Os Rugrats conquistaram o coração de milhões de crianças (e adultos) ao redor do mundo durante os anos 90. A série revolucionou a animação ao mostrar o mundo na perspectiva dos olhos de bebés, de uma forma inusitada e divertida. A animação era de alta qualidade, com personagens bem desenhados, humor perspicaz, e com personalidades únicas e cativantes, e lembro-me muito bem de passar horas completamente vidrado naquilo, na minha pequena TV de tubo.

Devido ao seu sucesso, não faltavam candidatos a querer desenvolver um título de Rugrats, e tivemos imensos durante a última década dos anos 90, e na primeira do ano 2000. Mais de 20 anos depois sem nenhum título lançado na franquia, eis que a Wallride, juntamente com a MIX Games, decidiram trazer ao público Rugrats: Adventures in Gameland, uma experiência que sabe a velho…

Este é o básico dos básicos títulos de plataformas que víamos ser lançado no mercado após o lançamento de Super Mario Bros 2, e tantos anos depois, continua a ser – de caras – a total inspiração desta nova aventura de Rugrats. As inspirações são bem claras: O estilo de progressão entre os mapas com aquelas transições abruptas que dão reset ao ecrã que te encontravas anteriormente inclusive o reaparecimento dos inimigos, as mecânicas de pegar em objectos e arremesá-los, as lutas contras os chefes, e até as personagens jogáveis e as suas aptidões para o salto ou para planar, que tal como Luigi, Mario, Peach e Toad tinham, estão agora presentes em Tommy, Chuckie, Phil e Lil. Honestamente, ainda que seja uma abordagem válida e extremamente nostálgica, sinto que este level design não funciona nos dias actuais, isto porque torna tudo mais confuso e não facilita em nada a exploração.

Podes jogar a solo, ou com outro jogador localmente, e alternar as personagens a qualquer segundo. No modo easy, tens vidas infinitas, no normal, caso uma delas seja derrotada, podes escolher a próxima, e o game over só acontece se perderes todas as vidas nas 4 personagens. Já no modo hard só podes escolher um bebé, e seja o que deus quiser, neste pequeno inferno estagnado na terceira geração de consolas, em que só o timing perfeito te vai fazer desviar do movimento dos inimigos. A diversão é muito subjectiva, e eu particularmente gosto de uma boa experiência retro, mas para um jogo lançado nos dias actuais que não é um remaster/HD/remake e ainda chega com o preço salgado de 24.99€, preferia uma nova abordagem nesta tentativa de reviver Rugrats, perfeita para novos jogadores e públicos.

A narrativa é muito simples, desinteressante e sem alma. Não existe voice acting, que ainda piora a situação de um contexto já básico, e com pouco a dizer para conseguir cativar o jogador. Quando o grupo dos 4 bebés vê um anúncio do novo jogo Reptar, fingem que estão num jogo de videojogo criado por eles, e é neste poder da imaginação que vamos explorando os cantos da casa do Tommy, e lidando com algumas personagens já conhecidas da série. Exploramos locais já conhecidos da animação, e outras nem tanto, como a cozinha, o quarto, o sótão, e até o interior de frigoríficos.

O jogo é belo, mas fica ainda mais encantador no modo 8-bits. Já que Rugrats carrega consigo o sentimento nostálgico da NES, acho que o que mais sentido faz é jogar nesse modo, e tornar esta numa verdadeira experiência retro completa, visual e mecânicamente. Este modo pode ser activado a qualquer altura durante a tua gameplay.

A experiência NES é completa, quando o jogo pode ser finalizado em menos de uma hora, dependendo da tua habilidade, o que faz justificar ainda menos o valor pedido por ele. Claro que se como eu, tiveres dificuldade com estes comandos clunky que muitos dizem ser a magia do retro, podes duplicar ou quiçá, triplicar o tempo de jogo, e sim; os comandos são de facto irresponsivos muitas das vezes, jogando contra ti de várias maneiras que não conseguirás explicar. A quantidade de vezes que ouvi o clicar das molas do meu dualsense, são incontáveis, e só mudei esta situação quando decidi trocar a dificuldade para easy (sim, fracassei) para conseguir finalizar o último nível.

Rugrats: Adventures in Gameland está disponível para todas as plataformas, em edição digital.

Um especial agradecimento à The Mix Games por nos ter fornecido uma chave do jogo para análise.

CONCLUSÃO
Retro
5
Igor Gonçalves
Curioso, explorador, e fã de videojogos desde que me lembro, e em especial pela saga Metal Gear. Não jogo plataformas, jogo jogos.
rugrats-adventures-in-gameland-analiseRugrats: Adventures in Gameland é um jogo que exceptuando o seu lado visual, parece ter saído da terceira geração de consolas. A experiência retro está toda aqui presente: uma jogabilidade simples, antiquada e imprecisa, que não envelheceu bem com o tempo. Fica no entanto o conselho de compra para os amantes de Super Mario Bros. 2 ou títulos inspirados por este no mercado.