Seja para passar bons momentos ou seja para trabalhar, um dos principais periféricos que temos para o mundo digital passa quase sempre por um painel, e toda a nossa experiência pode ser alterada dependendo da qualidade do mesmo.
Já anteriormente, referimos na nossa análise ao AOC Agon Pro que a qualidade de imagem de um painel OLED supera em muitos pontos um LED normal, e o que a Philips fez com o seu Evnia 8000 foi pegar numa tecnologia de topo e juntar a sua experiência em televisores para criar um monitor que consegue ser polivalente em muitas áreas.
Utilizámos este monitor para consumir diversos tipos de mídia durante quase 80 horas. Isto incluiu sessões de jogos (como é óbvio) e assistir a algumas séries; mas aproveitámos a polivalência deste monitor para, simplesmente, trabalhar. Sim, além do tempo que dispensámos para conseguir fazer esta análise, também aproveitámos a qualidade deste monitor para efectuar as tarefas do dia a dia, essas que muitas vezes não são as que mais apreciamos, mas que, com um painel desta qualidade, se podem tornar em tarefas fáceis de apreciar e efectuar.
O pacote
Este monitor é-nos entregue com a quantidade necessária para podermos ter todos os nossos aparelhos conectados sem qualquer problema, contamos com
- 1 Cabo HDMI
- 1 Cabo DisplayPort
- 1 Cabo USB upstream
- 1 Cabo USB-C para USB-C
- 1 Cabo de alimentação
- Adaptador e suporte VESA necessário e parafusos
- Base do monitor
Podemos dizer que a base deste monitor é bastante bem conseguida, não ocupando espaço desmesurado, e com duas funcionalidades sempre bem vindas: suporte para headphones e um guia para cabos muito bem integrado com o suporte.
A montagem é feita através de um simples encaixe onde o único problema será o tamanho e peso do próprio monitor, já que o mesmo é muito fácil de encaixar e retirar.
Durante a maior parte da análise, usámos o monitor num braço duplo, onde tivemos que utilizar o adaptador incluído. Também este foi de fácil instalação.
O monitor tem uma construção bastante sólida onde o painel é protegido por algo que não parece ser o habitual vidro dos OLED mas sim um composto plástico. O frame do monitor de cor cinza é simples e fácil de nos habituarmos (principalmente para quem usa quase tudo em tons escuros, como eu).
Algo que somente notamos quando ligamos o monitor são as margens que este tem; se, inicialmente, pensamos que este monitor vai ter margem zero como estamos habituados a ver em muitos televisores, aqui contamos com margens de cerca de 1cm nas laterais e 0.75 no topo (em baixo, a margem é disfarçada por um frame que contem o led de power).
As entradas e as saídas
Para quem não é fã de transformadores externos, este monitor é o sonho de qualquer um. Com uma fonte de alimentação interna, o monitor é-nos entregue somente com um cabo de alimentação, num velhinho formato C13, sem que tenhamos a necessidade de ter uma caixa extra que tenhamos que esconder, ou em que o comprimento do cabo entre o monitor e o transformador não seja suficiente para que o possamos colocar no sítio mais desejado para o nosso gosto.
Mas nem tudo está num formato que onde possa haver consenso, já que as marcas continuam a apostar num posicionamento das saídas na parte inferior do monitor, demasiado perto da frame exterior e com uma orientação em que temos de fazer alguma ginástica menos saudável aos cabos para que não estejamos a olhar para eles, a espreitar, constantemente, e a relembrar-nos que o nosso setup não está tão limpo quanto desejávamos.
HDMI 2.0 x 2, DisplayPort 1.4 x 1, USB-C x 1
USB C com PD (Power Delivery) até 90W, algo que vamos aprofundar na usabilidade do monitor, mas algo que deveria ser visto com melhores olhos por outras marcas.
As duas colunas de 5 watts que nos são oferecidas são, talvez, das melhores colunas que tivemos oportunidade de usar num monitor. Não sendo colunas que nos vão servir para ouvirmos música ou longas jornadas de jogos, podemos dizer que têm qualidade suficiente para servirem como segunda escolha quando não queremos colocar os headphones ou não temos um sistema dedicado de som.
O painel e usabilidade
Durante todo este tempo com o monitor, obtivemos experiências diferentes em utilizações diferentes.
Um exemplo disso foi a utilização de um Hub USB C para ligação de um Macbook através de HDMI ao monitor. Por alguma razão, a resolução definida era a correcta; contudo, a taxa de refrescamento assumiu 30Hz sem opção de mudar. Decidimos continuar com esta configuração para ver se a qualidade da experiência era agradável para alguém que não tivesse o conhecimento técnico para identificar o problema. Resumindo, sim, a qualidade que o painel tem faz com que a taxa de refrescamento seja esquecida passado algum tempo.
Contudo, algo ficou notório com esta taxa de refrescamento: a funcionalidade de Pixel Orbiting (onde o monitor como que altera os pixels para a direita ou esquerda, de modo a imagem não esteja estática sempre no mesmo sítio) é muito agressiva, criando até algum desconforto.
Obviamente que isto fica demasiado notório num refrescamento baixo, contudo, testando o mesmo comportamento a 60Hz.
O monitor é operado por um único joystick que se encontra na parte traseira do lado direito, através dos direccionais e da activação do mesmo como um botão, podemos alterar tudo o que se encontra relacionado com este monitor.
Funcionalidades que se podem tornar bastante úteis são a de Picture in Picture (imagem sobreposta) e a de Picture by Picture (imagem lado a lado), as quais nos permitem ter duas entradas de vídeo a serem transmitidas em simultâneo no painel. Isto pode abrir-nos espaço a, por exemplo, estarmos a escrever esta análise através de uma entrada Displayport, enquanto temos uma entrada HDMI a transmitir a nossa TV de casa, no canto superior direito. Podemos estar a renderizar algo num servidor (e monitorizar), e usar outra fonte para estarmos numa reunião. A usabilidade pode ser feita de várias maneiras e, sempre que usamos o modo PBP, tudo é feito de forma fluida nos sistemas operativos, identificando as resoluções corretas.
Algo que pode merecer melhoramentos é o modo PIP ficar com uma imagem estranha se uma das fontes estiver a usar o modo HDR.
Por fim, vamos falar de algo que este monitor – além de todas as outras funcionalidades em termos de imagem nos tem para oferecer – fez bem e que deveria ser, sem dúvida alguma, padrão em mais monitores.
O facto de termos uma porta PD faz com que possamos ligar qualquer portátil que suporte carregamento por USB C mas, além disso (e usando o cabo USB C fornecido), possamos ter também imagem. O que significa isto nos dias de hoje? Usabilidade e simplicidade numa interface tão simples que nos permite ter somente um cabo dedicado, por exemplo, para trabalho, onde podemos ligar sem pensar em resoluções, taxas de refrescamento, adaptadores, carregadores. Mais! Usando as duas portas USB A que temos, podemos ligar, por exemplo, um teclado e rato e temos num só aparelho uma docking station perfeita em usabilidade e direcionada a um ambiente de produtividade, numa altura em que trabalho remoto é cada vez mais usual. Tudo isto é algo que vemos normalmente em monitores de linha empresarial e com um direcionamento específico.
Mas nem tudo é trabalho com este monitor, pois também brilha, e bem, no que diz respeito a jogos. Os 175Hz permitem uma fluidez muito boa que aliada à componente de um contraste infinito do OLED, eleva toda a experiência em jogos com cores vibrantes (por exemplo, No Mans Sky ou Doom Eternal) e permite que em jogos onde a iluminação é um factor chave, os pretos sejam factor chave para a qualidade de imagem (por exemplo, Dead Space). Outro aspecto que torna todo o ambiente mais envolvente é o Ambiglow da Philips; apesar de ter algum atraso relativamente à imagem, torna qualquer divisão mais acolhedora.
O que gostamos
- A qualidade de imagem acompanhada pelos vários modos oferecidos pela Philips
- PD num monitor com estas caracteristicas
- PIP e PBP útil para multi tarefa
- Podendo ser uma questão de gosto, o facto de o monitor possuir uma fonte de alimentação interna faz com que volume ocupado pelo monitor seja menor
- O monitor tem uma qualidade de construção e detalhe bastante bom; não sendo um fã de dispositivos claros, o suporte do monitor está muito bem conseguido
- O Ambiglow torna a utilização do monitor muito imersiva: quer seja com temas dinâmicos ou fixos, a luminosidade traseira é, sem dúvida alguma, uma ajuda para toda a experiência
- Novamente, Power Delivery em monitores deveria ser, nos dias que correm, padrão. Excelente implementação. Bem jogado Philips!
O que pode melhorar
- Apesar de não ser tão clarividente como em outros monitores, as marcas continuam a colocar as entradas em sítios de difícil acesso e que podem tornar o aspecto das ligações um pouco atabalhoado
- Talvez por estar habituado a dispositivos Govee, o atraso de actualização do Ambiglow torna a experiência “menos” imersiva quando a opção de acompanhamento de imagem está ligada
- O salto de imagem existente para a protecção do painel pode-se tornar demasiado intrusiva e desconfortável