Estes tem sido uns bons anos para o Wonder Boy, uma franquia que tem andado muito adormecida a partir da era de 32-bit. Tivemos direito a receber nas nossas mãos uma versão em Inglês do Monster World IV e dois remakes de entradas anteriores.

Mas foi agora em Dezembro que tivemos verdadeiramente uma nova entrada na série que teve a seu último jogo em 1994. Este é Monster Boy and the Cursed Kingdom que serve de sequela directa à aventura de Asha.

Monster Boy, como os restantes Monster World, é uma aventura num mundo de fantasia medieval com elementos de jogos de plataforma, um pouco semelhante aos jogos de Metroidvania. Tem mecânicas típicas que já fazem parte da praxe, como apanhar corações e usar vários tipos de equipamento como espadas, armaduras, escudos, etc… Claro sem dispensar o uso de magia.

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O nosso protagonista é uma cara nova, um rapaz chamado Jin. Ele acorda encontrando o seu tio completamente bêbado, de varinha mágica na mão. Este, amaldiçoou todo o reino, transformando todos os seus habitantes em animais. A nossa missão é encontrar a razão deste comportamento estranho do familiar e quebrar esta maldição.

Tirando uma página de Dragon’s Trap, Jin também é transformado num animal logo depois do primeiro boss do jogo. Tal e qual ao 4º jogo da série, esta é a mecânica principal de Monster Boy, com transformações extremamente semelhantes às anteriormente apresentadas. No entanto, há duas grandes diferenças aqui: a primeira transformação do jogo (um porco baseado nos lojistas do clássico da Master System) que é a única transformação (salvo a forma humana normal) que pode usar magia e pode encontrar segredos pelo cheiro; e também o facto de agora podermos logo por defeito poder alternar entre as diferentes formas sem auxílio externo.

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São pequenos detalhes que modernizam a fórmula, e estas melhorias não estão limitados as transformações. Por exemplo, temos acesso à um mapa gerado automaticamente, como aquele utilizado em Super Metroid e família, onde é marcado tudo o que nós apanhamos e descobrimos. Ou, por exemplo, a 2/3 do final do jogo, podes gastar um item especial para te dar pistas sobre locais secretos neste mesmo mapa. Temos agora a capacidade de fazer upgrade ao equipamento existente, e se tiveres a demasiadas dificuldades em algumas batalhas boss, o irmão do protagonista aparece para te atirar itens de suporte como corações e poções.

No entanto o nível de dificuldade em geral (em plataformas, inimigos e puzzles) é bem característico dos anos 90s. Houve alturas em que enquanto jogava achava que este tipo de gameplay assentava muito bem numa Mega Drive.

A meu ver é mesmo um jogo que é apropriado a qualquer um, com bom equilíbrio entre a acessibilidade e exigência. Mas se já és fã da série aí é que vais mesmo te deliciar! O jogo está recheadíssimo de elementos de continuidade e referências. Faixas musicais clássicas, personagens anteriores e alguns itens já bem conhecidos…

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E o melhor de tudo, é que a nostalgia também reflecte em termos mecânicos. Muitos dos desafios apresentados, quer combate, plataforma, etc… Seguem a mesma estilística que foi sempre apresentada na série, apesar de serem totalmente novos. Até do Wonder Boy III: Monster Lair tiram coisas. Até há uma pequena surpresa bem agradável se acabares o jogo a 100% com um pequeno cheirinho do que poderá aparecer numa possível sequela.

Mas nem tudo é prefeito… Há duas ou três secções que dá para ver que não foram devidamente polidas e em que metem os jogadores às voltas com alguma coisa de forma completamente desnecessárias… Há um boss por exemplo que dá uso a uma slot-machine que por si não apresenta grande desafio, mas atrasa tanto a batalha que é simplesmente doloroso. Há também uma arca secreta perto do início jogo, que não tem qualquer pista ou indicação disponível para a fazer aparecer, o que não deixa de ser ridículo, isto já comparando com o suposto puzzle mais difícil do jogo (um que temos de abrir um poço na cidade principal). Mas nada de muito preocupante considerando a grande dimensão do jogo.

Os gráficos foram desenhados há mão, pelo que apesar não terem um estilo tão forte como o Dragon’s Trap, não deixam de ser sensacionais cheios de cor, com backgrounds bem detalhados na maior parte dos locais e com um bónus de duas sequências animadas. Mas no que toca à parte dos enfeites, nada bate a banda sonora cuja equipa contêm nomes como Yuzo Koshiro (Streets of Rage), Michiru Yamane (Castlevania) e Tee Lopes (Sonic The Hedgehog).

Monster Boy está disponível para Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch. Será lançado na Steam para o PC na primeira metade de 2019.

CONCLUSÃO
Maravilhoso
9.1
monster-boy-and-the-cursed-kingdom-criticaMonster Boy and the Cursed Kingdom veio trazer a série Monster World de Wonder Boy aos tempos modernos de forma conservadora, mas sem deixar de fazer melhorias à fórmula. Dá boas horas de conteúdo de qualidade para o seu preço, mas é possível arranjar ofertas semelhantes a preços mais simpáticos. Só um ou outro problema o afastam da perfeição. Imperdível para os fãs.