Continuando a saga em análise com o recém lançado Pikmin 1 + 2 para a Nintendo Switch, chegamos então ao segundo prato principal desta franquia! Prontos para continuar a aventura do capitão Olimar e regressar ao planeta dos Pikmin? 

Antes de mais, sinto que é importante deixar esta nota inicial a esclarecer que à semelhança da análise à primeira parte deste port, Pikmin 1, estamos perante uma sequela que também teve origem na Nintendo GameCube. No entanto, a versão Nintendo Switch que hoje temos em mãos transita igualmente da “remasterização” feita para a Nintendo Wii, onde alguns melhoramentos de controlos e de visuais para HD aspect ratio foram implementados. Posto isto em pratos limpos, o tratamento de ambos os jogos para este port da Nintendo Switch, foi igualmente e sobretudo ao nível da atualização dos controlos para se adaptarem aos Joy-Con, mantendo o aspecto gráfico de alta definição da Wii, e tudo o que já antes tínhamos direito. 

Com isto, acho que dispensamos cair na repetição da análise anterior, uma vez que já sabemos que não há exactamente grandes melhoramentos gráficos como queríamos, mas é de sublinhar igualmente que este não deixa de ser um port com um desempenho convidativo a largas horas de diversão, que valem a pena tanto para novatos como veteranos da saga, só pelo simples facto da sua portabilidade. 

Sabendo disto, o meu foco passa agora inteiramente para o conteúdo desta sequela em si. Está na hora de regressarmos ao planeta dos Pikmin!

Pikmin 2 arranca exactamente momentos após o desfecho do primeiro jogo, com Olimar a regressar ao seu planeta natal, só para descobrir que o seu patrão contraiu uma dívida na sua ausência e penhorou o único bem que a empresa detinha: a nossa estimada nave. Ora, mantendo o tom irónico do título anterior, não bastou só ficarmos sem a nave – ainda teremos de trabalhar para saldar a módica dívida de 10,000 Pokos do nosso chefe! Coisa pouca… Mas calma: há solução para tudo, ou não fosse o planeta dos nossos novos amigos recheado de tesouros que podem facilmente render-nos pipas e pipas de massa! Ah, aquele espírito colonizador…

Não há tempo para lamuriar as desgraças: Olimar sabe bem o que tem a fazer. Mas desta vez não estará sozinho! Louie, o filho do nosso patrão, irá acompanhar-nos para uma ajuda extra enquanto nos desdobramos a comandar Pikmins para todos os lados. 

Depois da originalidade com que Pikmin 1 brilhou na sua estreia, poderíamos pensar que a sequela não conseguiria superar a sua sombra, mas as mentes criativas da Nintendo demonstram ter ainda muita polpa por espremer e eis que este é mais um passo numa caminhada feita sempre a subir! Pikmin 2 evoluiu, trazendo profundidade desmedida, dois novos tipos de pikmin, umas boas mãos cheias de inimigos bizarros e mecânicas que vêem abrir o jogo para uma manipulação mais estratégica dos pikmins.

Para começarmos a focar as novidades que assentam belíssimamente sob os alicerces já construídos do título anterior, podemos então apresentar as novas estrelas desta instalação! A par dos pikmins vemelhos, azuis e amarelos, agora podemos contar com os novos pikmins albinos e outros mais escurinhos.

  • O Pikmin branco, mais pequenino e frágil, esconde um potencial incrível para detectar tesouros enterrados e começar a escavar. Não só estes são mestres da caça ao tesouro como também são uma grande arma secreta! Munidos de resistência a veneno, eles próprios quando sacrificados podem matar um inimigo que se atreva a dar-lhes uma mordezada.
  • O Pikmin preto, grande em todas as dimensões da palavra, é um tipo mais pesado e tão forte quanto 10 pikmins juntos! Este é também óptimo para arremessos a inimigos, mas não só! Retira vantagem do poder de força deste pikmin com toda a tua imaginação, mas tem em atenção pois por ser mais pesado, este é também mais lento…

Sendo que no jogo anterior estes eram os únicos que não tinham nenhuma vantagem em especial para além do arremesso, Pikmin 2 dá ainda aos pikmin amarelos a resistência à electricidade. Uma adição que tornou estes pikmin muito mais interessantes!

Com estas novas adições, novos obstáculos passam a bloquear passagens para outros tesouros e surpresas escondidas nos mapas. Estes últimos por ventura apresentam-se à superfície em menor quantidade que no título anterior, sendo inclusive um deles familiar para quem jogou Pikmin 1 mas em nada equiparável ao grau de complexidade com que se apresenta agora. No entanto, se podemos dizer que Pikmin 2 tem poucos mapas à superfície, é porque devemos mencionar a quantidade absurda – no bom sentido – de mini dungeons que têm níveis e mais níveis abaixo do solo.

Estas dungeons para mim foram a cereja no topo do bolo, libertando todo o potencial desafio que as mecânicas de Pikmin podem empregar. Começo por explicar: cada dungeon irá dizer-te que tipos de pikmins precisas para conseguires chegar ao seu último nível, onde geralmente encontrarás uma boss fight. Até este último, poderás ter uma dezena de mini mapas que terás de explorar às cegas, desbloquear passagens e abater inimigos para poderes desenterrar os tesouros escondidos em cada nível, pelo que vais querer fazer algum trabalho de preparação antes de te aventurares.

Se há algo que gostaria de referir neste ponto, é que a curva de dificuldade destas dungeons a certo ponto parece saltar do 8 para o 80. Com imensos níveis e inimigos, torna-se extremamente difícil sobreviver até ao último nível, quanto mais defrontar o boss. Por isso, é muito importante focar em cultivar pikmins a torto e a direito, e criar o maior batalhão que consigas. No entanto, à semelhança do jogo anterior, o máximo de pikmins que podes comandar são “apenas” 100. Número redondo, mas que se sente um pouco limitador e com propósito!

Felizmente, a meio dos mapas, por vezes, terás a sorte de encontrar umas flores que são agora utilizadas para trocar os pikmins que atirares para elas por outros da cor correspondente à da flor, sendo que inclusive há umas flores sarapintadas que em troca de um pikmin te dão duas mãos cheias de novos recrutas. De referir ainda é que estas dungeons funcionam como puzzles que temos de resolver para conseguirmos que todos os pikmins atravessem até ao objectivo, de forma a que quando a completarmos, os nossos resultados sejam gravados.

De referir também é que se Louie ou Olimar caírem em combate, poderás seguir com apenas um deles, mas se ficares sem pikmin ou ambos os tripulantes, perderás automaticamente todas as conquistas que conseguiste na dungeon. …E é por isto que é tão importante preparar muito bem a estratégia antes de nos atirarmos de cabeça para as profundezas destas grutas.

Quanto aos tesouros que irás recolher ao longo desta aventura, estes ficarão disponíveis num menu à parte no ecrã em que selecionas o mapa antes do começo de cada dia. Estes tesourinhos vão de coisas bastante banais e objectos do quotidiano a verdadeiras relíquias dignas de estarem num museu da Nintendo. Se há algo a reportar aqui, é que o “valor” em pokos atribuído a certos objectos fica um pouco aquém das expectativas, mas é sem dúvida muito mais divertido descobri-los e desenterrá-los do que encontrar as 30 peças da nave no jogo anterior, pelo que é tarefa que se faz com muito gosto.

Já quanto a cultivar novos pikmins, achei algo estranho os botões das flores que apanhamos não nos concederem o número que indicam. Os mesmos servem mais para indicar o número de pikmins necessários para carregá-lo até à nave-mãe. Não é que me faça muita comichão, pois tal poderia tornar o jogo um pouco mais rápido – imaginem, por exemplo, apanhar um botão de 20 – mas acho que não teria mal em evitar-se essa confusão com os números, uma vez que com tantos outros objectos e inimigos, apenas sabemos quantos pikmins são necessários quando interagimos com eles.

Uma nova integração neste jogo a referir, e muito útil, é os buffs que foram introduzidos por meio de sprays que podes criar para fortalecer os teus pikmins ou petrificar os teus inimigos. Estes sprays são produzidos com o sumo das bagas de um novo tipo de flora, ou com o néctar da mesma cor que pode ser encontrado em ovinhos espalhados pelo mapa, mas muitíssimo raros! Para recolheres as bagas, os teus pikmins terão de martelar no topo da flor até as bagas caírem todas.

Se for uma flor de bagas vermelhas, irás produzir um spray que dá velocidade e força frenética aos pikmins. Já se for de cor roxa, será um spray que irá petrificar os teus inimigos e dar-te alguns segundos de vantagem para os derrotares. No entanto, quanto a este último, não me foi assim tão útil quanto possas pensar. É que cada inimigo tem o seu ponto fraco a que devemos fazer pontaria para lançar o máximo número de pikmins que conseguirmos, o que é difícil.

Gostaria agora de tirar o chapéu aos conceitos dos inimigos que se estreiam nesta sequela. Como já mencionei acima, alguns são bastante bizarros, criativos, com um foque especial para novos tipos de aranhas – que dispensava, mas que, se o objectivo era me arrepiar o pêlo, conseguiram! Mais engenhosos no combate, prepara-te para seres apanhado desprevenido. Um momento de hesitação e o teu pequeno exército de pikmins já era. Palavras que são mel para os verdadeiros fãs de estratégia!

Já palavras a mais são mesmo as dos menus que continuam a interromper-nos o jogo com informação que já foi repetida algumas vezes mesmo até meio do jogo. A minha luta com estes ecrãs informativos na franquia parece ser eterna… A início são bons tutoriais para ajudar a orientar o jogador, mas depois tornam-se rápidamente muito chatos. Deixem-me jogar!

Nota ainda que adorei ouvir os pikmin a cantar. É isso mesmo: agora ao longo do percurso, enquanto os guias pelo caminho, eles começam a cantar. No repertório temos uma melodia agradável, uma clara admiração ao lord farquaad, e uma melodia algo mais tensa que faz lembrar uma cínica criança a cantarolar a meio da noite la la lala la… Só que nas vozes dos pikmins que já conhecemos.

E já que falamos em melodias, Pikmin 2 mantém o registo da jogo original, nomeadamente marcando um ritmo relaxante com sons que remetem para o ambiente em que nos encontramos, seja selva, as cavernas, ou até os mapas feitos de passadissos de metal.

À semelhança de Pikmin 1, esta sequela tem um modo de jogo adicional que, pela primeira vez, coloca dois jogadores frente a frente numa batalha de pikmins. Duas equipas, de até 50 pikmins vermelhos e azuis, defrontam-se num dos 10 mapas disponíveis numa corrida por desenterrar quatro berlindes amarelos. Cada equipa tem também de proteger o seu berlinde, vermelho ou azul correspondente, numa espécie de capture the flag. Se o berlinde inimigo for capturado e transportado com sucesso para a nossa base, ganhamos o jogo! Pelo caminho, temos, no entanto, vários inimigos comuns a ambos os jogadores, ovinhos com néctar para produzirmos sprays e fortalecermos os nossos pikmins, e cerejas. Estas últimas funcionam como uma roleta da sorte, onde ao capturares as mesmas, a tua equipa ganhará um dos bónus que esta pode conceder: inimigos que irão infestar o campo adversário ou mais spays, entre outros. Como deves imaginar, este modo funciona em split-screen horizontal e é, de facto, muito divertido e igualmente caótico!

Para terminar numa nota final, tendo agora na balança tudo o que analisámos tanto para Pikmin 1 como Pikmin 2, gostaria de deixar umas considerações finais sobre este Pikmin 1 + 2. Nomeadamente, como já atestámos, estes ports de “remasters” não têm muito que lhes valha essa mesma definição. Mas tendo em conta que estamos basicamente a pagar 15€ por cada um destes jogos num só pacote, e temos acesso sem depender do NSO para jogar estes clássicos em modo portátil, parece-me um preço justo. Isto também tendo em conta os valores que a Nintendo pratica, torna-se na melhor forma de entrares nesta franquia se nunca antes tiveres jogado Pikmin.

Agradecemos à Nintendo Portugal por nos ter cedido uma chave para análise.

Pikmin 2 já está disponível em Pikmin 1 + 2 lançado para a Nintendo Switch.

CONCLUSÃO
Desafiante!
8
Joana Sousa
Apaixonada pelo mundo do cinema e dos videojogos. A ficção agarrou-me e não me largou mais! A vida levou-me pelo caminho da Pós-Produção, do Marketing e da organização de Eventos de cultura pop, mas o meu tempo livre, dedico-o a ti e à Squared Potato.
pikmin-2-nintendo-switch-analiseDepois da originalidade com que Pikmin 1 brilhou na sua estreia, poderíamos pensar que a sequela não conseguiria superar a sua sombra. Mas as mentes criativas da Nintendo demonstram ter ainda muita polpa para espremer e eis que este é mais um passo numa caminhada feita sempre a subir!