Como sempre fui honesto convosco, não será desta vez que irei alterar o padrão. Não sou o maior fã dos filmes do famoso Predator. No entanto, não posso desconsiderar o misticismo a que a personagem deu origem, um supra-sumo da brutalidade, sem qualquer misericórdia, actuando de forma quase indetectável em qualquer ambiente é uma ideia simplesmente brutal para se explorar em qualquer forma de multimédia.
Dito isto, não sou fã dos filmes, mas sou fã da personagem, das bandas desenhadas e de um jogo que considero bastante desvalorizado, Alien Vs. Predator (2010). Este, para além do conteúdo que ofereceu, trouxe consigo uma interpretação bastante sólida de cada um dos lados da história.
O Jogo
Ora, quando vejo um novo jogo do Predator penso: será que é desta que posso exercer em pleno as suas capacidades enquanto assassino de alto calibre? Após algum tempo, acabei por perceber que seria um pouco mais complicado que isso.
Predator: Hunting Grounds traz consigo uma experiência que em nada nos é surpreendente ou sequer inovadora. Reutilizando (e reinventando em certa parte) uma fórmula que nos foi oferecida em jogos como Evolve, Friday the 13th (dos próprios Illfonic) ou Dead by Daylight, Predator: Hunting Grounds arrisca uma vertente de jogabilidade que em nada beneficia o protagonista do jogo.
Objectivo
O objectivo do jogo difere consoante o lado em que jogamos, caso sejamos o Predator (o que é bastante raro, dado que o tempo de matchmaking para ser Predator é de 6 minutos face aos 30 segundos de Fireteam). O nosso objectivo passa por ser basicamente o Predator... Ou seja, matar toda e qualquer alma viva na floresta antes que consigam escapar.
Para quem joga em Fireteam (que é o que vai acontecer quase sempre), o objectivo passa por assegurar que toda a equipa vai para o helicóptero (nice), o que não acontece enquanto não carregarmos bastantes vezes no quadrado, investigando e concluindo mini-objetivos enquanto aguentamos mini-ondas de inimigos, cuja inteligência é simplesmente hilariante, pois parece que têm todos o mesmo GPS e acabam por vir todos pelo mesmo caminho. Tudo isto será feito enquanto rezamos que o Predator não caia sobre nós enquanto estamos sozinhos.
Sim, só precisam de rezar enquanto estiverem sozinhos, porque se estiverem sempre em equipa o Predator vai ao chão como quem bebe água, o que é simplesmente surreal. Percebe-se que a Illfonic criou Predator: Hunting Grounds com base na sensação de adrenalina que é vermos um Predator cair mesmo à nossa frente, qual super-vilão, e nós, indefesos, apenas podemos gritar para que nos possam ajudar. E isso, de facto, acontece durante cerca de 30 segundos, pois como já disse, basta termos uma equipa equilibrada e não teremos qualquer problema.
Opções de Caracterização
Antes de enfrentarmos qualquer uma das ameaças, teremos a hipótese de nos equipar a rigor, com menus ao estilo do génerico FPS, encontramos opções de caracterização brutais para o Predator, desde cor das Predlocks, ao padrão da pele, ou até mesmo o troféu que levamos à cintura. Se forem Fireteam… Têm dois penteados diferentes com 1cm de diferença entre cada um. Percebe-se que o foco foi captar a essência do Predator, mas a que custo é que damos 90% de atenção a uma vertente do jogo que apenas nos é presenteada com bastante tempo de sobra?
Numa altura em que o temperamento e a paciência do jogador-comum diminui, será mesmo uma boa opção colocar algo tão icónico atrás de uma barreira tão prolongada?
Visuais
Neste departamento, é inegável dizer que Predator: Hunting Grounds saiu demasiado cedo. Para quem joga numa PS4 normal (que serei eu e cerca de centenas de milhões de pessoas), verão o vosso jogo parecer um cubo de gelo no Algarve em Agosto, constantemente a derreter face à vegetação e quantidade de detalhes que a Illfonic colocou no jogo. Até mesmo no menu de caracterização, o tempo de carregamento dos itens é cerca de 4/5 segundos quando a única coisa que está a ser carregada é uma personagem, imaginem como será o processamento numa selva, carregada do que parece ser um film grain de baixa qualidade.
Ao contrário do departamento dos visuais, a vertente sonora de Predator: Hunting Grounds é exímia. Não existe forma de descrever a excelência com que captaram todos os sons que caracterizam a famosa saga, ou a atenção ao detalhe em cada interacção, sem dúvida um dos pontos fortes do jogo, para os que preferem jogar de headphones.
Predator: Hunting Grounds já está disponível para PlayStation 4 e na Epic Games para PC.