Finalmente chegou o momento! Pokémon transcendeu o seu nome e chegou ao mundo das consolas de casa. Bem, se ignorarmos os spinoffs e a natureza híbrida da Switch… Mas não interessa! Não deixa de ser um grande acontecimento, Sword & Shield são os primeiros jogos da série principal que podemos jogar na televisão. Que se lixem as tecnicidades!
É o grande salto que estávamos todos à espera, trazendo níveis de imersão nunca vistos? Bem… Não, nem por isso. Mas estamos a adiantar-nos, vamos pegar no nosso equipamento de detective felpudo de voz grossa, e analisar a entrada mais recente da mais colossal franquia do mundo dos videojogos!
Bem-vindo ao mundo de Pokémon
Seguindo a longa tradição de trazer o mundo real para o bolso, Sword & Shield transporta o jogador para a região de Galar, baseada na Grã-Bretanha. Adaptando características, locais e mitologia ao antigo universo da Game Freak. Obviamente incluindo Lendas Arturianas, Football, paisagem campestres da mítica ilha europeia e linhas de ferro. Jogar o videojogo em inglês é sem dúvida a melhor opção sem comparação possível para esta geração. Galar está cheio de coloquialismos britânicos que assentam que nem uma luva nesta história. Se analisarmos esta vertente, sem incluir outros pormenores como gráficos e jogabilidade, é sem dúvida bem charmosa.
Arte e Gráficos
Infelizmente aqui é que as coisas começam a ficar um bocadinho mais nublosas na nossa crítica. Se compararmos com outros JRPG do mesmo calibre na consola, Sword & Shield está muito aquém da competição. O videojogo segue o mesmo estilo artístico de Sun & Moon, reciclando uma boa quantidade de modelos, especialmente dos Pokémon, e também a reciclagem das animações.
Muita das texturas tem baixa resolução e dá para ver que o desenvolvimento foi apressado. Por exemplo, o jogo foca atenção ao táxi de Corviknight, a nova maneira de voar por Galar, mas a transição é imediata (com talvez um pequeno boneco no loading que aparece 1 em cada 20 vezes). Algumas batalhas de Pokémon, dependendo dos monstros e técnicas usadas, fazem os treinadores desaparecer e aparecer do nada na câmara de jogo.
Mas obviamente não é só defeitos que podemos encontrar no departamento visual. O uso da iluminação está muito bem aproveitado, escondendo bem as restantes falhas no departamento visual. Houve duas localizações em particular, que ficaram fantásticas graças aos efeitos luminosos implementados. No fundo, acaba tudo por ser uma mistura de altos e baixos.
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Jogabilidade
Agora sim a secção de análise que realmente importa num videojogo. Pokémon, de entrada para entrada, mantém sempre a sua fórmula vencedora, alterando ou acrescentando um pormenor ou outro.
Em Sword & Shield pode-se dizer que no geral as coisas são até boazinhas, mas um pouco despontantes. Uma grande adição muito vinda do Let’s Go, é a eliminação de random encounters com os Pokémon selvagens visíveis no mapa mundo. O que é que também vem do Let’s Go? Não poder desligar o Exp. Share, que torna o jogo demasiado fácil, mais fácil do que alguma vez já foi. Depois do 3º Ginásio já tinha o starter na última forma, e o jogo passa a correr. No entanto, ainda conseguiram ir buscar outra mecânica ao Pokémon Go, as Raids. Estas permitem-te derrotar um Pokémon Dynamax juntamente com mais três jogadores, seja online ou offline (com NPC), podendo ter uma chance de o apanhar depois. É uma boa justificação para fazer os jogadores jogarem em conjunto como alternativa às batalhas entre estes.
Dynamax, o grande foco da publicidade e que é a nova temporada das “MegaEvolutionZMoves”, é apenas usado em situações demasiado especificas, como batalhas de ginásio. E apesar da grande dimensão dos monstros, se rasparmos os enfeites com a faca da manteiga apenas ficamos com uma sombra do que foram as Mega Evolution e ZMoves.
A verdadeira estrela escondida de Sword & Shield a meu ver, é na verdade a Wild Area. Um espaço de campo aberto e de câmara livre com as grandes cidades em pano de fundo, e que não tem medo de te atirar Pokémon com mais 20 níveis do que os teus na primeira vez em que metes lá os pés. Uma surpresa fantástica e algo que me fez realmente salivar da boca. Quando a minha opinião final desta área foi “É pena o jogo não ser todo assim” é sempre bom sinal, acreditem.
Outra adição gira é a personalização da personagem, onde podemos comprar e vestir a nossa personagem com uma panóplia de roupa que vamos recebendo e comprando ao longo da nossa aventura. Além disso, como complemento, podemos criar a nossa própria carta de jogador totalmente personalizada por nós. Esta poderá depois ser vista por outros jogadores que joguem contigo.
O fim de uma era de ouro
Há uma certa peculiaridade de Sword & Shield que é tão controversa que senti que merecia a sua secção. Claro que estou a falar da quebra de compatibilidade do Pokédex. Pela primeira vez na franquia, não vai ser possível transferir monstros que não pertencem à região do jogo. Tendo a possibilidade de “apenas” ter 400 monstros, o que se equipara a um jogo de Pokémon no Gameboy Advance.
No que se trata de retirar componentes base de uma série que existem há décadas, eu sou sem dúvidas uma das vozes mais vocais das redondezas.
Quando anunciaram o Super Smash Bros. Ultimate (um jogo por que tenho uma grande paixão, que fique registado) não ia ter trofeus, eu passei-me simplesmente. Mas o seu substituto, os Spirits, que no fim do dia não passam de pesquisas de imagens no Google glorificadas (a Nintendo inclusive incluiu uma imagem do deviantArt por engano, UPS!), não deixam de ter o seu mérito. Cada um tem uma batalha com regras personalizadas próprias, que possibilitam uma maior representação de personagens obscuras. E estão constantemente a entrar novas séries de jogos para esta colecção, há pouco tempo por exemplo foi adicionado Spirits do Resident Evil.
Em Pokémon tentei olhar para esta decisão e inclusive ouvi argumento dos defensores da Game Freak. E simplesmente não consigo uma boa justificação. Melhores modelos e animação? Simplesmente publicidade enganosa. Para os jogadores focarem nos monstros da região? Sun & Moon não tinha Pokédex nacional e só permitiu transferências de regiões meses depois do lançamento e mesmo assim manteve a compatibilidade.
A razão que parecia mais plausível… Foi por causa do Dynamax, que faz os nossos monstros crescer de forma colossal? Pff… Nem por sombras, de todos os Pokémon que foram incluídos, um deles foi o Wailord, o maior Pokémon de gerações passadas (que está outra vez com a escala errada de Sun & Moon, já agora). Quase parece que até foi só para gozar connosco.
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Talvez quando o Pokémon Home sair, as coisas façam mais sentido… O desapontamento, no entanto, esse parece que vai ser eterno, se formos pelas palavras da Game Freak que nunca mais vai fazer justiça ao slogan da série, “Temos que apanhá-los todos”.
E se achas que isto não interessa para o jogo no fim do dia, bem estás enganado. Coleccionar os monstros é algo que já não se vai fazer em força depois de passar a liga com sempre foi, num post-game que cada vez é mais curto de ano para ano. E qual é o sentido de cuidarmos e investir no nosso favorito quando há o risco de ele perder a roleta russa e ficar preso aqui ou na Home?
As Ondas Sonoras
Esta secção decidi deixar para o fim para acabarmos realmente em grande. Se há algo em que a Game Freak está de parabéns, é na música. Para mim, a banda sonora é uma das melhores da série, se não a melhor. Faz até ficarmos ansiosos até por uma batalha com um Pokémon Selvagem! A música vende bem a região de Galar, e convenceu-me genuinamente que um par de lobos com espadas na boca ou cabeças espetadas num escudo, não criaturas verdadeiramente lendárias. É daquela coisa que espero que continua mesmo assim.
Pokémon Sword / Shield já está disponível em exclusivo para a Nintendo Switch.