Desde cedo que sempre tive um grande fascínio por jogos de terror, especialmente no que toca a sagas tão revolucionárias como a do Resident Evil. Por coincidência, Janeiro é um mês importante para todos os fãs desta franquia, sabes porquê? Bem, é simples: no passado dia 11 de Janeiro, Resident Evil 4 marcou 15 anos de existência! Por estas razões, decidi escolher este jogo para dar continuidade à “Sala de Pânico”.

Inicialmente lançando na GameCube pela Capcom, Resident Evil 4 acabou por estar disponível em quase todas as plataformas, com uma recente versão publicada para a Nintendo Switch.

Resident Evil 4 tornou-se marcante por quebrar a maioria dos padrões deixados pelos seus antecessores, criando um universo com novos elementos de jogabilidade que vieram a influenciar outros videojogos populares na indústria.

Focado mais em acção e menos em survival horror, levou também a uma série de debates pela sua autenticidade em relação aos jogos anteriores. Mas isto não o impediu de ser recebido com muito sucesso.

Com uma temática completamente distinta e gráficos de alta gama, assim começaria em 2005 esta aventura tão antecipada.

Leon Kennedy já não é de todo um polícia amador, mas sim um agente especial que tem como missão procurar a filha do presidente dos Estados Unidos, raptada por um culto secreto. Ao contrário dos jogos anteriores, o local base já não é Raccoon City, mas sim uma misteriosa aldeia espanhola, que posteriormente irá divergir para um castelo e uma ilha.

À medida que damos os passos iniciais com o protagonista, começamos instantaneamente a percepcionar que algo não está certo e que o pior estará ainda para vir. Esta sensação de suspense é muito predominante durante as sequências do jogo e é uma das características que o torna tão imersivo.

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O nevoeiro parece que se intensifica à medida que nos aproximamos de uma cabana antiga. Sentimos a pressão dos corvos a vigiarem-nos e estes parecem não ser os únicos…

Mas é quando entramos na moradia e encontramos o primeiro villager que as nossas expectativas vêem ao de cima: este pega numa enxada e aí está o nosso primeiro zombie!

O pesadelo que Leon enfrentou em Resident Evil 2 volta novamente para assombrá-lo…

Pensavas que isto seria o único mau cenário? Espera até teres de enfrentar um maluco com uma motosserra que te persegue até aos confins do mapa e cujo único movimento é capaz de dar um instantâneo “Game Over”.

Para além disto, tens vários zombies à tua espera que são mais inteligentes do que nos jogos iniciais. Apelidados de “Ganados”, estes zombies estão infectados pelo vírus “Las Plagas”, o que por vezes faz com que aquele típico “headshot” não seja suficiente para os matar, ainda com o risco de surgir um pequeno parasita surpresa…

Para além disto, os zombies agora conseguem falar! Do género “gritar insultos em espanhol” enquanto te circulam com armas rurais. Tenho de admitir que isto chega a tornar-se ligeiramente hilariante.

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É também a partir destas lutas que vemos o conceito de “survival horror” começar a desvanecer e a ser substituído por pura acção, mas uma acção bem aterradora. O horror misturado com combate repleto de gore e efeitos sonoros horripilantes fazem Resident Evil 4 uma conjunctura perfeita para o género.

Tens um grande arsenal de armas por onde escolher e munição suficiente para te defenderes. Por vezes, intercalada com quick-time events, a acção faz sentir uma certa urgência quando vemos multidões de zombies a virem na nossa direcção e a soltarem um: “Os voy a romper a pedazos”.

No entanto, o zombie que me dava sempre volta ao estômago era o “Regenerador” – e só o nome diz tudo… Quando era alvejado, a criatura regenerava a sua forma horrenda como se nada tivesse acontecido.

Em termos de bosses, RE 4 traz diversas lutas épicas que nunca irei esquecer. Entre todas, tenho a destacar o monstro “Del Lago”: derrotá-lo ao lançar arpões enquanto conduzia um barco a motor foi tão badass! O “El Gigante”: um ogre enorme que aparentava ignorante, mas que afinal até era muito esperto. E um “Mini Salazar”: que inesperadamente se transforma num “Colossal Salazar”.

Resident Evil 4 é uma caixa cheia de surpresas!

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Em termos de jogabilidade, RE 4 é bastante acessível e tem mecânicas fáceis de assimilar, o que é óptimo para quem nunca esteve muito envolvido na franquia.

A câmara fixa dos antecessores foi substituída pela perspectiva em terceira pessoa. Outras novas adições importantes foram o modo câmara sobre o ombro e pontaria a lazer que tornaram o desempenho do combate bastante fluído.

Pela primeira vez na saga, o mundo é mais aberto. Ou seja, podes voltar a explorar locais anteriores para a obtenção de coleccionáveis (isto com certas limitações à medida que avanças no jogo).

O inventário mantém a tradição clássica ao possuir um espaço limitador e, por isso, os itens têm de ser geridos cuidadosamente em formato “tetris” na mala de Leon. No entanto, se nos jogos anteriores os itens eram muitos raros de encontrar, em RE 4 o que não falta é itens para apanhar!

Tens também a opção de comprar vários destes itens e vender relíquias valiosas através do peculiar Merchant, um dos meus favoritos do jogo devido ao seu aspecto enigmático e frases icónicas como: “Is that all, stranger?!” ou “Ah! I’ll buy it at a high price!“.

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Pela primeira vez, RE 4 introduziu capítulos definitivos no decorrer da narrativa.

As “ink ribbons” passaram à história e as máquinas de escrever vieram para as homenagear. Estas máquinas estão espalhadas em algumas partes do mapa para guardarmos o jogo sempre que quisermos, o que, sem dúvida, torna Resident Evil 4 mais fácil a comparar com títulos prévios.

Para quem não sabe, as “ink ribbons” atribuíam um desafio extra por serem tão escassas e só podiam ser utilizadas uma vez, impedindo o jogador de salvar o seu progresso as vezes que quisesse. Dos poucos puzzles que encontrei em Resident Evil 4, posso admitir que são extremamente fáceis em relação aos clássicos e por isso acabam por não ser o que mais se destaca.

O combate foi completamente remodelado e Leon é mais dinâmico com o seu meio ambiente, podendo atirar escadas, interagir com objectos e até arrebentar explosivos que os inimigos seguram.

Os pormenores fazem toda a diferença: ao fazeres pontaria a certas partes do corpo nos zombies, estes reagem de maneira diferente e podes até fazer um mega pontapé para impedir os seus ataques. Enquanto nos jogos antigos o jogador abria as portas em primeira pessoa através de uma cutscene, em RE 4 as portas podem ser abertas através de uma maneira delicada ou de arrombamento.

E não esquecendo do cão misterioso que me marcou na minha primeira jogabilidade, este aparece numa fase inicial do jogo onde tens a opção de o salvar ou ignorar. Se o socorrermos, este torna-se nosso aliado posteriormente durante uma luta boss, o que achei um pormenor bastante fofinho.

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Eu podia continuar a falar mais sobre este jogo, mas iria estar a desenrolar non-stop.

Na minha opinião, Resident Evil 4 consegue ser facilmente um dos melhores jogos Resident Evil e, até arrisco a dizer, um dos melhores jogos de sempre. É um título obrigatório para todos os fãs ou para quem está apenas a iniciar a sua jornada na saga.

Quero também salientar que Shinji Mikami e a sua equipa estiveram sob enorme pressão durante o desenvolvimento deste jogo, pois após quatro iniciativas rejeitadas pela Capcom, a empresa já ameaçava cancelar Resident Evil de vez, caso Resident Evil 4 não lucrasse.

Foi um projecto ousado que alterou o rumo original da franquia e determinou a sua própria continuação. Mas, felizmente, devido às suas inovações, Resident Evil 4 acabou por influenciar grandes jogos em terceira pessoa que surgiram mais tarde.

As duas sequelas seguintes ainda tentaram acompanhar o seu legado, mas ficaram muito aquém de obter um resultado tão positivo.

Passados 15 anos, Resident Evil 4 continua a ser relembrado pela sua excelência, sendo um dos poucos jogos que conseguiu envelhecer com qualidade. Só espero é que a Capcom não decida juntar tão cedo à moda dos remakes esta obra de arte, porque sinceramente não está nada a precisar.

Andreia Mendes
Desde infância que sempre tive uma grande paixão por todo o tipo de videojogos, não consigo passar sem as minhas playstations e adoro explorar todas as aventuras que estas me oferecem. Para além disto, adoro escrever sobre o meu hobby e de partilhá-lo com muitas outras pessoas. Espero que gostem do meu contéudo!