Saí pelo portão principal da aldeia, escondendo-me no relvado esguio. Em frente encontra-se o meu arqui-inimigo, Bidoof, com a sua larga e intimidante dentuça. Tenho a sensação que ele sabe do meu paradeiro mas, em gesto de gozo, mostra-me as suas costas e afasta-se progressivamente. Com a pokébola em punho arremesso a mesma, atingindo as suas costas. O engenho produz um som semelhante a um estalar violento e, momentos depois, o doce som da vitória. “Por Arceus, que divertido!” pensei eu. Um sentimento que viria propagar-se repetidamente durante as próximas horas.

Bidoof foi o primeiro bichinho que apanhei em Pokémon Legends: Arceus, o novo título da Game Freak que vem revitalizar uma fórmula em desgaste não só pelo tempo, mas também pela forte dependência do poleiro confortável onde se encontrava. Sem divagar muito no ‘porquê’ que rodeia toda essa temática a equipa responsável, felizmente, quebrou a amaldiçoada rotina e desenvolveu um dos jogos mais divertidos em toda a franquia. Argumento até que quase todos os aspetos nesta nova iteração são subvertidos para manter a experiência fresca, sem nunca perder os elementos nostálgicos que a caracterizam. Lembram-se da escola para treinadores Pokémon na região de Kanto, presente na cidade de Viridian? Anuncio com felicidade que a Game Freak abriu as portas a novas matrículas a partir deste fevereiro. Tirem apontamentos porque agora vamos para um Mestrado.

Nota: esta análise contém spoilers. No entanto os finais obtidos e outras características estão salvaguardadas no trecho principal. Porém, como um pequeno extra à análise e após a conclusão (à lá cena pós-créditos de um filme) irei redigir um pequeno parágrafo ou dois sobre uma personagem em específico. Espero que gostem, mas leiam apenas se já tiverem terminado! Noutra nota joguei entre 50 a 60 horas, apanhei todos os pokémon “especiais e incógnitos”, terminei uma demanda secundária importante com 108 colecionáveis, assim como as Old Verses e muitas outras. Ficou por concluir o Pokédex a 100% e alguns rematches pós-jogo com certos NPCs.

Olhemos, por exemplo, para uma das mecânicas mais conhecidas da franquia: tall grass. Este sítio sempre representou uma zona de perigo; área onde qualquer um dos monstros de bolso poderiam, aleatoriamente, provocar um confronto direto. Em Pokémon Legends: Arceus é, ironicamente, onde maior parte do tempo de jogo é passado aliado a mecânicas furtivas. O pokédex é outro elemento subvertido: outrora a missão passava por preenchê-lo com informação existente, mas agora a tarefa passa por registar a informação cumprindo objetivos como capturar e/ou derrotar um determinado número de pokémon. Atenção que, ao contrário de outros títulos, esta iteração conta com uns meros 240 bichinhos e mais uns trocos. De todas as decisões esta passará por, quiçá, ser a mais sensata de tomar.

Posto isso a narrativa, ao contrário do conto habitual, decorre em certa parte sob os mesmos moldes anteriores: eventos testemunhados em primeira pessoa. Porém a personagem principal, Rei ou Akari (nomes canônicos) encontra-se na tenra idade dos quinze anos. À vista desarmada pode não parecer muito, mas subir a faixa etária para a adolescência presta mais credibilidade quando comparado com títulos anteriores. Eu sei que suspendemos a incredulidade por acreditar num mundo repleto de monstros multicoloridos, mas a sério que uma criança de dez anos captura 151 deles, impede uma organização terrorista de governar o mundo e ainda se torna no campeão regional de batalhas pokémon? Contudo, novamente, a história só ganha com esta decisão, evoluindo assim para um foco mais adulto tanto em contexto como em progressão.

Não interpretem mal: a mensagem subliminar em Pokémon Legends: Arceus continua a ser “Apanhá-los todos!” sendo isso dito, por outras palavras, no início da aventura. No entanto, desta vez, o protagonista é confrontado com uma realidade mais áspera: desconfiança, medo, insegurança; isto porque a aldeia Jubilife, polo central da aventura em Hisui, não tem laços criados com as conhecidas criaturas; não existe o mais singelo sentido de comunhão e o líder da aldeia não tem ânimo para implementar o contrário. Pokémon são vistos como monstros e conotados com a ideia de destruição e caos. Para vender com mais facilidade essa ideia o nosso avatar padece de um clichê comum; o mais fácil de introduzir numa narrativa: o protagonista estrangeiro e amnésico. Porém Pokémon continua a ser fiel a si mesmo como uma franquia adorada por um número incontável de fãs, muitos deles novos e impressionáveis com (ainda) pouca capacidade de reflexão. Não obstante a “verdadeira” penúltima batalha da história, todos os encontros até então são tratados com alguma leviandade. Como vernaculamente é dito “para quem não está nem aí” a narrativa decorre como se fosse mais um dia, um obstáculo a ultrapassar na correria desenfreada para chegar até ao fim. Contudo o verdadeiro leite moomoo está nos detalhes e no texto que, lido com atenção, revela camadas e camadas na escrita. Esta é e sempre foi a estratégia da saga para manter aquele PEGI 7 como classificação.

Este trecho é, inclusive, corroborado pelas várias opiniões testemunhadas não só nas redes sociais, entre colegas do mesmo meio, mas também pelos artigos de opinião e subsequentes peças críticas. Pokémon Legends: Arceus tem um enredo e uma narrativa amena, muito branda na sua exposição exceto quando uma cinemática serve para introduzir um pokémon nobre, baixando a guarda aos mais desatentos pois, realisticamente, fora Black/White (ainda assim) Pokémon nunca expôs este elemento de uma forma possante ou robusta; quero com isto transmitir que nunca existiram sequências cinemáticas espalhafatosas ou reviravoltas na trama principal como outros videojogos fazem. Admito, no entanto, que os últimos momentos após os créditos finais são um pouco aborrecidos, repletos de missões como “vai aqui e derrota isto” e “vai ali e volta”. Concordo que podia ter sido feito um esforço para tornar estas últimas secções mais dinâmicas e interessantes.

Com todo o respeito pela demanda principal, bastante divertida com foco nos novos pokémon nobres, na política dos clãs Diamond e Pearl e naquele verdadeiro final inesperado, são as demandas secundárias que roubam os holofotes; abençoadas por um world-building estupendamente bem feito, ainda que humilde na sua execução. Uma delas, por exemplo, retrata um dos factos mais perturbantes sobre o pokémon Drifloon, monstro conhecido por ser responsável pelo desaparecimento de várias crianças. Porém, no final do dia, quem despender tempo e paciência nestas missões lúdicas e encantadoras será recompensado com um peso na consciência: a feliz responsabilidade de ser o autor por aproximar ambas as espécies. Isto traduz-se em mudanças visíveis por cada vez que voltamos a Jubilife, convivendo com a origem de uma conhecida expressão nas outras iterações “Nós, humanos, vivemos amistosamente lado a lado com pokémon”.

Semelhantemente a maior mudança passou pela jogabilidade, causando apreensão inicial entre fãs. É certo que a exploração continua a decorrer em terceira pessoa, mas num ponto de vista mais pessoal e próximo do avatar, perfeito para transmitir a sensação de imensidão que as novas áreas de Hisui providenciam. Na verdade não é nada de surpreendente por si só: controlar a personagem num vasto mundo aberto, mas quando esta noção é aplicada à saga em questão tudo muda de figura. Tem muito mais impacto abordar Pokémon Legends: Arceus como fã dos títulos anteriores por este, simplesmente, ser tudo o que sempre foi desejado de uma entrada moderna na franquia.

Dito isso Pokémon Legends: Arceus subverte a ideia e foco principal da aventura ao colocar a personagem principal como um agente mais ativo; é fantástico contemplar quão íntima e bem construída está toda a experiência. Torna-se imbatível não só a sensação e entusiasmo, para um fã da velha guarda quando o primeiro pokémon é capturado e utilizado em combate, mas também quando o horizonte convida e aguça a curiosidade por exploração. É de uma enorme recompensa tirar tempo para sondar os vários cantos de cada bioma. No entanto, não deixa de ser igualmente impressionante confirmar que este mundo é muito mais perigoso do que anteriores; a nossa personagem pode, ocasionalmente, desmaiar caso um pokémon selvagem ataque repetidamente. São estes novos elementos e tantos outros como: minerar recursos, recolher frutos para elaborar novos itens ou até utilizar outros pokémon para voar ou atravessar água, que refrescam a experiência e ajudam a construir áreas credíveis.

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Subversão é, sem dúvida, a palavra do dia quando aplicada a esta iteração em específico. Um dos aspetos mais curiosos, por exemplo, foi o sistema de crafting, uma novidade que substituiu, para mim, voltar a comprar uma pokébola. É difícil justificar essa ação quando todos os ingredientes utilizados na criação estão à mão de semear no ato de exploração, sendo este um complemento excelente ao já viciante ciclo de jogabilidade. Por outro lado, infelizmente, isto transforma os vendedores de Hisui numa consideração à posteriori; um mero desenrasque em momentos de necessidade. O mesmo não pode ser dito dos entusiasmantes alfa pokémon, variantes mais perigosas e intimidantes dos monstros comuns. Estes vêm com EL’s (mais sobre isto nos parágrafos seguintes) superiores e uma ou outra habilidade que não é natural em si quando comparados com os seus congéneres. Porém, sendo honesto, a única exclusividade destas variantes são o seu tamanho (cada alfa é a versão mais alta daquele pokémon) dado que os EL’s podem ser melhorados com itens e as habilidades ensinadas em Hisui graças a um NPC especial. Apresentam combates mais difíceis, mas nada mais do que isso.

Não obstante tudo até agora ser Pokémon mas virado do avesso, Pokémon Legends: Arceus é, sem sombra para dúvida, um verdadeiro título da franquia em muito mais do que nome. A Game Freak achou por bem apimentar o combate tradicional, transformando-o num elemento ainda mais vivo, com a possibilidade do nosso avatar andar livremente pelo campo de batalha e, também, alterando a pureza de um sistema por turnos num sistema por turnos condicionado (Conditional Turn-Based; pensem Final Fantasy X). Relembro, no entanto, que em jogos anteriores a estatística Speed era cobiçada por determinar a quem pertencia a iniciativa. O mesmo já não acontece com tanto impacto devido à introdução dos estilos Agile ou Strong, presentes em cada habilidade com a função de tentar antecipar ou adiar um turno a custo de reduzir ou aumentar o poder do ataque. Sendo assim é natural que jogadores mais experientes quererão dar prioridade a naturezas mais ofensivas apesar de, infelizmente, não ser possível batalhar contra outras pessoas. Fora os últimos confrontos do enredo e outros no pós-jogo principal, não são necessários bichinhos competitivos, embora reconhecer as fraquezas dos diferentes tipos, como por exemplo Electric contra Flying, seja uma exigência muito importante para a vitória.

Por mencionar competitivo Pokémon Legends: Arceus surpreendeu-me ao excluir, por completo, a noção antiquada de EV e IV’s (assim como a mecânica de breeding). Pela Game Freak nasceu a decisão de simplificar um sistema outrora convoluto onde, no seu lugar, apresentam-se os Effort Levels ou EL’s, um número de zero a dez que aumenta as seis estatísticas governantes de um pokémon, relevantes para o seu desempenho em combate. Para progredir nestes EL’s basta alimentar o nosso companheiro com itens específicos obtidos através de várias maneiras: recompensas por concluir demandas, derrotar ou capturar monstrinhos mais fortes ou a mais relevante para o ciclo principal da jogabilidade: libertar pokémon em massa, uma mecânica sempre ignorada com pouca ou nenhuma utilidade até agora. Algo que tem de ser referido e espera-se que seja uma novidade a manter é conseguir mudar os ataques dos nossos pokémon em qualquer momento da jogabilidade exceto combate. Este elemento quality of life é muito bem-vindo e facilita em muito ter o parceiro que desejamos para qualquer altura.

É difícil não continuar a referir a direção ousada que Pokémon escolheu seguir com esta iteração. A própria aventura é toda ela diferente do início ao fim, seja em enredo, como por exemplo a falta de Gyms e de uma Elite Four até à própria jogabilidade, pautada por uma progressão com alguma repetição à mistura, mas com um estilo completamente diferente. Toda a trama em torno do Pokédex, por exemplo, está muito bem implementada, este não só como uma componente de uma experiência coesa e coerente, mas também com uma utilidade superior ao de um mero incentivo à coleção de todos os bichos. Esta franquia tão amada, de um modo geral, nunca se preocupou em dar aos jogadores pouco mais do que um espaço para explorar, capturar e batalhar, sendo que Arceus é, genuinamente, a primeira iteração onde o ênfase reside na exploração que, por outro lado, revela ser mais acolhedor e interessante para o jogador. Esta progressão está de tal maneira estruturada em torno da experiência principal que, fora uns momentos-chave, é possível terminar grande parte da aventura sem interagir com uma única batalha tradicional.

Dito isso sinto que esta nova aventura nasce como uma amálgama das ideias mais originais que assolaram todas as anteriores. O dilema dos pokémon nobres, por exemplo, relembra muito os Pokémon Totem de Sun e Moon. Arremessar pokébolas como uma mecânica mais íntima para o jogador e receber experiência por isso relembra os esforços feitos em Pokémon Go/Let’s Go. As áreas mais expansivas de Hisui são semelhantes às áreas abertas de Pokémon Sword/Shield, em especial os seus DLCs. Quase parece que este Arceus sai no momento certo; precisamente quando teria de ser lançado, com todas as outras iterações a introduzirem uma ideia inovadora para implementar posteriormente.

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Para além de tudo o que está remetido à narrativa e jogabilidade falta ainda mencionar a fantástica escolha artística. Tendo em consideração a temática fez muito sentido a Game Freak optar por colorir, da cabeça aos pés, tudo em Pokémon Legends: Arceus com aguarelas ou tons pastel. Desde o interface gráfico até ao mais pequeno detalhe no mundo aberto; é admirável o trabalho feito em todas as frentes, especialmente quando contemplado com a excelente banda sonora. Infelizmente, isto já sendo um detalhe pessoal, a melhor faixa é estupidamente subaproveitada. Refiro-me, pois claro, à Trainer Battle. Um tema em muito semelhante ao homólogo em Diamond/Pearl.

Não tão admirável é o desempenho, infelizmente. Não refiro o desempenho em fotogramas pois esses, de uma maneira ou outra, encontram-se relativamente estáveis, tanto em modo consola como portátil. Pondo de parte a minha tendência para ser um pouco queixoso e picuinhas com esta secção da análise tenho, por norma, uma certa exigência para com a consola em questão. Seja produzido ou não por uma equipa pequena, Pokémon Legends: Arceus pertence à franquia Pokémon, uma das mais bem sucedidas no mundo. Existe, sem dúvida, espaço para melhorar tanto a nível de pop in como a nível da qualidade de texturas por forma a não parecer tão pobre. Isto tornou-se ainda mais aparente quando adquirimos a habilidade para voar com todo o mundo estar, na falta de melhor expressão, muito pouco apelativo visualmente especialmente em modo consola. Contudo tenho também de ser honesto e admitir que este aspeto não foi muito efetivo contra a minha diversão no geral. Deixo apenas a sugestão que esta nova iteração da saga Pokémon é consumida com mais gosto no modo portátil da Nintendo Switch. Atenção também, no entanto, com alfa pokémon: regra geral estes vêm com um ataque extra (o meu alfa Garchomp veio com Swift). Por curiosidade, como teste, fui ao NPC em Hisui que ensina ataques e pedi para ensinar novamente Swift. Pelos vistos devo ter descoberto um bug, porque ele ensinou a habilidade novamente sem mais nem menos.

Uma última nota sobre as capacidades multijogador: Apesar de não ter sido possível efetuar uma troca online ou localmente, existiu sim uma feliz coincidência relacionada com outra mecânica. Sempre que o nosso avatar desmaia no mundo aberto é deixado para trás a sua sacola com alguns itens, enquanto é socorrido de volta para um acampamento; pensem na mecânica popularizada por outros géneros onde é possível recuperar o que foi perdido voltando ao local fatídico. A diferença aqui é que terá de ser um amigo na Switch (ou um aleatório da internet) a fazê-lo. Inicialmente a mecânica não tinha feito o clique, mas assim que recuperei os itens de um amigo (e outro amigo vice-versa) a experiência ficou muito mais divertida.

Por mais palavras que rediga nesta análise é peculiar olhar para Pokémon Legends: Arceus e não considerar a Game Freak uma empresa de extremos. Estamos a examinar uma das franquias mais populares de sempre; uma fórmula enraizada em tradição desde o primeiro lançamento em 1999 no Game Boy. Desde então a empresa nipónica tem utilizado o característico repelente máximo, adversa à mínima mudança na fórmula principal para não perturbar toda uma estrutura até então construída. Contudo, com uma alteração a roçar os oito ou oitenta fica tramado perceber se isto implica ou não uma nova direção na saga; quero acreditar que sim. Em qualquer instância quero crer que os vários sinais demonstrados até ao momento consolidam a opinião que este será o rumo do futuro, considerando até que esta foi das iterações mais experimentais, mas mais bem sucedidas em vendas.

Criticado positivamente por outros meios como a iteração mais ambiciosa da franquia, Pokémon Legends: Arceus transmite a sensação de ser um bolo no forno há bastante tempo. É a aventura com a qual todos os fãs sonhavam, um desvio de toda a “pastilha” já mais que mastigada até então e a menos tautológica. A Game Freak arriscou todas as fichas em mão, criando um dos videojogos mais entusiasmantes no seu cardápio, repleta de vários pontos a favor e poucos contra. É certo que o desempenho em geral não é o melhor, assim como o afastar do foco nas batalhas causa algumas incongruências gerais mas Hisui, com tudo a si associado, é tão divertido e cheio de vida. Pode não ser mais que perfeito, mas é sem dúvida melhor que a imaginação.


NOTA ESPECIAL (SPOILERS!!!)

Tal como foi prometido a seguir estará a nota especial sobre uma das personagens em Pokémon Legends: Arceus. Se ainda não terminaste a tua demanda então fecha o navegador de internet e volta mais tarde.

Quem chegou ao “verdadeiro” final desta nova aventura certamente ficou surpreendido (pelo menos um pouco) com o revelar do verdadeiro vilão: Volo, cabecilha por detrás de todos os eventos (responsável indireto da tua vinda). Relembro que esta iteração lida com viagens no tempo logo assistimos à génese de Sinnoh encontrada nos jogos Diamond/Pearl e este mesmo Volo é um descendente de Cynthia, personagem de alto gabarito e respeito. Destaco, por exemplo, que as pokébolas em Hisui tinham sido recentemente inventadas e poucos sabiam como as utilizar verdadeiramente, nem falo do facto de larga parte mal conseguir ordenar dois pokémon. Para além de Kamado, alguém com uma equipa de respeito tanto na narrativa principal como em post-game, Ingo, um mestre de combate de Unova e Beni, ninja das potato mochi, Volo é o único indivíduo que controla seis pokémon de alto nível assim como o lendário Giratina (com duas formas!).

Mais impressionante talvez seja Volo ser uma das prefigurações mais bem escritas nos videojogos da franquia. Ele surge, inicialmente, com um ‘Boo!’ sendo ele o detendor da Spooky Plate. É ele também quem ensina a técnica de Back Strike, o método para capturar pokémon mais eficientemente, algo que conjuga muito bem com a sua posterior traição da tua confiança. Volo foi também o indivíduo indiretamente responsável pela tua vinda ao mundo de Hisui, que ele utiliza para benefício próprio por forma a recolheres todas as placas e conseguir, de alguma forma, invocar o Deus de toda a criação para o subjugar e tentar criar o seu próprio mundo. Não deixa também de ser interessante a subversão no papel de existir um rival na saga: Volo é, para todos os efeitos, a primeira pessoa com quem batalhas, não Rei/Akari e, ironicamente, é a última também.

CONCLUSÃO
Inovador!
8
Desde muito cedo um confesso apaixonado pelos mundos da PlayStation e consolas Nintendo. No entanto a vida dá muitas voltas e agora o seu amor foca-se nas novas Xbox Series. Nada como paixão à primeira vista, não é verdade?
pokemon-legends-arceus-analiseCriticado positivamente por outros meios como a iteração mais ambiciosa da franquia, Pokémon Legends: Arceus transmite a sensação de ser um bolo no forno há bastante tempo. É a aventura com a qual todos os fãs sonhavam, um desvio de toda a "pastilha" já mais que mastigada até então e a menos tautológica. A Game Freak arriscou todas as fichas em mão, criando um dos videojogos mais entusiasmantes no seu cardápio, repleta de vários pontos a favor e poucos contra. É certo que o desempenho em geral não é o melhor, assim como o afastar do foco nas batalhas causa algumas incongruências gerais mas Hisui, com tudo a si associado, é tão divertido e cheio de vida. Pode não ser mais que perfeito, mas é sem dúvida melhor que a imaginação.