Depois da nossa aventura por Pixel Ripped ’95, fiquei com imensa vontade em experimentar o seu título antecessor. Pixel Ripped ’89 já anda por cá há dois aninhos, mas só agora e graças à Arvore Immersive Experiences é que tive a oportunidade de o experimentar nos Oculus Quest para te trazer esta análise fresquinha. Portanto, prepara-te para embarcar em mais uma sessão de nostalgia!
Os primeiros tempos
O primeiro título de Pixel Ripped transporta-nos para 1989, numa clara homenagem ao mundo monocromático da era 8-bit. Aqui, interpretamos o papel de Dot, uma guerreira que tem como missão, proteger o mundo virtual dos videojogos, e o Pixel Stone (literalmente 1 pixel) de cair nas mãos do sádico Cyblin Lord. No entanto, o caos irrompe, e com ele Cyblin consegue tomar posse do artefacto mais valioso do mundo! Tal permite-lhe viajar entre o mundo virtual dos videojogos e o mundo real dos humanos, e espalhar o terror.
No papel de Nicola, uma rapariga do ensino básico que preenche largas horas do seu tempo a jogar videojogos, temos todas as skills necessárias para ajudar Dot na sua demanda, por restaurar a normalidade, e impedir o malvado Cyblin de corromper o mundo. No entanto, várias são as distracções que temos de causar, para que os adultos nos deixem concluir esta jornada, sem que nos seja retirada a nossa Gear Kid. Esta trata-se de uma consola portátil 8-bit que tem as suas inspirações na Game Gear e no Game Boy, sendo este último lançado no ano que este primeiro título de Píxel Ripped retrata: 1989. Contudo os easter eggs não se ficam pela Gear Kid, pois a nossa personagem possui ainda uma NES Power Glove de fazer inveja!
Comparação ‘95 e ‘89
Depois de uma experiência tão rica, quanto a de Pixel Ripped ’95, devo dizer que senti uma certa escassez de conteúdo ao jogar agora este titulo. Isto tendo em vista que na sequela, estamos sempre a experimentar e a aprender dentro do VR a interagir com diferentes géneros de jogabilidade e mecânicas, e seguimos uma história bastante sólida. Em Pixel Ripped ’89 contudo, tal não se verifica.
A jogabilidade é um pouco repetitiva, na medida em que por várias vezes visitamos a mesma sala de aula, onde temos de esconder a Gear Kid por baixo da mesa, ao passo que causamos as mesmas distracções à professora para continuarmos a jogar. Há no entanto diversos cartuchos que poderemos coleccionar em cada nível, e que trazem algumas modificações ao jogo, para além de desbloquearem novas cores para a nossa Gear Kid. Este é um aspecto que te vai trazer de volta a Pixel Ripped ’89 algumas vezes.
A nível de longevidade, poucos são os capítulos do jogo, sendo o próprio jogo da Dot muito semelhante em cada capítulo, e consequentemente, as batalhas contra o boss, também são muito semelhantes umas às outras, ao passo que em ‘95 envolvia sempre mecânicas diferentes.
Contudo, estas comparações têm de ser vistas como melhorias que a Arvore se empenhou em trazer à franquia na sua sequela, e não pensar tão negativamente em relação à sua primeira entrega. Há 2 anos atrás, Pixel Ripped ’89 foi um estrondoso sucesso dentro da comunidade apaixonada por Realidade Virtual. E ainda hoje, após terminada a minha experiência, o considero um must-have em qualquer biblioteca de VR de um amante de Retrogaming, sendo claro, obrigatória a aquisição da sequela consequentemente. E já dou por mim a sonhar com a próxima iteração…
Eram tempos mais simples
Isto porque temos de olhar para a simplicidade dos tempos que Pixel Ripped ’89 procura reavivar nas nossas memórias. Jogos mais simples, poucos géneros, em contraste com a expulsão que se deu na era 16 bit e adiante. No entanto encontramos sobretudo uma forte nostalgia que homenageia a geração que se lembra de levar as suas consolas 8-bit para a escola. Aliás, esta experiência pode não ter muita história, e no entanto preencher-te, porque sobretudo a mesma existe para fazer-nos reviver 1 dia de escola, em 1989. Pelo que desde a sala de aula, ao recreio, e até passarmos pelo gabinete do Director (disto dificilmente sentirei nostalgia), temos a experiência completa.
Dou-te o exemplo de algo que o meu par de olhos não via à mais de uma década: um projector de acetatos… Ainda cheguei a gastar uma pequena fortuna em folhas dessas para trabalhos que nunca serviram para nada. Os miúdos de hoje em dia jamais saberão identificar tal aparelho, mas antes, era das melhores formas de passar informação na escola, sem se escrever no quadro de ardósia. Outra coisa a recordar é os tempos em que para vermos fosse o que fosse em aula, a professora tinha de requisitar a TV da escola, aquele calhamaço de CRT, que era trazida até à nossa sala num carrinho, e recebido com ânimo pela turma.
Aquelas brincadeiras das trocas de papéis para passar-mos mensagens… Não sei se os miúdos de hoje em dia ainda utilizam esse método mas duvido bastante. No entanto, tivemos aqui um momento de uma boa corrente de mensagens a trocar entre nós e a turma, sem despertar a atenção da professora. Na minha altura ainda mal se tinha um browser num telemóvel, e em 1989 nem se fala… Outra “tecnologia” que redescobrimos aqui, são as famosas canetas onde molhávamos algumas balas de papel e disparávamos secretamente para o primeiro alvo que nos aparecesse à frente… Ah! Risos e tempos mais simples…
Sythwave que te leva de volta aos 80’s
Pixel Ripped ’89, tal como o seu sucessor, possui uma forte componente musical. Até porque retrata uma era onde a música acima de tudo ajuda a ambientar o espectador. Como tal, há a destacar o grande tema principal da franquia, que composto por Terence Dunn, numa curta frase, já se tornou icónico. Dificilmente este tema te vai sair da cabeça. Apenas com meia dúzia de notas de guitarra eléctrica que invocam imensa nostalgia e uma batida de fundo em Sythwave, temos aqui uma espécie de hino que homenageia toda uma geração.
Pixel Ripped ’89 já está disponível para PlayStation VR, Oculus, Steam VR, Vive Port, e Springboard.