Vivemos uma era em que o mundo se encontra polarizado politicamente. Com uma disputa de poderes bélicos e/ou económicos, as grandes nações decidem o futuro do planeta, seja este estável ou inexistente. A única coisa que o simples cidadão pode fazer é ver e aceitar, que é o que me leva ao título de hoje: Road 96.

Road 96, criado pela Digixart, conta-nos várias histórias, cada uma (meio) única. Passando-se em 1996, foca-se num país aterrorizado por um ditador, de seu nome Tyrak. Aterrorizado de tal forma que o objectivo do jogo é fugir do país, utilizando todo e qualquer meio à nossa disposição. Embora a missão que nos é atribuída seja fugir, podemos optar por defender o nosso país, lutando para que seja devolvido ao povo, mas essa decisão já cabe ao jogador.

(Referi a política, no entanto, não sou um grande adepto de discutir política, apenas gosto do paralelismo de Road 96 com a situação actual, e acho que este jogo apresenta uma boa dissertação sobre o poder da juventude face ao futuro do planeta.)

A Digixart decidiu criar um jogo que gera um mundo novo a cada campanha, oferecendo uma experiência alternativa a cada vez que tentamos encarar Petri, um país em conflito.

Aparecemos no meio do nada, sabendo apenas para onde vamos e que temos de sobreviver até lá chegar, comendo e dormindo. Vamos conhecendo várias personagens, cada uma com um propósito, obrigando-nos a ter tento no que dizemos pois um deslize será o suficiente para sermos presos ou, em último caso, mortos. As histórias estão muito bem contadas, embora o diálogo não seja de alto-calibre, mas consegue dar vida a cada personagem, o que ajuda a criar imersão na viagem.

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O transporte fica também ao nosso critério, podendo utilizar um meio que percorra mais milhas/quilómetros, mas que encurtará a nossa viagem, ou aproveitar e conhecer a nossa terra ao máximo. Mesmo durante o transporte teremos mini-missões, o que ajuda a passar o tempo e a criar empatia com quem nos dará boleia. Nada é irreversível (tirando decisões drásticas como as que referi), sendo sempre possível mudar as ideias de com quem falamos.

Iremos precisar de dinheiro para sobreviver, o que acrescenta outra camada ao jogo, visto que se quisermos ir mais longe sem pagar temos de pedir boleia, mas nunca se sabe quem vem na estrada… Podemos encontrar dinheiro em sítios escondidos, roubar, ou até mesmo a ajudar pessoas.

Ao longo da viagem podemos adquirir 6 habilidades diferentes, cada uma proveniente de uma personagem diferente, sendo baseados na personalidade das respectivas. Temos então: destrancar fechaduras, aumento de sorte, inteligência,passe governamental, hacking, e, por fim, a menos entusiasmente de todas, 2 barras extra de energia.

Estas habilidades terão um enorme impacto na nossa viagem, fazendo a diferença entre correr 0% ou 100% de perigo quando nos lançamos à estrada.

Teremos ainda a oportunidade de participar em mini-jogos, uma vertente engraçada, que ajuda a distrair da viagem. Podemos então desafiar outros em 4-em-linha, Pong, ou jogos de tanques numa Atari, Embora poucas, estas enquadram-se no espírito do país, uma nação que desvalorizou a tecnologia, simplificando o entretenimento mas dando vida ao mundo.

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Os visuais acabam por não ter grande identidade. Perdidos entre uma arte mais cartoonish ao estilo de Borderlands e a simplicidade de The Long Dark, não transmite coerência ao longo da viagem. Claro que isto não impede Road 96 de ter os seus momentos “wow”, seja no meio do deserto ou no topo de uma montanha.

Creio que o ponto de brilharete no audiovisual é mesmo a banda sonora. Este jogo está simplesmente repleto de músicas que ficam no ouvido, usando-as como muletas à criação do mundo e deixando-as falar por si quando assim tem de ser (saberão do que escrevo quando jogarem). Não só me diverti imenso a ouvi-las durante o jogo, como adicionei grande parte às listas do Spotify.

Road 96 já se encontra disponível para a Nintendo Switch e na Steam para Windows.


E tu, já experimentaste Road 96? O que achaste?

CONCLUSÃO
Relaxante
7.4
road-96-analiseRoad 96 aborda um tema cada vez mais polémico, talvez numa tentativa de espicaçar a discussão na comunidade, ou apenas por ser um tema que a Digixart quisesse retratar num videojogo (ou até mesmo ambos). A verdade é que resulta, nem sempre da melhor maneira possível, mas acabamos por dar por nós investidos na história do país, querendo moldar a história de Petri ao mesmo tempo que criamos a nossa.