Por vezes, o inesperado é o que mais nos surpreende. Uma sequela para o aclamado metroidvania Ori and The Blind Forest era algo que, provavelmente, muitos não esperavam. Mas na E3 de 2017, na conferência da Microsoft, um trailer curto de Ori and the Will of the Wisps foi apresentado, e só 3 anos depois é que seria lançado, no dia 11 de Fevereiro de 2020. Como já mencionei no início da análise, foi um jogo que me surpreendeu bastante.
Algo que reparei logo ao começar a minha aventura foram os visuais simplesmente espetaculares. Em termos técnicos, não há nada de muito avançado com efeitos e tecnologias inovadoras, mas a arte e a maneira como é apresentada é sem dúvida algo que é bastante único e lindo de se ver. A melhor descrição que posso dar é de que parece que estamos a ver uma pintura com vida.
Junto com os visuais, as animações também são incríveis. As nuances de Ori ao mover-se e saltitar pelos cenários são bastante suaves e naturais, há um grande ênfase a dar carácter aos vários personagens do jogo com estes pequenos toques nas animações, e penso que funcionaram muito bem.
Esta apresentação é complementada por uma banda sonora espetacular. As variadas peças orquestrais que acompanham os vários acontecimentos e níveis do jogo evocam sempre a emoção e o ambiente correcto.
A atenção à arte e aos visuais servem a qualidade das mecânicas e de level design do jogo, com várias zonas e labirintos num mapa bastante grande e complexo. Mas nunca te irás perder pois o mapa vai desbloqueando à medida que vais descobrindo as zonas, e a complexidade é dividida exclusivamente por zona. Ou seja, não há ligações e atalhos complexos entre elas, fazendo com que os caminhos entre as zonas sejam mais directos, mas com o layout das zonas em si mais complexo.
Cada zona está repleta de pequenos segredos, como upgrades que aumentam a tua vida ou energia, ou shards que servem para acrescentar efeitos especiais a Ori, como aumentar as defesas, ou fazer algumas habilidades dispararem mais rápido. Penso que há um bom equlíbrio de itens para coleccionar, nunca sobrecarregando o jogador.
O mundo também está repleto de personagens que te irão dar side quests. Muitas delas consistem apenas em descobrires alguns objectos para dar à mesma ou a outra personagem, mas há duas delas que são bastante boas.
Basicamente, irás descobrir ao longo da tua aventura uns ores e umas seeds escondidas pelo mapa. Estes itens são usados depois para construir uma espécie de hub central. Estas quests são bastante boas porque aproveitam a raiz do metroidvania e ao mesmo tempo dão vida ao mundo, pois a área vai evoluindo e mudando ao longo dos upgrades que realizas.
Um dos maiores focos do jogo é o platforming, que também se poderá juntar com alguns puzzles simples. Aqui temos uma das melhores partes de Ori and the Will of the Wisps: Ori é capaz de saltitar, trepar paredes, usar objectos e projécteis dos inimigos como extensão dos saltos, fazer dashes no ar, entre outros.
Outra das vertentes do jogo é o combate, que se baseia numa premissa de aprender padrões de ataques dos inimigos, desviando-te dos mesmos, e atacando nos momentos em que o inimigo está vulnerável. O combate do jogo é bastante sólido, com várias armas como uma espada, um martelo e um arco. Juntando-se ao movimento do jogo, Ori é capaz de muitas vezes “voar” enquanto ataca os inimigos, o que dá para um espetáculo visual bastante agradável.
Onde as tuas habilidades de movimento e combate vão ser verdadeiramente testadas é nos vários bosses que o jogo nos apresenta. Todos eles bastante interessantes em design, cada um com o seu padrão de ataques e truques para os derrotar. Os bosses têm várias fazes, e todas são bastante sólidas, à excepção de uma que é bastante comum e que se baseia num aspecto mais trial and error, o que pode dar a alguma frustração. Felizmente, estas fases são curtas e, se morreres, irás ser posto de volta ao início da mesma.
Tenho a acrescentar que joguei Ori and the Will of the Wisps no PC, e apesar de não haver nenhum problema com a performance geral do jogo, aconselho a instalarem o mesmo num SSD. Ao início instalei num disco mecânico e tive alguns problemas com o som a encravar e algumas paragens quando o jogo estava a carregar novas áreas.
Ori and The Will of The Wisps já se encontra disponível para a Xbox One e para PC na Steam e na Windows Store.