Depois da maravilha que foi o primeiro filme, sabíamos que o segundo não ia tardar a chegar. A sequela cinematográfica focada na super-heroína da DC Comics, Mulher-Maravilha 1984, já estreou e promete contar-nos um pouco mais da sua história, antes dos grandes eventos da actualidade do universo expandido da DC

Mulher-Maravilha 1984, leva-nos efectivamente a essa mesma data, para que tenhamos uma percepção completa da jornada que tornou Diana na Mulher-Maravilha que todos conhecemos. Efectivamente, Gal Gadot regressa ao seu carismático papel, contracenando com o nosso Mando (de Mandalorian), Pedro Pascal que sem capacete apresenta-nos um dos dois antagonistas que marcam este filme: Maxwell Lord, e a Mulher-Leopardo. 

Maxwell é muito mais que um típico burlão. Este imprime no espectador a imagem de um homem doente, tanto física como psicologicamente, cego pela sua sede de poder e de controlo. Um vilão, portanto. Este é no entanto um vilão que se revela um tanto menos egocêntrico do que seria de esperar (apesar de ainda rebentar um pouquinho com a escala), pois mantém em si uma certa máxima de humanidade e até uma certa humildade que nos surpreende calorosamente. No entanto achei esse twist mal abordado, com um build up frio e algo enganoso.

Este é no entanto dos personagens que achei mais aborrecidos deste filme, e as suas sequências estendem-se demasiado para além do que se pode considerar de entretenimento. Como exemplo temos duas sequências de acontecimentos algo semelhantes, que reafirmam a mesma mensagem de que Maxwell está disposto a não olhar a meios para alcançar os seus objectivos. No entanto, a primeira sequência em nada acrescenta ao filme, a não ser um detalhe sobre os poderes da Mulher-Maravilha. Algo que no entanto é bem mais visível no segundo “round”, tornando aqueles 30 minutos entediantes de filme perfeitamente dispensáveis. 

A Mulher-Leopardo de Kristen Wing, por outro lado, percorre o caminho inverso. De uma pacata arqueóloga com dificuldades em socializar, mas com um grande coração, Bárbara Ann Minerva rapidamente evolui para um reflexo frio e desumano da Mulher-Maravilha. Esta é uma personagem que merecia verdadeiramente mais tempo de antena, especialmente por não sabermos o fim que teve após o desfecho do filme. Cada vez que aparece no ecrã, esta rouba completamente as atenções, e temos de facto um longo período de filme em que se sente demasiado ausente do enredo.

Uma cara familiar que regressa (para mim, para me assombrar) é Chris Pine como Steve Trevor. Uma personagem que na minha opinião não combina muito com o actor, e que sobretudo neste filme é demasiado brando, e sem graça nenhuma. Não tem grande assunto para acrescentar ao argumento, e nem nos cativa a querer voltar a vê-lo, mas por lá anda atrás da Diana para todo o lado. Se nunca mais o voltarmos a ver, não vai deixar saudades.

Mantendo Patty Jenkins na direção e grande parte do corpo executivo, é mais que óbvio que a ideia era repetir a fórmula de sucesso do primeiro filme, visto esse ter finalmente singrado a DC nesta nova etapa cinematográfica do seu universo expandido de super-heróis. Facto é, que em boa parte Mulher-Maravilha 1984 não desilude, oferendo-nos um princípio incrível que desde cedo estabelece que o seu objectivo é mostrar-nos a evolução de Diana para a nossa Mulher-Maravilha. 

No entanto é em boa verdade, a parte central do filme que torna toda esta experiência extensivamente entediante. Como que numa espécie de jogo do gato e do rato, sinto que levamos demasiado tempo a seguir Maxwell de um lado para o outro, e sem grande sentido para além de nos fazer perder tempo e render mais uma hora de filme. O brilho porque vale a pena ainda ver esta parte do filme, reside nos pequenos momentos fiéis à banda desenhada, que nos mostram por exemplo, como é que a Mulher-Maravilha aprendeu a voar. Esse sim, um momento algo marcante no meio disto tudo. Outro é a pequena história do avião invisível, ou a mítica armadura de Asteria. Pequenas curiosidades que para além dos efeitos visuais competentes conseguem satisfazer os fãs de longa data.

Sem grandes surpresas, temos a acompanhar o filme uma banda sonora monumental, ao estilo a que Hans Zimmer já nos habitou.

CONCLUSÃO
Precisa de mais garra
6.5
Joana Sousa
Apaixonada pelo mundo do cinema e dos videojogos. A ficção agarrou-me e não me largou mais! A vida levou-me pelo caminho da Pós-Produção, do Marketing e da organização de Eventos de cultura pop, mas o meu tempo livre, dedico-o a ti e à Squared Potato.
mulher-maravilha-1984-analiseMulher-Maravilha 1984 leva-te a descobrir o caminho que levou Diana a tornar-se na super-heroína que todos bem conhecemos. No entanto, peca pelo arraste constante do enredo, com pouco desenvolvimento, e personagens entediantes que pouco têm a acrescentar ao argumento do filme.