Recomeço como comecei: se o detalhe seguinte não é do teu conhecimento então confirmo: sou fã de Pokémon na Squared-Potato, embora não o mais fervoroso ou mais assíduo. Ainda assim, fora as minhas análises a Pokémon Legends: Arceus (leitura aqui) e Pokémon Scarlet e Violet (leitura aqui) e até um episódio de podcast que podes descobrir aqui, o Trading Card Game fora algo que sempre conseguiu iludir o meu radar, pelo menos até à data desta análise.
Nota:
Esta análise segue o meu artigo anterior sobre este Pokémon – My First Battle e as minhas primeiras impressões sobre ele. Caso não o tenhas lido convido-te a fazê-lo através desta hiperligação.
Com leitura feita sobre as minhas primeiras impressões, e dado que já indaguei um pouco sobre o entusiasmo referente a este lançamento, tentarei ser o mais objetivo possível nos próximos parágrafos para a) poupar o teu tempo e b) mais rapidamente decidires se compras o teu exemplar.
Um dos primeiros pensamentos ecoados durante os seis duelos disputados fora a simples preparação e compreensão em iniciar os combates. Apesar ter vencido apenas dois dos seis, nunca perdi vista o gozo em querer explorar mais estas Estampas Ilustradas, e enquanto as cartas eram baralhadas após cada tosa sofrida, ambos murmurávamos coloquialmente o quão fixe, divertida e fácil estava a experiência a ser.
Aprender a batalhar é simples, dado que o rulebook que acompanha esta versão serve como um excelente guia passo-a-passo, um pouco como quando aprendemos a jogar um jogo de tabuleiro, e um dos intervenientes trata de ler o manual em voz alta. Claro que, como fora anunciado, de fora ficaram mecânicas como resistances, weaknessess, retreat cost e abilities para argamassar bem os básicos necessários. No entanto, acredito que existisse espaço para consolidar as regras de alguma forma a incluir estes conceitos.
Fora algumas diferenças face às regras normais do TCG (mais informações aqui sob “Differences with normal TCG rules”) as mais peculiares são a energia estar separada dos Pokémon e os Prize Tokens. Refiro estranhas apenas pela sua execução, especialmente após ter noção de como é regularmente gerido. Contudo, compreende-se dado o contexto de cada baralho dispor apenas de 17 cartas, e estes são conceitos facilmente corrigidos à posteriori. Aliás o próprio rulebook depois aponta para o How To Play oficial, assim como aconselha adquirir o Pokémon TCG Battle Academy. O videojogo (app telemóvel ou computador) Pokémon Trading Card Game LIVE também explica sucintamente as regras tradicionais.
Dito isso não tenho tantos reparos menos bons a fazer (antes pelo contrário!). Talvez destaque as questões acima levantadas e o facto de não existirem damage counters de 30. Muitos ataques são de potência 30 e os counters existentes são de 10, 50 e 100. Isto é, no entanto, mais picuinhice minha do que qualquer outra coisa. Refiro porque irritou-me um pouco, mas não é para ser levado a sério.
Por outro lado, uma das mecânicas mais divertidas e que tornou os duelos mais entusiasmantes, foi incorporar o elemento da sorte com o atirar de uma moeda. O Pokémon Scyther, por exemplo, tem X-Scissor – 20+ e diz “Flip a coin. If heads, this attack does 40 more damage.”. Isto proporcionou vários momentos de tensão que servem de prelúdio para o quão divertido podem ser os duelos mais complexos.
Com isso reparei que algo que ficou de fora do rulebook foram os ataques especiais de certos Pokémon. Electrode, por exemplo, tem Single Shot Blast – 120 onde especifica para “Flip a coin. If tails, this attack does nothing.” Tudo bem até aqui, mas Magneton tem Magnetic Circle – 20+ e diz que “This attack does 20 more damage for each of your Benched ⚡ Pokémon.”. No início fiquei confuso, mas depois pensei melhor e a mecânica já fez sentido.
O propósito para somente ensinar deste My First Battle está nitidamente exposto pela sua deck list. Cartas Pokémon básicas, evoluções, Potion e Switch são a ordem do dia e permitem apenas as estratégias mais simples: curar ou não 30 damage counters, mudar o Pokémon ativo ou atirar a moeda em ataques desesperados. Não vai além disto que, por um lado, não complica mas, por outro, não proporciona variedade suficiente para repetir duelos futuros.
Felizmente, Pokémon – My First Battle é um produto que não defrauda ninguém. A maneira como está estruturado e explicado não gera expectativas além das criadas pelo próprio jogador. Porém, é uma versão para crianças que nunca tenham jogado o TCG, e esse público-alvo beneficiará com uma aprendizagem de matemática simples, contabilizando os damage counters e formar estratégias, pensando um ou dois passos à frente as melhores decisões a tomar. Para adultos é difícil recomendar My First Battle, pois após os primeiros embates fica o bichinho de querer ir mais além, com mecânicas mais complexas e cartas mais detalhadas.
Assim sendo o investimento em públicos-alvo diferentes terá de ser bem avaliado. Enquanto que uma criança desfrutará de uma maior repetição, um adulto cansa-se facilmente com a simplicidade, e um colecionador, fora a moeda metálica exclusiva, pouca razão terá para adicioná-lo à sua coleção.