Prémio Coller-Dolittle

Isto não é ficção: Os investigadores estão a trabalhar num modelo de IA que permitirá que os seres humanos e os animais falem uns com os outros pela primeira vez.

A inteligência artificial está a tornar-se mais avançada à medida que os investimentos na tecnologia aumentam e mais dados são fornecidos aos vários modelos. Com os recentes avanços nas capacidades de IA, um modelo de linguagem poderá permitir a comunicação entre espécies. Os investigadores estão numa desenfreada corrida para resolver o quebra-cabeças da tradução de animais para humanos, pois quem o descobrir poderá ganhar meio milhão de dólares com o Prémio Coller-Dolittle.

O Prémio Coller-Dolittle

O prémio recentemente criado tem como objetivo incentivar os cientistas a descobrir uma forma de os humanos falarem com os animais. Os mesmo será atribuido anualmente, sendo que o primeiro e os subsequentes prémios, até à decifração do código, serão atribuídos em função dos progressos realizados para atingir o objetivo final da comunicação entre espécies.

O prémio oferece 500 000 dólares anualmente ou um investimento de 10 milhões de dólares ao investigador ou à equipa que completar a missão. A recompensa pelo reconhecimento dos progressos realizados no sentido de atingir o objetivo final é de 100 000 dólares. Todos os prémios podem ser divididos entre duas pessoas, mediante pedido. Para cumprir os critérios, os cientistas que trabalham no projeto devem apresentar um vídeo de dois minutos para ser partilhado publicamente nas redes sociais, juntamente com um documento de até cinco páginas que descreva em pormenor a sua investigação, formatado com tamanho de letra 11 e espaçamento entre linhas de 1,5.

A corrida para a comunicação entre animais e humanos

Desde os primórdios da inteligência artificial, diferentes grupos de investigadores têm trabalhado incansavelmente numa forma de permitir a comunicação entre espécies utilizando grandes modelos de linguagem (LLM). Dois exemplos de trabalho exaustivo realizado para atingir este objetivo são o Projeto Ceti e o Earth Species Project (Projeto Espécies da Terra), sem fins lucrativos.

O Projeto Ceti tem vindo a utilizar a IA para tentar traduzir a comunicação por cliques utilizada pelos cachalotes e a linguagem canora das jubartes. O coletivo de investigadores trabalha no projeto há cerca de uma década e fez alguns progressos no sentido de compreender a comunicação das baleias.

O projeto, tal como outros que tentam alcançar a comunicação entre animais e humanos, necessita de mais dados. O Projeto Ceti tem cerca de 8.000 sons de vocalizações de baleias, o que é uma amostra pequena quando comparada com os dados de treino para modelos como o ChatGPT.

Entretanto, o Earth Species Project está a tentar conseguir uma tradução interespécies a um nível mais geral e não aquático. A equipa, que se “dedica a utilizar a inteligência artificial para descodificar a comunicação não humana”, pretende resolver os problemas gerais da comunicação entre animais e humanos. Dispõem de uma grande coleção de sons de animais diferentes e estão a trabalhar na decifração da linguagem dos corvos.

Embora estejam a ser feitos progressos para conseguir a comunicação entre espécies, subsistem muitas dificuldades. O conceito potencialmente revolucionário levará provavelmente muitos anos até que a própria IA o domine.

“As ferramentas de IA e de aprendizagem profunda não são mágicas.”

“Não vão traduzir subitamente todos os sons dos animais para inglês. O trabalho árduo está a ser feito por biólogos que precisam de observar os animais numa grande variedade de situações e associar os sons a comportamentos, emoções, etc.”

Kevin Coffey, neurocientista que ajudou a criar o DeepSqueak, um modelo de IA que tenta decifrar a comunicação ultra-sónica entre animais.

Joana Sousa
Apaixonada pelo mundo do cinema e dos videojogos. A ficção agarrou-me e não me largou mais! A vida levou-me pelo caminho da Pós-Produção, do Marketing e da organização de Eventos de cultura pop, mas o meu tempo livre, dedico-o a ti e à Squared Potato.