atmosfera mais escura presente, e também com uma espetacular renderização de Samus com a sua nova armadura, juntamente com as animações detalhadas e muito bem executadas, tanto da nossa protagonista, como nos vários inimigos e dos bosses.
Jogabilidade clássica, sólida e divertida
Metroid Dread resume-se facilmente como uma recriação da jogabilidade clássica que já conhecemos. Temos o nosso típico level design labiríntico, com vários segredos para descobrir, e claro, temos também a nossa heroína a adquirir várias habilidades que a irão ajudar a proceder na história e a explorar mais as áreas para descobrir esses segredos todos. Tudo isto sem a presença de quaisquer waypoints ou setas a indicar onde tens de ir. A equipa fez um óptimo trabalho, a guiar o jogador pelos vários níveis, dando upgrades necessários para a história, de modo a ser natural o seu progresso.
O movimento de Samus é bastante fluído, tendo ela a capacidade de saltar nas paredes, agarrar-se e subir parapeitos e deslizar no chão. Isto faz com que o backtracking e a exploração sejam rápidos e divertidos, o que ajuda imenso, pois se fores para o 100%, irás ter de fazer bastante backtracking.
Samus tem ao seu dispor o seu arm cannon, que dispara beams e mísseis. Os mísseis, ao contrário dos beams, são limitados, mas fazem bastante dano. Para poderes recuperar mísseis, precisas apenas de os apanhar à medida que matas inimigos.
No que toca a defesa, fora a capacidade de apenas de desviares dos ataques, tens um counter que ao pressionar um botão, Samus executa uma espécie de uppercut, que ao atingir um ataque representado com um piscar amarelo, resulta num counter, que deixa os inimigos atordoados e vulneráveis para um ataque mortal. Se tentares executar um counter em movimento, Samus irá executar um ataque corpo-a-corpo, algo bastante básico, mas que poderá ser útil para escapar certas situações.
Estes aspectos são a base da jogabilidade do jogo, mas, obviamente, irás encontrar e adquirir várias habilidades, que irão expandir ainda mais a jogabilidade, dando mais opções de ataque e também de movimento, como a famosa morph ball, que transforma Samus numa bola, podendo atravessar zonas apertadas, e o charge beam, que possibilita carregares um beam mais forte, dando mais dano aos inimigos.
Há uma excelente variedade de inimigos, sendo eles todos alíenigenas, alguns com formas e atributos de animais, mas mantendo um estilo abstracto. Temos inimigos que voam, correm, rastejam, atacam à distância, por perto, mandam-se de cabeça para Samus… Há uma variedade incrível, tanto em termos mecânicos como artísticos.
Sendo um jogo de Metroid, irás encontrar vários bosses que te irão desafiar. Cada boss tem uma série de ataques e padrões únicos, fazendo com que seja possível matá-los sem levar um único ponto de dano. Obviamente que é bastante difícil de o fazer, especialmente nos bosses mais difíceis do jogo.
Os bosses são sem dúvida um dos pontos mais fortes do combate, tendo todos um design único e interessante, fazendo com que tenhas um excelente uso das habilidades que vais adquirindo ao longo do jogo.
Algo que vai variar um pouco a jogabilidade são os E.M.M.I, uns robôs inteligentes que protegem uma zona do mapa, e são extremamente fortes. Quando Samus se encontra numa destas zonas, a atmosfera é ainda mais escura que o normal, havendo até uma perda de cor no cenário, e irás ouvir os barulhinhos do E.M.M.I enquanto ele patrulha a zona.
Caso ele te encontre, irás ter de fugir e escapar do mesmo, o que gera um suspense incrível, e penso que torna a exploração mais interessante, pois irás ter de descobrir como ultrapassar este obstáculo, havendo uma troca de papeis, desta vez com Samus a ser a presa, e o inimigo o predador.
Uma banda sonora que serve a atmosfera
As composições presentes no jogo vão dar uma valente dose de nostalgia a quem estiver atento, com alguns temas já comuns da série refeitos para esta nova aventura. No que toca aos temas utilizados nos níveis e na história, temos aqui algo apenas para acentuar a atmosfera, não se dando como muito presente.
As únicas situações onde a música se torna mais prioritária são nas cutscenes importantes, com um bocadinho mais de orquestra, espaço, e volume, tendo uma sonorização épica, dando mais força à cena.
Independentemente da situação, a música está muito bem concebida. Gosto bastante desta dualidade de estar mais “escondida” em certas situações, e estando mais presente quando é necessário.
Metroid Dread já se encontra (finalmente) disponível em exclusivo para a Nintendo Switch.