A semente do género explosivo que são os JRPG, foi plantada nos primórdios das máquinas de 8bit. Muitas das franquias mais populares começaram nesta era, como Dragon Quest ou Final Fantasy; e a série de ficção científica da Sega, Phantasy Star não é exceção. O primeiro jogo, que foi lançado para a Master System, pode parecer algo um pouco estranho para quem está familiarizado com as entradas seguintes…. Principalmente com videojogos lançados depois de Phantasy Star Online na Dreamcast.
Enquanto que a maior parte dos jogos depois de Phantasy Star estão bem assentes no ambiente futurista, o primeiro pode resumir-se a uma única frase: Fantasia Medieval… NO ESPAÇO! Mas isso não implica que o jogo seja mau, muito longe disso. Phantasy Star é uma excelente caldeirada de conceitos e mecânicas de todos os JRPG desta era. Claro que depois de tanto tempo, a sua idade sente-se… No entanto a M2 deu uma nova pincelada na versão que vai ser lançada na Switch em Dezembro, e que será o foco principal nesta retrospectiva.
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A História vale a pena? É preciso jogar para perceber as sequelas?
Em JRPGs desta altura tinhas duas hipóteses: Ou os protagonistas eram avatares que não piavam uma única palavra durante a aventura toda, ou até tinham um nome próprio, mas a sua caracterização era extremamente leve. Phantasy Star cai na segunda categoria…
Mas apesar do molde não deixa de ter o seu mérito. Enquanto que as outras histórias focavam em heróis na luta contra o mal para salvar o mundo e afins, aqui o incentivo é outro. Começamos com Alis, a protagonista do jogo numa demanda para encontrar Odin para formar uma aliança. O objectivo é assassinar Lassic, o rei do planeta Palma, para Alis vingar a morte do irmão. Não era mesmo nada normal a heroína ter alguma ambiguidade moral na altura.
Entre as personagens não passa muito disto, mas existe um pouco mais de substância em tudo o resto. É aqui que vemos os três planetas do sistema solar de Algol em todo o seu esplendor, com setup que viria a ter alguma importância nos jogos seguintes. Nada que justifique uma obrigatoriedade de jogar o primeiro Phantasy Star mas pode ter algum impacto emocional.
(Que podia ser ligeiramente melhor, se as traduções não fossem uma desgraça inconsistente…)
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A Jogabilidade era boa? Envelheceu bem?
O jogo em termos de movimentação é um híbrido interessante cujo conceito foi removido nos jogos seguintes. No mapa mundo (hum “mundos” neste caso… talvez?) andamos tal e qual o típico JRPG visto de cima para as quatro dimensões, com batalhas aleatórias fora das cidades/vilas. Nas masmorras, as batalhas funcionam da mesma maneira, mas a orientação é feita em estilo “Dungeon Crawler”, ou seja, em primeira pessoa.
Devido às limitações tecnológicas da altura, não existiam grandes pontos de referência nestas secções, portanto era mesmo muito difícil de se fazer a navegação nestes locais. Tínhamos de reger pela nossa visão espacial, pela bússola do jogo ou simplesmente desenhávamos os mapas em papel. Felizmente a versão na Switch dá a hipótese de o computador desenhar o mapa por ti enquanto exploras a masmorra, uma adição que considero muito bem-vinda.
Sem surpresa, o sistema de batalha não é muito complexo, lutando sempre com o mesmo tipo de monstro de cada vez, com o uso de algumas variedades de mágica para apimentar a coisa. Tem aquele problema clássico em que os inimigos mais fortes, começam a ficar resistentes, sem grande razão, a feitiços, limitando as opções disponíveis para “atacar, atacar, atacar”. Mas isto não é muito mau, e com o uso inteligente dos itens dá para encurtar bem o griding.
Carregando “+” tens acesso a uma cábula com a descrição de todos os feitiços, armas, armadura, e a maior parte dos itens que facilita perceber o que cada coisa faz, sem estar à procura de manuais antigos ou pesquisar na Internet.
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Se estás muito apegado as normas comuns dos JRPG, vais encontrar algumas coisas um pouco estranhas aqui. Por exemplo, Alis e os aliados, só conseguem encontrar alguns itens depois de especificamente a sua existência ser mencionada por alguma personagem não jogável, apesar de teres passado vezes sem conta pelo local onde estes tesouros se encontravam.
Este tipo de jogabilidade mais arcaica pode não ser a tua chávena de chá, mas não deixa de ter o seu charme. Por exemplo, gosto do facto de o jogo ter 5 veículos diferentes para usar, sendo dois deles naves espaciais que são usadas para aceder a novos locais noutros planetas.
Resumidamente é uma versão bem conservadora com algumas adições muito bem-vindas, que aliviam as parte mais frustrantes. Até existe uma nova listagem dos monstros do jogo para completar! Se mesmo assim a versão original é dolorosa para ti, agora existe um modo mais fácil onde foi tudo balançado de novo.
Aconselho é sempre ter um save à parte nalguma cidade, com um azar desgraçado pode acontecer ficares preso nalgum sítio doloroso.
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Os gráficos? E o som?
Em aspecto visual acho que não há dúvida, Phantasy Star é o melhor jogo desta época com inimigos animados, ambientes extremamente coloridos e muito mais. O efeito tridimensional das masmorras, de alguma forma desperta curiosidade apesar de no fim do dia não ser nada de extraordinário.
Apesar de ser uma coisa que nunca tive grande interesse em usar, a versão de Switch incluí três filtros de imagem para parecer ainda mais antigo.
No departamento do som, além das sonoridades mais comum da Master System, podemos escolher a banda sonora produzida pelo antigo add-on de música FM da Mark III que é muito mais simpática ao ouvido, e ainda soa muito bem nos tempos contemporâneos, é obrigatório de experimentar se o nunca fizeste.
Phantasy Star é uma compra obrigatória se a história dos JRPG te interessam.
SEGA AGES Phantasy Star vai ser lançado para a Switch no dia 13 de Dezembro.