Com a entrada no mundo do VR, não bastou que o conteúdo fosse interactivo, o mesmo teve de se tornar numa experiência memorável. Caso contrário, o VR seria inútil e apenas serviria como uma maneira fácil de ganhar dinheiro. Foi pedida criatividade, aliada ao mínimo (se possível, máximo) de qualidade.
Assim, entre títulos como Superhot VR, ou Borderlands 2 VR, surge Paper Beast, um exclusivo em realidade virtual que eleva o estatuto criativo, não só em termos de VR, mas no geral da indústria dos videojogos.
Com uma enchente de sequelas este ano, tem sido difícil denotar criatividade nos lançamentos de 2020, o que nos leva a pensar se as ideias já não foram todas usadas (spoiler: nunca serão). No entanto, eis que a Pixel Reef traz consigo um ecossistema de animais de papel que nos irão ajudar a resolver puzzles utilizando as leis da física aplicadas a areia e água.
O mundo onde somos colocados é um enorme deserto, por onde iremos vaguear, seguindo uma criatura relativamente grande, que nos irá guiar através dos puzzles que teremos de resolver. Para além desta ajuda, não nos darão mais a mão.
Os puzzles, embora óbvios, não têm sempre o mesmo desfecho, cabendo ao jogador a decisão e consciência de saber quem, e o que é que será afectado enquanto aquela situação se estiver a desenrolar.
O objectivo do jogo será progredirmos, à medida que nos deliciamos com as vistas do mundo, por uma série de puzzles. Além do modo “história”, temos também o modo sandbox, onde podemos explorar a ilha e interagir com as diferentes criaturas, podemos também construir uma ilha nossa, o que pode ser terapêutico, até despoletarmos um tornado.
Toda uma mescla de maravilhas é implementada neste jogo, desde os gráficos, às físicas ou mesmo à resolução dos puzzles. As físicas são com certeza uma das estrelas em destaque, tendo em conta que tanto a areia como a água são simuladas o mais realistas possíveis. Basta arrancarmos uma planta do chão para vermos a maneira como os grãos reagem, excelente trabalho da Pixel Reef nesta vertente.
Um dos dilemas com este jogo é a maneira como o mesmo aborda os puzzles. Por um lado, sou completamente a favor de que os jogos não deem a mão, por outro, sinto que têm de oferecer uma alternativa a quem apenas queira pegar num jogo e descontrair, desligando a maior parte do cérebro para que apenas relaxe durante meia hora. Aqui, não oferecendo alternativas, os puzzles podem acabar por se tornar incómodos nesse sentido.
Embora um pouco inortodoxos, os puzzles são altamente potenciados pela maneira como os controlos (Move) foram integrados com o jogo. Não só temos controlo completo e fluido do cenário que nos rodeia, o tutorial de como o conseguimos alcançar é numa sessão de calibração ao som da banda de rock japonesa TsuShiMaMiRe.
Paper Beast já está disponível em exclusivo para PlayStation VR.