Lembras-te quando, em pleno 2020, o maior pesadelo da humanidade aconteceu, e todos nós vivemos os piores tempos das nossas vidas sem sabermos o que fazer, sem podermos sair, sem podermos estar com os nossos? Recordo-me que, nesses tempos, até visitar os meus avós que moravam a dois quarteirões de mim era arriscado e até tanto os vizinhos deles como nós próprios zelávamos pelos mais velhos do prédio que não tinham meios para fazer as suas lidas… Enfim, tempos tristes mas que nos marcaram e restabeleceram alguma da humanidade que se havia perdido um pouco.
Recordando esse tempo, é fácil lembrarmo-nos dos jogos que nos serviram de escape. Ligando o ecrã, não víamos só mais uma cara aborrecida, corríamos e saltávamos por Animal Crossing com os nossos amigos na única forma de contacto que tínhamos para estarmos com eles. A calmaria das nossas pequenas ilhas, os nossos paraísos à beira mar, eram uma forma de apaziguarmos a nossa torrente de pensamentos nesses tempos.
Passada quase meia década – e ainda agradecendo à Nintendo por todos esses momentos, mas que poucas razões nos deixa atualmente para voltarmos – é chegado o momento de partirmos para outras ilhas, onde possamos encontrar refúgio e calmaria da vida louca e turbulenta do dia-a-dia.
Petit Island é isso mesmo que procura ser: um paraíso de refúgio.
Com uma arte onde se simplifica as formas ao máximo, mas não chegando à geometrizaçāo pura. Todas as arestas são suavizadas numa reflexão de todo o sonho que a Xelo Games procurou criar para nós. Com uma paleta de tons vivos mas suaves que encaram os nossos olhos.
Com uns ciclos de animação que, também, inspiram calmaria e tranquilidade, que poderão não servir para um dia de impaciências. Sente-se uma leveza em tudo o que a nossa vista alcança: cenários, personagens, UI. Até a banda sonora é, inclusive, excepcionalmente calma e sonhadora.
Pessoalmente, em termos de controlo, gostava que a nossa personagem pudesse correr um pouco mais rápido mas, também, não é todos os dias que podemos ver uma gatinha andar a saltitar com as patinhas assim tão feliz e contente. As animações da forma como a nossa personagem percorre o mapa mudam, e há vários tipos de marcha. No entanto, podemos fazê-la “correr” ou andar “em bicos de pés”.
Nesta ilha, à semelhança de Animal Crossing, podemos conhecer imensos residentes, cada qual com as suas profissões e hobbies que, inclusive, nos inspiram. Devo dizer que deveria existir uma forma mais fluida de trocar entre uma cana de pesca, pá, rede de apanhar insectos, etc. Temos sempre de ir ao menu principal, entrar na mochila e aí sim, equipar o que queremos usar no momento, o que quebra um pouco o ritmo e fluidez da jogabilidade.
Tirando isso, podes fazer aqui de tudo um pouco, à semelhança dos jogos do mesmo género, com um vasto leque de idiomas que sempre ajuda, nomeadamente, se estiveres a pensar em pôr os mais pequenitos a jogar.
Em última instância, este belo passeio traz uma nobre missão que, subtilmente, poderá mexer com os corações aí em casa e perspectivar aquilo que realmente importa nunca esquecermos.
Mas, em suma, valeu a pena jogar o Petit Island? Quando a busca é por um jogo que nos dê algum refúgio semelhante ao que vivenciámos em Animal Crossing, sim. De resto, se tens dias muito agitados, estás impertigado e sem paciência para um jogo puramente calmo, onde não há correrias nem combates, este jogo não é para ti.
Esta foi mais uma bit-nálise, análise tão curta que nem um bit ocupa. Em baixo, podes contar com a ficha técnica:
Nome e Preço: Petit Island – 19.99€
DLC e Preço: Nada até ao momento.
Desenvolvedor: Xelo Games
Editora: SOEDESCO
Metacritic: Petit Island
HowLongToBeat: Ainda não existe.
Conquistas: 25
Testado numa: PlayStaton 5
Agradecimentos: Obrigado à editora pela cedência de uma chave para bit-nálise