Continuando com a minha jornada em diversos jogos da Gust, trago-vos hoje a minha análise da sequela de Nights of Azure, Nights of Azure 2: Bride of the new Moon.

Em 2017, a Gust estava a arder, além de terem lançado este jogo, também lançaram Blue Reflection (do qual poderão esperar uma análise em breve) e Atelier Lydie & Suelle: The Alchemists and the Mysterious Paintings. Depois do sucesso em vendas da primeira parte no Japão, não havia muitas dúvidas que uma segunda parte iria chegar, mais tarde ou mais cedo.

Bem, foi mais cedo que tarde. Nights of Azure 2 é uma sequela que possui um novo elenco de personagens (com alguns regressos) tendo lugar anos depois, numa diferente parte do mundo. O jogo mantém as características que fez a primeira parte tão única, tentando potenciá-las. Será que conseguiu?

História

A história tem lugar num número não especificado de anos, no futuro. Apesar dos eventos do primeiro jogo, a Night ainda persiste, demónios ainda rondam o mundo e aterrorizam a população. Tal como na entrega original, uma donzela, neste caso a Bride of Time, deve oferecer-se como sacrifício, para acalmar a Night.

A personagem principal é Aluche, uma agente da organização Curia, que bem cedo na aventura, se torna numa half-demon. A sua missão é proteger Lilliana, a Bride of Time, para ser oferecida em sacrifício para a Moon Queen. Tal como em Nights of Azure 1, um dilema surge na protagonista, proteger o mundo ou a sua preciosa amiga?

A história permanece simples, mais como uma missão pessoal. Ao contrário que na primeira parte, aqui eles não nos dão a impressão de grande escala, focando-se apenas naquele específico local, não trazendo o mundo exterior para a história em si (a Night está a ocorrer em todo o mundo, mas o problema que nos ocupa está localizado naquele ponto em específico). Graças a isto, sinto que não criei grandes expectativas, como anteriormente, e senti que a história correu o seu curso natural e providenciou-nos com um princípio, meio e fim.

Outro ponto em que a sequela melhorou foi relativamente aos personagens, mais e melhores. Aqui, além da protagonista, teremos diversas companheiras que se juntarão à equipa e podemos aumentar a relação pessoal com elas. Cada uma conta com missões específicas e personalidades diferenciadas e, por norma, interessantes. Temos Lilliana, amiga de infância e Bride of Time, Ruenheid (Rue) outra amiga de infância e membro de uma organização que se opõe à de Curia, a Dra. Camilla, uma investigadora que traz Aluche de volta, entre outras.

Estas personagens têm um desenvolvimento constante. Podemos falar com elas no hotel e completar as suas side-quests. Todas elas potenciam a história principal, todas têm um motivo para ali estar, uma razão para lutar e uma personalidade que se vai desenvolvendo ao longo da aventura.

O jogo também apresenta múltiplos finais. Apresenta também algum fanservice. Todas as protagonistas têm um fato de banho bem revelador que nos é mostrado quando estamos na área da piscina.

Visuais

O primeiro que se nota neste aspeto é como os gráficos melhoraram. Desta vez, a PS4 foi, sim, a consola base do desenvolvimento.
O desenho de personagens e demónios continua a ser uma delícia para o olhar, detalhados, cheios de cor e qualidade. Os ambientes também tiveram uma melhoria, menos repetitivos, com áreas mais diferenciadas e detalhadas em cada ambiente. Ainda assim o número total é reduzido.

Este novo motor visual trouxe coisas boas e más. Apesar de ter melhores texturas tanto no mundo como personagens e uma qualidade geral superior, o jogo não se vê tão “limpo”, tão vibrante como o anterior, destacando também alguns dentes de serra. Onde sofreu mais foi no framerate: o jogo passou de uns frames estáveis para um carrossel de fotogramas no ecrã, perdendo essa necessária fluidez (eu ao jogar na PS5 consegui uma experiência estável, ainda que a uns 30fps).

As animações são ainda relativamente robóticas, mas são mostradas numa forma mais natural e não com os modelados 3D lado a lado. A cinematografia também tem melhores animações e uma boa direção nestas cenas. O estilo visual tem um grande upgrade neste tipo de cenas que estão a anos-luz das do primeiro Nights of Azure.

Jogabilidade


Novamente estamos perante um RPG com combate ao mais puro Hack and Slash. Segue o mesmo estilo que a entrega anterior. Neste caso, em vez de a equipa ser constituída pela protagonista e três demónios, temos a protagonista, dois demónios e uma Lilly (uma das companheiras femininas).

O combate continua meio-robotizado, mas mais fluido. Podemos atacar com ataques fortes e fracos e temos mais combos à disposição. Também existem mais armas secundárias à disposição, contudo, desta vez, estas estão associadas aos demónios que temos na equipa. Um pode-se transformar numa lança, outro num escudo, entre outros, e podes usá-los nessa forma enquanto te restar SP, tendo cada arma os seus ataques únicos.

Desta vez temos também um botão para saltar e combos aéreos, algo que se sentia necessário na primeira parte.

Ao derrotar inimigos, a Aluche ganha blue blood que pode ser usado para subir de nível. As companheiras, Lillies, sobem de nível dependendo da experiência ganha quando nos acompanham na aventura. Os demónios sobem de nível ao conseguirem pontos que se obtêm ao completar missões. Podemos escolher a quantidade de pontos a atribuir-lhes em 4 áreas, mas recomenda-se algum cuidado, uma vez que estes pontos são muito limitados para a quantidade de demónios que iremos ter. Ao chegar a certo ponto e com um determinado objeto em específico, estes podem evoluir e mudar de aparência.

A Lilly que nos acompanha tem os seus próprios ataques, habilidades, algumas automáticas e outras que podemos ativar ao pressionar certos botões (o Lilly Burst, as habilidades ativas, o Double Chase, etc).

Tanto as Lillies como os demónios são controlados pela I.A. Podemos dar certas ordens como full attack ou guard. Tanto a Aluche como as Lillies podem-se equipar com objetos, o mesmo não acontece com os outros acompanhantes.

Dois personagens de anime com olhos azuis e cabelos azuis.
Porque juntas são mais fortes!!!

O jogo tem lugar em dois locais: o hotel e as áreas adjacentes. No hotel podemos falar com as Lillies, ver diferentes interações com elas e, inclusive, aumentar o nível de relacionamento com a protagonista, aceitar missões, subir de nível a Aluche, subir o nível dos nossos demónios, etc.

Fora do hotel é onde as batalhas terão lugar. As áreas, apesar de mais visualmente atraentes que a entrega original, são ainda limitadas na sua exploração. Uma das maiores mudanças é a existência de áreas que estão encerradas, apenas acessível com o correto companheiro presente na equipa.

O limite de tempo volta a fazer ato de presença. Esta vez, a sua presença está ligada a um objetivo da história e afeta o ritmo geral do jogo. Esta vez, sim, teremos que ter em consideração aonde iremos de missão/exploração, porque cada vez que se regressa ao hotel, a lua avança uma fase e se chega a lua cheia, veremos um game over e forçados a reiniciar o capítulo. Uma vez que escolhamos aonde iremos ao sair, não será possível mudar para outra área. Os monstros também não reaparecem ao mudar de um ecrã para outro nas zonas exteriores. Após atingir o fim de um capitulo, a lua recua as suas fases, mas nunca deixará de avançar.

O jogo possui um modo fácil e normal. Após o acabarmos, desbloqueamos uma dificuldade mais alta. Também ganharemos a opção de jogar uma segunda partida sem a necessidade de nos preocupar com o avançar da lua e o seu game over associado, podendo jogar ao nosso ritmo e cumprindo todas as missões.


Som

Nunca me canso de dizer o bom que são as bandas sonoras compostas pela Gust. Nights of Azure tinha uma boa, mas longe das melhores da companhia (destacando os temas de batalha/exploração). Em Nights of Azure 2: Bride of the New Moon estes temas de batalha/exploração continuam muito bons, com instrumentos pesados que nos ajuda a querer dar cabo de todos os inimigos. É nas musicas de ambiente e de personagens onde, esta segunda parte, mais melhorou.

Muito mais variado e com temas que complementam perfeitamente a personalidade dos personagens. A personagem Veruscha, por exemplo, uma guerreira que perdeu as suas emoções e segue ordens cegamente, mas que, graças à Aluche, começa a descobrir o que são as coisas que compõem a felicidade e tornando-se mais consciente da sua humanidade. Ora a sua música “Melting into Silence” realmente mostra essa evolução, começando mais fechado, frio, mas então explode com vida, esperança.

A música também é usada num tema boss, dando nesse caso mais peso à guitarra elétrica. Outros temas que destaco são “Lucia”, “Black Clothed Waltz”, “White Lilly”, “Mi’d Rauna”, entre muitos outros. Diversas músicas cantadas e com coro de fundo.
Sem dúvida, que a Gust é realeza do departamento da música.

O jogo apenas conta com vozes em japonês. Com exceção de um dos personagens mais jovens, achei-as expressivas e mostrando emoção no nível certo (não estando a gritar ou sobreatuar).

Um grupo de garotas de anime em volta de uma mesa.
É Nights of Azure 2 uma pausa digna de se ter?

Nights of Azure 2: Bride of the New Moon já está disponível para a Nintendo Switch, Playstation 4 e PC na Steam.

CONCLUSÃO
Beleza latente
7.8
Bruno Cavaco
Grande apaixonado pelo mundo dos videojogos, destacando a sua predileção por RPGs e jogos japoneses no geral. Licenciado em Gestão de Marketing, continua a planear o caminho que deve seguir. Um fã da Eurovisão dos pés à cabeça.
nights-of-azure-2-bride-of-the-new-moon-analiseNights of Azure 2: Bride of the New Moon é uma boa sequela. Evoluiu em aspetos que o primeiro não brilhava. A banda sonora é o seu principal ponto forte, juntamente à sua arte e personagens. Os frames mais baixos e instáveis são o principal ponto negativo a destacar, juntamente a um limite de tempo que poderá causar ansiedade a mais que um. Um terceiro jogo que continue a evoluir a fórmula seria muito bem-vindo. E tu, estarias disposto a sacrificar tudo pela aquela pessoa especial?