Bem-vindos ao Mundo Jurássico: Acampamento Cretáceo! Se esta frase de boas-vindas te soa familiar, é perfeitamente normal, porque faz parte do famoso universo de Mundo Jurássico, anteriormente conhecido e acarinhado por muitos de nós até hoje como Parque Jurássico (ou Jurassic Park, como preferirem).
Infelizmente, com o facto da pandemia causada pela Covid-19 ter afectado o planeta de forma global, o mundo da sétima arte também teve as suas consequências com várias estreias adiadas fosse para 2021 ou outras datas posteriores.
Uma delas foi Mundo Jurássico: Dominação que tinha estreia marcada para Junho deste ano tendo sido adiado agora para o Verão de 2022. Neste terceiro capítulo da Trilogia Mundo Jurássico, mas também efectivamente sexto capítulo da saga em geral, não só Chris Pratt e Bryce Dallas Howard regressam aos papéis já conhecidos como vamos ter algumas surpresas.
Algumas caras conhecidas dos três primeiros filmes de Parque Jurássico como Sam Neill (Alan Grant), Jeff Goldblum (Ian Malcom), Laura Dern (Ellie Sattler) irão regressar e ao que tudo indica em papéis principais, e não apenas pequenos cameos.
Comecei esta análise de forma propositada ao abordar, primeiro, o próximo filme a chegar em 2022, pois em poucas palavras Mundo Jurássico: Acampamento Cretáceo é mesmo um óptimo aperitivo para matar saudades da saga enquanto este não chega.
Esta análise é a primeira de três, servindo de preparação/maratona para a nova temporada da série a estrear dia 21 na Netflix
A primeira temporada que consiste em 8 episódios, foi lançada no ano passado pela plataforma de streaming da Netflix numa parceria com a Dreamworks Animation que inclui ainda como produtores executivos Steven Spielberg, Frank Marshall e Colin Trevorrow que já têm trabalhado nos filmes.
Devo admitir-vos que, para mim, este foi mais um exemplo de “não julgar um livro pela capa” ou, neste caso, uma série pelas primeiras imagens de um trailer.
Isto porque as séries de animação da parceria entre as duas têm sido um tanto 50/50 para mim – ora são demasiado infantis (o que não é necessariamente negativo atenção), ou então são feitas algumas coisas desastrosas, como o que têm feito a Spirit – Espírito Selvagem nos dias de hoje com a série de animação 3D.
Com isto, Mundo Jurássico: Acampamento Cretáceo pode, à primeira vista, ser uma série de animação infantil (que não o deixa de ser em termos de classificação etária), mas com algumas direções interessantes que acabam por fazê-la destacar entre as outras do catálogo da Netflix da parceria com a Dreamworks Animation.
A série compreende o seu público-alvo, mas não esquece os seus fãs de longa data de várias maneiras e o primeiro ponto positivo que posso destacar, desde já, é que estamos perante uma produção infantil sim, mas com o mesmo clima de tensão e horror que os filmes sempre nos habituaram.
Por isso sim, podem contar mesmo com dinossauros a atacarem pessoas, e ainda algumas mortes pelo caminho, mas nada que seja graficamente mostrado ou a um nível pesado. No entanto, a série deixa bem claro que mortes acontecem e diante dos olhos do grupo de personagens, inclusive.
Aqui acompanhamos uma história em paralelo aos acontecimentos de Mundo Jurássico de 2015, tendo assim as duas narrativas a acontecerem ao mesmo tempo e a série fazendo algumas vezes referências directas ao filme, mas de uma forma coesa sem criar erros de continuidade.
Conhecemos o personagem principal Darius Bowman, um miúdo nerd de dinossauros que sonha em puder visitar o Mundo Jurássico (que, assim como no filme, se encontra aberto ao público nos dias actuais) e que consegue um bilhete ao vencer um desafio num videojogo que tinha uma ida como prémio especial.
Assim, Darius viaja para a Ilha Nublar, juntamente com mais cinco jovens para participarem no Acampamento Cretáceo, que se encontra na sua fase experimental, acompanhados por dois monitores, mas como já é habitual na saga, as coisas rapidamente saem do controlo.
De entre os restantes membros, temos Kenji Kon (um miúdo rico que já visitou o parque algumas vezes e está sempre a meter-se em confusões), Brooklynn (uma rapariga vidrada no telemóvel, e também criadora de conteúdos para o seu vlog), Ben (um rapaz tímido, inseguro e bastante hipocondríaco), Yasmina “Yaz” (uma atleta que é patrocinada pelo Jurassic World, mas que tem dificuldade em confiar nas pessoas), Sammy Gutierrez (uma filha de fazendeiros bem energética) e, por último, Brumpy (uma cria de Anquilossauro à qual Ben vai ficar ligado e quase como a mascote do grupo).
Mesmo sendo um grupo de personagens bastante estereotipadas com características muito comuns de serem usadas, não é preciso muito tempo para simpatizarmo-nos com as mesmas e não faz com que isso seja algo negativo que prejudique a história.
De facto, Darius e o seu grupo de novos amigos conseguem captivar e cada um tem os seus momentos-chave para brilhar e contribuir de forma pertinente para o desenrolar da trama. No final dos 8 episódios, é possível notar certos amadurecimentos de alguns deles desde o início, mesmo que outros infelizmente não se sinta tanto esse aproveitamento (algo que espero e deduzo que sejam mais desenvolvidos na segunda temporada).
A primeira temporada ainda dá uma camada maior ao personagem Darius ao
desenvolver um pouco da sua história pessoal com o seu pai, e é em momentos como esse (sem querer entrar em detalhes para quem não viu) que fazem da série uma viagem ainda mais agradável permitindo ser um pouco mais madura do que aquilo que aparenta ser ao abordar um tema ou outro mais delicado.
Como eu disse atrás, a série consegue recriar certas sequências que nos deixam colados ao ecrã a temer pela sobrevivência das personagens recriando algumas sensações familiares como quando assistimos aos filmes.
Como a primeira temporada se passa ao mesmo tempo que Mundo Jurássico, Indominus Rex anda à solta (este com uma boa presença na temporada, inclusive), e por consequência outros dinossauros também que vão complicar a situação.
Se ainda se lembram da sensação de perigo quando assistiram a Parque Jurássico como na famosa cena de Tim e Lex na cozinha contra os Velociraptors ou a icónica cena nocturna do ataque da T-Rex aos veículos, puderão encontrar alguns momentos semelhantes bem construídos que fazem perceber que (quase) ninguém está a salvo nesta série.
Destaco, entre elas, uma cena bem construída dentro da zona de atração do Mosasaurus em que o grupo encontra-se em perigo nas canoas com o mesmo a nadar por baixo deles.
Mais um exemplo de como esta série infantil sabe realmente captar o horror e o medo das personagens face aos perigos à volta mesmo que seja mais básica em outros pontos.
Em relação aos dinossauros, com uma série, finalmente, a existir dentro da saga, isso permite dar algum desenvolvimento a espécies que não tiveram tanto destaque nos filmes como é o caso de um Carnotaurus em especifico, um dinossauro carnívoro que sempre achei bastante subvalorizado nos filmes e aqui tem muito mais presença. E também a outras espécies já conhecidas da saga é claro.
E, como qualquer conteúdo de Parque Jurássico/ Mundo Jurássico, não seria a mesma coisa sem os seus temas icónicos de banda sonora (originalmente composta por John Williams nos primeiros filmes), a série faz um óptimo trabalho nesse departamento.
Resgatando alguns dos temas mais conhecidos da saga e em momentos específicos, dá-nos uma saborosa nostalgia e sensação de magia a que estávamos já acostumados. Assim como nos primeiros filmes das duas trilogias, o início de Acampamento Cretáceo começa por mostrar aos nossos protagonistas aquele mundo vasto e de regalar os olhos durante as visitas, como se fossem as mesmas crianças deslumbradas que muitos de nós fomos na época que vimos o primeiro filme de 1993 antes das coisas descambarem; isto tudo acompanhado claro pela melodia adequada ao momento.
Mesmo que seja uma série de animação, a nostalgia é bastante presente na componente musical bem como em várias referências que vão sendo apimentadas ao longo dos 8 episódios para os mais atentos, com alguns personagens conhecidos a fazer algumas participações e outras menções de fundo.
As duas primeiras temporadas de Mundo Jurássico: Acampamento Cretáceo estão disponíveis na Netflix, bem como os cinco filmes da saga, que podes aceder aqui.
Numa última nota, irei brevemente trazer-vos a minha análise à segunda temporada em preparação para a próxima e terceira que vai estrear já no próximo dia 21.