Hoje trago-vos uma remasterização de dois grandes jogos (e um menos bom), que são considerados o padrão definido pela Team Ninja no combate dos seus futuros títulos.
Falo de Ninja Gaiden: Master Collection, que contém a trilogia completa da série: o Ninja Gaiden Sigma; o Ninja Gaiden Sigma 2; e o Ninja Gaiden 3: Razor’s Edge.
Começando pela qualidade das remasterizações, aqui temos apenas uma melhoria de resolução, não havendo qualquer mudança visual ou de jogabilidade dos originais.
Apesar de ser uma remasterização bastante simples, os três jogos não deixam de ser bastante belos artisticamente, especialmente na qualidade dos modelos das personagens, com bastante detalhe e uma boa qualidade nas texturas.
Seguindo os passos de Ryu Hayabusa, irás numa missão de recuperar uma espada importante que te foi roubada, e de te vingares do genocídio do clã Hayabusa.
Não querendo revelar muito sobre a história, ela é pouco presente em ambos o primeiro e o segundo jogo, com um foco mais prioritário no terceiro. A história serve o seu propósito, com personagens interessantes e mantendo a relevância necessária para o progresso.
No que toca à jogabilidade, temos aqui a famosa precisão e destreza no combate que a Team Ninja já nos habituou, tendo os 3 jogos um sistema de combate sólido, com uma boa variedade de ataques e armas, e um foco enorme em fazer o menor número de erros possíveis, pois qualquer erro, por muito pequeno que seja, é imediatamente sentido, fazendo com que percas bastante vida, ou quebres o ritmo e comeces a “tropeçar”.
Há uma grande variedade de inimigos, entre ninjas rivais, samurais, militares, e até demónios. Todos estes inimigos vão-te desafiar e obrigar a te adaptares às variadas situações em que te vais encontrar.
As armas que tens disponíveis na trilogia variam entre espadas, bastões, matracas e algo mais tradicional do japão como uma kusarigama. Todas estas armas são únicas, com movesets distintos e os seus prós e contras.
A juntar às armas, temos também uma forma de magia denominada de ninpo. O ninpo é basicamente uma série de técnicas ninja, onde podes lançar bolas de fogo ou invocar trovões para aniquilar os teus inimigos. Esta mecânica involve gastares um charge do teu ninpo, representado por uns círculos na interface, apenas com excepção no terceiro jogo, onde tens uma barra adicional que se enche ao matares inimigos, e quando cheia, podes executar o ninpo.
Nos três jogos, há a possibilidade de fazer upgrade às tuas armas, vida e ninpo. No primeiro e segundo jogos, simplesmente precisas de te dirigir a uma das variadas lojas do Muramasa, o famoso blacksmith, onde ele te dá a possibilidade de melhorares as tuas armas, onde cada nível te dá uma melhoria no dano, e também mais combos e ataques.
No caso do ninpo, tens de apanhar um coleccionável nos níveis chamado “Jewel of the Demon Seal“, que melhora a eficácia de um ninpo à tua escolha.
No terceiro jogo, o sistema de upgrades foi simplificado, sendo apenas preciso ir a uma skill tree no menu, onde gastas essence (que são uma espécie de “pontos” que ganhas ao matar inimigos), para poder melhorar tanto as armas, como o ninpo.
E simplicidade é o que melhor descreve as diferenças entre os jogos, sendo que a trilogia foi sendo simplificada com cada iteração, sendo beneficial em alguns aspectos, mas dando origem a alguns aspectos menos bons.
Felizmente, o movimento mantém-se entre os jogos, com Ryu a poder correr nas paredes, saltar de parede a parede, saltar em cima de inimigos, entre outros. Este movimento também é bastante usado para platforming, sendo que este aspecto é mais presente no primeiro jogo.
O level design é o aspecto que penso sofrer mais com a simplicidade, onde o primeiro jogo tinha níveis com mais liberdade, onde exploravas o mapa, enquanto fazias puzzles que parece tirarem uma pequena inspiração em Legend of Zelda.
Infelizmente, no segundo e terceiro jogo foi adoptado uma vertente mais linear, chegando ao ponto de, no terceiro jogo, termos situações onde temos vários quick time events, que penso serem completamente desnecessárias.
Em relação à música, esta serve os jogos perfeitamente, juntando arranjos orquestrais com Rock, dando apenas ambiente para a situação em que se está, nunca estando muito presente.
Algo que se tornou um pouco frustrante no primeiro jogo foi a câmara. O simples acto de mover a câmara é bastante inconsistente, e sem definições para mudar a sensibilidade da mesma, a situação torna-se pior. Também há o problema da câmara raramente estar situada num ângulo que favorece o jogador, muitas vezes estando por trás de objectos, ou mesmo para o lado contrário de onde estão os inimigos.
Infelizmente, o terceiro jogo continua a ser o menos bom da trilogia. A extrema linearidade dos níveis, juntamente com a adição de quick time events e um foco enorme no combate, chegando ao ponto de ser raro uma situação em que simplesmente se está a fazer algum platforming, por exemplo.
Algo que também está em falta são os modos online presentes no segundo e terceiro jogos, o que penso ir contra a ideia de uma remasterização, onde deviam de, pelo menos, manter ou melhorar o que estava presente.
Para os que gostam de repetir os jogos em várias dificuldades, temos na trilogia uma série de dificuldades que se vai desbloqueando à medida que passas os jogos em cada dificuldade, sendo que a dificuldade mais difícil é a de master ninja.
Algo bastante interessante das dificuldades, é que a partir de hard, o jogo decide fazer algumas mudanças nos inimigos que encontras, trocando-os e adicionando em várias situações, inclusive durante os vários bosses.
Os bosses são definitivamente o que te vai desafiar mais, tanto em destreza, como em concentração. A perfeição é quase exigida nestas lutas, especialmente nas dificuldades mais altas.
Ninja Gaiden: Master Collection já se encontra disponível para a Steam no PC, Playstation 4, Xbox One, Nintendo Switch e na Playstation 5 e Xbox Series através da retrocompatibilidade.