Na primeira parte deste artigo (que pode ser lida aqui) abordei o início da fase musical da Konami nos anos 80-90 através da sua equipa in-house Konami Kukeiha Club e os seus membros consagrados. Ao virar o milénio, a Konami começou um período curioso em que lançaram vários projetos musicais e expandiram o seu reportório de jogos musicais, mas para falar sobre estes assuntos tem que haver algum contexto:
A Konami fundou a sua divisão de jogos musicais G.M.D. (Games & Music Division) em 1997 e lançou o seu primeiro jogo BEATMANIA em 1998 no Japão. O jogo tornou-se num grande sucesso nas arcadas e em honra desse sucesso a divisão rebatizou-se como BEMANI. A partir daí a BEMANI começou a expandir o seu reportório de jogos musicais, com principais destaques o BEATMANIA, Dance Dance Revolution (conhecido como Dancing Stage na Europa), Pop’n Music e DrumMania & Guitarfreaks.
O que estes jogos têm em comum é que até um certo ponto saíram também para consolas depois dos lançamentos das respetivas versões Arcade e passo a destacar:
BEATMANIA

O BEATMANIA pode ser considerado o início de tudo. Desenvolvido pela G.M.D., saiu em 1998 no Japão como já tinha mencionado e o jogo consiste termos 5 teclas (e mais tarde 7) para tocar as notas musicais e um gira-discos para «scratch» de modo a evitar falhar a música e pontuar o máximo possível.
Conta com 3 versões diferentes: BEATMANIA saiu para PS, Gameboy, WonderSwan, Gameboy Color de 1999 até 2002, transitando para BEATMANIA IIDX (DELUXE) que saiu para a arcada, PS2 e o Spin-off BEATMANIA III que saiu exclusivamente para as arcadas entre 2000 e 2002. O jogo tem a fama de ser um dos jogos musicais mais difíceis que existe graças à complexidade de algumas músicas nas playlists.
Em Junho de 2000 saiu o Beatmania para a PS na Europa e uma versão baseada do BEATMANIA IIDX para a PS2 em Março de 2006 na América do Norte para um sucesso moderado e o último jogo que saiu sob o nome BEATMANIA nas arcadas foi o BEATMANIA The Final em 2002.
De destacar também o BEATMANIA III que foi uma tentativa da Konami “evoluir” o BEATMANIA IIDX. Entre as principais novidades está a adição de um pedal para um efeito extra e o uso de disquetes 3.5″ que funciona como o atual e-amusement card para registo de dados.
O jogo falhou porque principalmente (e oficiosamente uma vez que a Konami nem sequer deu alguma explicação oficial) as cabines eram muito semelhantes aos do BEATMANIA IIDX e não faria sentido continuar a lançar mais cabines e (mais uma vez oficiosamente) porque não correspondeu as expetativas de afluência do público. Graças a estes fatores e mais a impossibilidade de meter um pedal de maneira fiável nas consolas, o jogo nunca saiu para as consolas e tornou-se numa máquina rara de se ver atualmente.
Atualmente a série continua com o BEATMANIA IIDX, onde contou com lançamentos para a PS2 exclusivamente no Sudeste da Ásia (Japão, China e Coreia do Sul) desde o BEATMANIA IIDX 3rd Style (2000) até ao BEATMANIA IIDX 16 Empress (2008) e conta com lançamento de uma nova cabine cada ano desde o Empress (2008), sendo o lançamento mais recente BEATMANIA IIDX 32 Pinky Crush em 2024 disponível exclusivamente no Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos.
Dance Dance Revolution (DDR ou Dancing Stage na Europa)

Juntamente com o BEATMANIA IIDX é uma das séries mais longas de jogos musicais. Saiu para as arcadas japonesas em 1998 e é um dos raros exemplos de um jogo criado pela BEMANI em que vários jogos saíram quase que simultaneamente para a América do Norte e para a Europa. Considerado por muitos como o pioneiro de jogos musicais e de dança, a série de jogos é altamente elogiada mundialmente não só pelos jogos em si, mas também pelas cabines luminosas e cheias de vida acompanhadas por grandes colunas.
O objetivo é simples: pisarmos as setas que estão no “tapete” ao passo que as setas no jogo passem pelas marcas no topo ou no fundo do ecrã e conseguir passar com um “clear” ou perder se falharmos muitas vezes. É também conhecida por ter (nos nossos lados) playlists maioritariamente de músicas internacionais e uma parte de músicas in-house da BEMANI. Lembro de ter jogado o DDR SuperNova e o DDR SuperNova 2 na PS2 ao som de Lady Sovereign, Jamiroquai e entre outros.
Foram lançadas várias versões de cabines ao longo do anos para acompanhar a constante evolução da série e lembro de ter visto algumas em pessoa. Existe a versão Solo só para uma pessoa e a versão Double para 2 pessoas ou para uma pessoa jogar em modo Double. A primeira versão da cabine foi a First que saiu em 1998 e posteriormente atualizada em 2006. Em 2008 foi lançada a versão X juntamente com o DDR X para comemorar os 10 anos da série e a versão mais recente é a versão 20th Anniversary que ainda está em produção e o jogo mais recente é o DDR World que saiu em 2024.
Sairam também vários jogos (maioritariamente no Japão) principalmente para a PS e PS2. Começou com DDR em 1999 para a PS até 2001 , passou pelo DDR 2nd Mix para a Dreamcast em 2000, para a PS2 a partir de 2002 (e o primeiro jogo a sair para a PS2 para a Europa foi só em 2006 com o DDR SuperNova), para Gameboy, Wii, Gamecube e Nintendo 64 (tudo no Japão) e acabando com o altamente criticado DanceDanceRevolution para a PS3 em 2011.
Pop’n Music

Pop’n Music (ou Pop’n, PM ou PNM ou pop’n music) é mais uma longa série de jogos de autoria da BEMANI e saiu em 28 de Setembro de 1998. Ao contrário dos outros jogos da mesma linha, Pop’n Music é conhecido pelas cores vivas e vibrantes, música alegre e o aspeto cartoon.
Tal como no BEATMANIA, cada jogo tem um tema e é apresentado pelas irmãs gêmeas Mimi e Nyami. O objetivo é acertar da cor dos botões que aparecem e o comando conta com 9 botões (5 abaixo e 4 acima) e curiosamente a diferença entre Pop’n Music e BEATMANIA é que este tem o limite máximo de 100,000 pontos e não acumula mais a partir desse ponto.
A playlist está dividida em vários temas e conta com vários níveis de dificuldade a pensar das capacidades de cada jogador e o modo Extra é considerado o mais difícil de todos. Conta com várias versões da cabina (de DJ-Main até ao atual BEMANI PC) e 35 jogos (30 na série principal) sendo que o atual é o Pop’n Music Jam & Fizz que saiu em Setembro de 2024.
Saíram exclusivamente para o Japão 24 jogos para consolas repartidos entre a PS, PS2, Gameboy, Gameboy Color, Dreamcast, iOS e PC. Ao contrário dos outros jogos, o primeiro Pop’n Music saiu em simultâneo para a PS e Dreamcast em 25 de Fevereiro de 1999 e continuou até à descontinuação da Dreamcast e seguiu a sair exclusivamente para PS2 com Pop’n Music 7 a ser o primeiro a sair em 2002.
O último a sair para as consolas foi o Pop’n Music Lively com um Beta Test para o PC em 7 de Setembro de 2020 e a sair integralmente em Novembro do mesmo ano. De destacar também o curioso comando para as consolas que é usado somente para o jogo e de ter saído para a Europa o Pop’n Rhythm para a iOS em 2013.
Para finalizar, algumas menções honrosas:
- Guitarfreaks: O jogo que é o Guitar Hero antes de existir o Guitar Hero. O jogo usa uma guitarra de 3 botões e temos de acertar os respetivos botões e tem também o Wailing Bonus em que temos de levantar a guitarra para um bónus. Saiu para a PS2 e arcadas e o jogo mais atual é o GITADORA GALAXY WAVE que saiu para PC como serviço pago em 2020.
Os jogos tiveram sucesso não só graças à originalidade e complexidade. Um dos maiores contributos foram os músicos que criaram as músicas e há uma lista de nomes notáveis que deixaram os seus contributos para os jogos da BEMANI:
- Akira Yamaoka: contribuiu com algumas nas suas músicas para a série BEATMANIA IIDX
- Hideki Naganuma: É o principal responsável das bandas sonoras dos jogos da SEGA Jet Set Radio e Jet Set Radio Future e mais recentemente do sucessor espiritual Bomb Rush Cyberfunk
- Kosuke Sato: Um dos principais compositores da série BEATMANIA IIDX. Contribuiu com vários estilos de música através de vários pseudônimos, dando destaque a kors k, StripE e Teranoid
- Naoki Maeda: Um dos grandes responsáveis do BEATMANIA IIDX. Contribuiu a solo como NAOKI e como membro de projetos musicais (que irei abordar na parte 3) como TËЯRA
- Riyu Kosaka: Uma das membros iniciais do grupo de J-pop BeForU. As músicas aparecem em vários jogos de BEATMANIA IIDX e DDR tanto como membro do grupo BeForU como a solo
- Ryutaro Nakahara: Outro dos grandes responsáveis do BEATMANIA IIDX. É um dos artistas com mais músicas nos jogos e usa o seu pseudônimo Ryu☆ ou simplesmente Ryu ou como membro de vários projetos como HHH ou Cream Puff
- Takanori Nishikawa: Membro fundador e vocalista dos populares T.M.Revolution e Abingdon School Boys. Conta com algumas músicas a solo nos jogos e os T.M.Revolution são um dos pioneiros de J-Pop nos anos 90 e responsáveis de sucessos em animes como Mobile Suit Gundam e Rurouni Kenshin (Samurai X em Portugal)
- Yoshitaka Nishimura: Um dos principais compositores da BEMANI. Tal como Ryutaro Nakahara é um dos artistas com mais músicas nos jogos com o seu pseudônimo DJ TAKA e foi membro de projetos como Caldeira e VENUS. Chegou a lançar um álbum de originais que irei abordar na parte 3.
Em resumo, a Konami apostou e compensou. Graças à BEMANI a Konami conseguiu ter sucessos nas arcadas com os jogos de género musical e isso contribuiu para que fossem lançados projetos musicais na responsabilidade de Naoki Maeda.
Fim da Parte 2