Convido-te a imaginar o seguinte cenário: um indivíduo completamente alheio ao mundo do beisebol, que se junta a outro exactamente do mesmo nível, e ambos se deparam com um trabalho árduo de analisar MLB The Show 24, o ápice dos videojogos no que toca ao desporto mais popular dos Estados Unidos. Exercício feito? Agora, é só substituir a imaginação pelo panorama real, e tentar absorver o máximo do que esta análise poderá não te ensinar.
Uma nota importante: Esta escrita irá ter duas vertentes; uma mais técnica (dentro do possível) e outra de cariz humorístico. Os parágrafos não se interligam entre si, e serão introduzidos na estrutura em modo-livre, mas será fácil detectar o responsável pelo esqueleto humorístico que dará forma ao restante elemento na totalidade desta análise.
MLB The Show 24, é um título de selo PlayStation Studios, desenvolvido pela experiente San Diego Studio, estúdio conhecido pela sua paixão por este desporto, e que o consegue garantir nas plataformas caseiras há mais de 10 anos, num formato de videojogo que é cada ano mais aprimorado.
Ulisses Domingues:
Adoro videojogos, mas não percebo ponta de beisebol; um desporto tipo sushi, onde uma panóplia variada de sabores e texturas comparam-se às diferentes jogadas estratégicas. A única diferença é que ainda tenho jeito com os pauzinhos (ao contrário de um taco) e sei utilizá-los para levar paparoca à boquinha, mais ou menos semelhante ao que um batter faz com a bola para aquele delicioso Home Run. Acho eu. Posto isso, Igor, venho arruinar – desculpa – melhorar a tua análise séria e profissional com o meu je ne sais quoi de expertise neste campo dominado pela América do Norte e outros como Cuba ou Japão (obrigado Wikipédia).
A jogabilidade é extremamente realista, com mecânicas de rebatidas e arremessos muito refinados, que proporcionam uma imersão intensa até para leigos como eu, que me fui entregando com muita curiosidade para tentar perceber toda esta loucura à volta do desporto, especialmente esta liga americana. A oferta não é muita, com títulos engraçados e refinados como Super Mega Baseball, mas MLB é definitivamente o jogo que garante a experiência mais real e quase palpável do mercado.
Ulisses Domingues:
Tava’ eu a instalar os noventa e poucos gigas de cachorros quentes e amendoins quando, a meio, consigo iniciar o majestoso MLB THE SHOW 24. Fazê-lo permite-me entrar a meio de uma partida para praticar e escolher o estilo de jogo (modo Casual sempre). Prontamente apareceu um pequeno tutorial a dar-me a mão como o Pai que nunca esteve presente. Que bonito. Pena que a minha inépcia não desenvolveu positivamente. Melhorou (pouco) quando o jogo instalou por completo, e aí tive acesso ao cardápio completo com menu de prática e pouco mais.
MLB The Show 24 oferece uma ampla variedade de modos de jogo para atender a todos os gostos e estilos de jogadores, desde iniciantes até veteranos experientes. Alguns modos são bastante convidativos e a escolha é vasta. Comecei por jogar o clássico modo casual, o que por outras palavras quer dizer: jogar uma partida rápida sem compromisso, e foi aí que passei a maior parte do meu tempo, a tentar entender a essência deste mundo das tacadas e corridas, processo ideal para me familiarizar com as mecânicas do jogo e explorar sem muita pressão um bocadinho deste universo.
Ulisses Domingues:
É pena que MLB THE SHOW 24, apesar de ser um bom videojogo (e pelos vistos um bom simulador de beisebol) não traga prá’ mesa uns tutoriais do desporto, estruturados em torno de quem não percebe ponta (como eu). Sei que não sou a audiência alvo, mas com um título tão prevalente no Game Pass, apto a ser experimentado por curioso, não seria descabido rabiscar algo. Logo, se tás’ como eu e nem sequer sabes qual é o objetivo final de uma partida, o que raio é um Run ou a diferença entre um Home Run e um Grand Slam, fica descansadito que ninguém explica.
Poderás também levar a tua equipa até a World Series no modo carreira, focando-te apenas nos momentos mais importantes da temporada como os playoffs, dinamizando a experiência ao teu gosto. E o Road to the Show, o modo de carreira onde podemos criar um jogador de raiz, à nossa medida. Se a tua opção será focar-te apenas na criação de uma personagem para sentires o que é estar na pele na carreira de um profissional de beisebol, das categorias-base, até conquistar o lugar nas grandes ligas lutar para te tornares uma lenda do desporto. Esta opção conta com diálogos e escolhas, e poderás personalizar o teu personagem à tua medida.
O Diamond Dinasty é onde habita tudo o que abomino e me fez largar os FIFAs desta vida, que é o modo Ultimate Team, com outro nome denominado, onde basicamente compras ganhas cartas de jogadores para montar uma equipa poderosa. Claramente e em semelhança com todos os títulos de desporto que seguem este padrão, isto favorece quem investe dinheiro, quando chegamos a um nível em que a competição é a mesma entre os jogadores. Ainda assim, é um modo competitivo e que exige habilidade, e onde se encontram os melhores jogadores caso queiras competir online.
Os modos storyline são os mais interessantes do jogo, principalmente para novatos como eu, que querem aprender a história do desporto. Trata-se de experiências temporais que te farão reviver alguns dos momentos mais marcantes da história do desporto, num estilo muito peculiar em espécie de documentário de cobertura de alguns atletas, com especial foco nas Negro Leagues.
Ulisses Domingues:
Após umas quantas jigajogas já percebi o esquema, e tudo começa com um triângulo amoroso: um fulano/a agarra um pauzão de madeira (ou alumínio) com a intenção de bater na bola arremessada por outro/a fulano/a e este/a, por consequente, está a tentar que a sua bola seja apanhada por um/a outro/a fulano/a de cócoras. Após isto, e se o/a fulano/a com o pauzão acertar na bola, este/a começa a correr até que outros/as fulanos/as apanhem a bola e devolvam-na ao original. É tudo assim quase em slow-motion, mas julgo que isto seja a premissa do desporto beisebol. Quase.
Os visuais são sólidos, com os modelos dos jogadores detalhados, e os estádios meticulosamente recriados, com todos os seus detalhes arquitetónicos a fazer uma conjunção perfeita com a vibração dos adeptos, e a iluminação dinâmica reage às condições climáticas e à hora do dia, criando um realismo que te coloca no meio da acção. A atmosfera contagiante de um dia de jogo está toda presente aqui, e estas são as bases que me consigo guiar, uma vez que não joguei os anteriores. No entanto, e comparando com o panorama AAA, não é um jogo que impressiona a níveis de grafismo, mas também; a proposta não passará por esta base (get it, base?).
Ulisses Domingues:
Durante as poucas horas que atirei e bati em bolas ficou evidente o amor e respeito que existe pelo desporto; desde a apresentação no modo Storylines (e o seu foco nas Negro Leagues) até ao modo Road to the Show e a inclusão de dois enredos diferentes para homem e mulher. Uma beca’ triste é o grafismo em geral, com as sequências cinemáticas reminiscentes de montagens de Second Life. A sério.
Se como nós, não percebes nada deste desporto, pensa nisto como jogar xadrez, mas com tacos e bolas. E se não sabes o que estás a fazer, prepara-te para ver muitos strikeouts e groundouts, pois este é um título muito exigente e difícil de aprender no início, com um público-alvo muito específico. Que esta análise não seja a base principal para adquirires este jogo, porque caso seja, meu amigo; estás condenado ao fracasso. Na verdade, nós só queríamos o código. Se beisebol é a tua praia e quiseste ver como nos saímos, esperamos não ter deixado aquela má impressão de vergonha alheia no teu ser. Prometemos explorar mais o jogo, e voltarmos como mestres das World Series numa futura edição.
Agradecemos à Playstation Portugal por nos ter cedido duas chave para análise, para as plataformas PS5 e Xbox Series.
