Com um dos lançamentos mais turbulentos dos últimos anos devido ao excesso de jogadores nos seus servidores no lançamento, Outriders parece agora conhecer a tão desejada estabilidade que a People Can Fly pretendia desde o release day. Conhecidos por Bulletstorm e Gears Judgment, este estúdio Polonês tem no seu ADN jogos extremamente versáteis e carregados de tiros, explosões e muitas entranhas de alienígena decepadas.

Na essência e de forma abreviada, Outriders trata-se apenas de mais um looter shooter, igual a tantos outros do género. Se o jogador ignorar por completo todo o lore, diria que perde mais de metade do “sumo” da experiência, esta que é bastante rica e detalhada, contada não só em audio logs, como documentos e side quests que se completam e fecham muitas das perguntas básicas que poderás ter ao longo da experiência.

Tudo começa no século XXII, com a chegada de uma enorme tripulação ao planeta Enoch, numa longa jornada de 83 anos de viagem e transportando alguns dos restantes sobreviventes da raça humana. Após a chegada, um pequeno grupo é enviado para o terreno para avaliar o planeta alienígena e garantir condições para a chegada dos restantes que ainda se encontram em sono criogênico. Estes são os Outriders, uma espécie de forças especiais com alguns dos melhores combatentes de toda a tripulação.

No entanto, uma reviravolta drástica acontece. Uma estranha e poderosa anomalia apanha os Outriders desprevenidos e quase todos são dissipados. O teu personagem é também atingido por esse fenómeno, mas por alguma razão (explicada mais tarde), sobrevive, e é colocado em sono criogênico e transportado para a nave, onde desperta 30 anos depois.

Não só as câmaras de sono criogênico são algo visto repetidamente nas melhores histórias de ficção científica, como muita da narrativa aqui investida. Toda a atmosfera que envolve o jogo é uma mescla de de grandes obras introspectivas como a saga Alien, Interstellar2001: Odisseia no Espaço e até Lost, que curiosamente conta com um easter egg espetacular para os fãs desta espantosa e clássica série.

Se seguires apenas a main line principal e não quiseres investir na história e, principalmente na explicação dos acontecimentos ao pormenor, acredito que possas ter uma boa experiência narrada, com um lore que poderá ser interessante mas corriqueiro. Caso sejas um space geek, fã destes cenários utópicos e de ficção cientifica como eu, acredita que irás sentir o esforço colocado pela People Can Fly em todos os pormenores e cantos do jogo. Toda a descrição cuidada é apontada através de uma enorme base de dados bem ao estilo dos animus da saga Assassins Creed.

Porque o que mais interessa num jogo como Outriders é a sua jogabilidade, deixa-me que te diga que terás 4 classes para escolheres: Devastator, Technomancer, Trickster e Pyromancer. Cada uma destas classes conta com habilidades extremamente únicas e com uma enorme árvore de skills para moldares a tua personagem, ao estilo de jogo que pretendes.

Como Shooter a experiência é frenética, divertida e bastante viciante. Com a componente bullet sponge dos inimigos muito peculiar deste estilo, terás que moldar sabiamente as habilidades nas alturas certas, de modo a tirares dano, mas sempre com a protecção necessária para não caíres, bem ao estilo mais arcade de Gears Judgment. Como este é um título fluído e requer sempre constante acção, terás armas variadas também elas com as suas habilidades únicas para acompanhar o teu outrider, entre SMG’s, metralhadoras pesadas, snipers, e até caçadeiras que mais uma vez nos transportam até Gears e as suas famosas gnashers. As armas podem conter habilidades de envenenamento, congelamento, retardamento dos movimentos e até explosão no impacto.

As batalhas finais de cada mapa trazem naturalmente bosses mais poderosos para enfrentares, cada um com as suas fraquezas e singularidades, e claro, com melhores recompensas também de acordo com a dificuldade escolhida.

Tal como mencionei antes, as side-quests são muito interessantes, e tens também extras como bountys de humanos e de grandes presas, que te dão grandes recompensas assim que entregues no bar de uma das cidades. Nunca senti que estas missões secundárias fossem simplesmente para encher desenfreadamente conteúdo sem “sumo” no jogo, já que toda a história tem mais um pouquinho de lore para acrescentar ao universo.

O maior problema deste título passa pelo endgame, que de pouco ou nada te incentiva a continuar a jogar. Após 15 a 20 horas de campanha, chegarás quase de certeza muito perto do nível 30, e supostamente seria aqui que tudo ficaria ainda mais interessante. Pois não, infelizmente, a experiência online é muito lagada e aborrecida. Depois do modo de campanha convencional, poderás realizar expedições sozinho, com os teus amigos ou até outros jogadores deconhecidos, sempre em busca de melhor equipamento e com melhores recompensas, caso acabes cada uma o mais rapidamente possível. É nesta fase do jogo que passa a ideia oscilante de falta de primor colocado numa das partes mais interessantes de um looter shooter.

A soundtrack e voice acting presentes no jogo são muito bons e os actores dão vida a personagens carismáticas, sempre com emoção nos seus diálogos. Infelizmente, alguns bugs visuais e de audio acontecem de tempo a tempo, algo que com certeza será corrigido brevemente com futuras actualizações.

Outriders encontra-se disponível para todas as plataformas conhecidas no mercado, com excepção de Nintendo Switch.

CONCLUSÃO
Divertido
7.5
Igor Gonçalves
Curioso, explorador, e fã de videojogos desde que me lembro, e em especial pela saga Metal Gear. Não jogo plataformas, jogo jogos.
outriders-analiseOutriders é uma experiência sólida, divertida e com uma história muito interessante. O sistema de combate é extremamente frenético, capaz de te fazer perder horas sem dares conta. Já o endgame, é o calcanhar de aquiles de toda a obra da People Can Fly, com um multiplayer online chato e extremamente lagado e, acima de tudo, cheio de repetibilidade.