Com o investimento da Disney em trazer os seus grandes clássicos da animação para o mundo do live-action, já se previa que fossem tomadas decisões que pusessem em causa toda e qualquer potencial nostalgia dos espectadores mais maduros. Hoje, falamos de Mulan.
O caminho de trazer estas histórias para a realidade, põe em causa, bem, a realidade. A credibilidade dos factos, em detrimento da liberdade de expressão que só a animação tradicional puramente dita nos oferece.
E, quanto a isto, temos os exemplos de O Rei Leão e de Aladdin (para já ficarmos conversados) onde personagens e músicas monumentais são cortadas da obra original. E eu sei, também ficaste desiludido com estas decisões.
Mas é aqui que entra esta nova visão da Disney que temos de perceber. Esta não procura copiar novamente a história já escrita e editada “n” vezes, mas sim trazer um olhar mais realista sobre estas estórias.
Lembremo-nos que originalmente estes contos que conhecemos eram muito mais negros e nada, NADA aconselháveis para crianças… A Disney, no entanto, interviu e trouxe-nos aquelas belas animações, cheias de cores, magia e esperança, muito porque no início da Disney, há precisamente 100 anos atrás, o mundo precisava disto!
No entanto, os tempos mudaram, e já não estamos aqui para iludir ninguém. Se há valores nestas obras hoje em dia que valem a pena passar, estes estão inscritos nas suas mensagens verídicas e humanas.
E é desta forma, com isto em mente, que temos de receber, precisamente, Mulan.
Na guerra ninguém canta
Niki Caro, a realizadora a cargo da adaptação live-action de Mulan, veio em entrevista para o Digital Spy confirmar precisamente esta visão. Uma das ideias mais importantes que ela esclareceu nessa entrevista foi a razão pela qual não veremos as personagens a cantar as músicas com que crescemos a ouvir.
“Eu pensei nesta adaptação do ponto de vista mais realista, e quem é que canta no meio de uma guerra? Os personagens estão em guerra, entre espadas e flechas…”, disse ela. “Não sou contra a animação, não é isso, mas são aspectos diferentes. As músicas são brilhantes e vamos honrá-las de uma maneira muito significativa. Mas eu concentrei-me no drama de uma rapariga que está a enfrentar uma guerra como um soldado.”
A ausência de Mushu
Novamente a favor do realismo, surge mais um aspecto que, desde o primeiro trailer, temo-nos vindo a questionar: a ausência do pequeno Mushu, uma personagem icónica, que foi substituída pelo símbolo de uma Phoenix.
“Mushu faz sentido na animação… Mas nesta versão há um representante da criatura, uma espécie de representação espiritual dos ancestrais de Mulan, o que reforça o relacionamento dela com o pai. Foi assim que representámos a ideia de Mushu no live action.”
O novo interesse amoroso de Mulan
Outra alteração significativa neste filme é também o interesse amoroso de Mulan (Liu Yifei). Esta, ao disfarçar-se de recruta, estará constantemente a ser desafiada a superar-se sob a alçada do Comandante Tung (Donnie Yen).
No entanto, nesta adaptação live-action, em prol do realismo, Tung tem um papel de professor e mentor dos companheiros de Mulan, para prepará-los para a guerra, e com uma idade mais avançada do que a do Capitão Li Shang da versão animada 2D.
Posto isto, Mulan terá aqui de aprender a lutar lado a lado com os seus companheiros, e entre esses, surge Chen Honghui (Yoson An), um recruta que eventualmente irá conquistar o coração de Mulan.
Em suma, a produção sabe perfeitamente o que esperávamos deste live-action, mas ao invés de nos dar uma cópia lambida do que já vimos nhentas vezes, prefere impor esta nova visão, prometendo esforçar-se para honrar também a animação clássica que todos conhecemos.
Posto isto, é natural que as opiniões se tenham dividido até agora, mas só mesmo entendendo que esta é uma nova visão é que iremos conseguir apreciar estas novas adaptações que vêem a surgir.
O esforço não é para menos, até porque a produtora está tão empenhada neste projecto que Mulan está prestes a entrar para a história como um dos filmes mais caros de sempre, com a Disney disposta a desembolsar 290 milhões de dólares para o seu desenvolvimento.
Com estreia marcada para 26 de Março nas salas de cinema portuguesas, Mulan é realizado por Niki Caro, com argumento de Rick Jaffa e Amanda Silver. No papel principal temos Liu Yifei, com Jet Li, Gong Li, Donnie Yen, Yoson An.