A From Software tem vindo a ser conhecida pela imensa popularidade da saga Souls, a sua grande franquia que veio a inspirar vários jogos durante esta geração, criando até um género próprio (Souls-like), e dando origem a uma frase usada por muitos para definir a dificuldade de um jogo, a famosa “Just like Dark Souls“.

Devido a esta popularidade crescente, a equipa japonesa, durante muitos anos, lançou apenas jogos da série Souls. Desde o seu início com Demon’s Souls, até ao controverso Dark Souls II, havendo pouca esperança para uma possível propriedade intelectual nova, ou até um regresso de uma das suas franquias já estabelecidas.

Em 2015, vimos com bons olhos o surgimento de Bloodborne, um novo jogo que iria utilizar a mesma fórmula de Dark Souls, mas com focos diferentes em várias aspectos artísticos e de jogabilidade. Este foi um pequeno afastamento da série Souls, com um ar bastante familiar para os fãs.

Bloodborne foi o empurrão necessário para a equipa se sentir confortável a experimentar coisas novas, e em Março de 2019, a From Software e a Activision lançaram Sekiro Shadows Die Twice, um jogo que, apesar de alguns conceitos familiares, desafia-te a quebrar muitos dos teus hábitos vindos da franquia dos Souls.

Em Sekiro, tu controlas o shinobi Okami, que recebe uma carta do Lord Kuro, a pedir-lhe ajuda para uma missão de elevada importância, dando-te um objectivo inicial. Tendo em atenção este detalhe inicial, temos a primeira mudança referente aos últimos jogos da From Software. A história em Sekiro é muito mais directa e com objectivos mais concretos, não havendo tanto a sensação de se estar perdido.

Com uma história mais directa, a equipa decidiu equilibrar e fazer um mundo semi-aberto inter-conectado para dar mais liberdade, algo que também já é esperado com os jogos deles. Em Sekiro, a ordem com que podes explorar as zonas é incrivelmente livre, por vezes com 4 ou 5 caminhos diferentes para se fazer em qualquer ordem.

Este mundo é bastante familiar, sendo composto por labirintos, agora com um foco na verticalidade graças ao hook que podes usar para te puxar para pontos de vantagem, como telhados ou troncos. Os espaços mais abertos são um ponto bastante forte do jogo, havendo paisagens incríveis e podendo-se ver zonas distantes que eventualmente poderão ser exploradas.

Em Sekiro, muitas vezes irás ter a oportunidade de poder eliminar os teus inimigos de uma maneira mais furtiva, escondendo-te em arbustos e vegetação mais alta, e surpreendendo os inimigos com uma stealth kill, que pode ser feita directamente por trás de um inimigo, ou mesmo numa berma ou esquina.

É uma mecânica básica e funcional, mas por vezes podes acidentalmente atacar um inimigo em vez de fazeres a stealth kill, o que leva a outro ponto. O facto de inimigos serem inconsistentes, sendo por vezes sendo capazes de te ver a distâncias extremas, ou ignorando-te por completo quando estás praticamente à sua frente.

Durante o jogo, vais poder adquirir várias habilidades com a experiência que vais ganhando ao matar inimigos e bosses. Estas habilidades são desbloqueadas a partir duma skill tree, que tem vários efeitos passivos, como melhorar a eficácia das tuas poções, e efeitos activos, como uma habilidade de defesa especial contra thrusting attacks.

Junto com as habilidades, também terás acesso a combat arts e ninjutus. As combat arts são um ataque ou combo especial que é adicionado ao teu moveset, como um combo de artes marciais, ou até um super ataque com a tua espada que até faz o ar mexer com o movimento.

Os ninjutus são habilidades adicionais para as tuas stealth kills, como uma nuvem de fumo criada com o sangue do inimigo que acabaste de matar, de modo a poderes cegar os inimigos que estão na área da mesma.

Algo que é bastante diferente dos últimos jogos da From Software é o facto de em Sekiro teres apenas uma espada, usada para ataques básicos, bloquear e reflectir, e os teus gadgets limitados, como uma shuriken, ou uns firecrackers.

O grande foco no combate de Sekiro é o manuseamento da posture, que te dá a capacidade de poderes bloquear ataques e de te manteres estável durante a luta. No momento em que o jogador ou o inimigo perde a posture, os mesmos irão ficar num estado vulnerável, ficando abertos para ataques fáceis, como um ataque que derrota o inimigo instantaneamente.

A mecânica da posture é a vertente mais complexa de Sekiro, onde irás passar mais tempo a aprender o seu comportamento no que toca a ti, e também aos teus inimigos, pois por vezes não conseguirás partir a posture de certos inimigos tão facilmente, ou noutro caso, um inimigo que afecte bastante a tua posture, fazendo com que tenhas de calcular a tua defesa com bastante precisão.

A melhor forma de manter a tua posture e partir a dos inimigos é com reflects, que involvem tocar no botão de bloquear no momento certo do ataque de um inimigo, de modo a reflecti-lo. Sempre que reflectes um ataque, a tua posture sofre, mas nunca irás ficar vulnerável ao reflectir, mesmo que a barra já esteja cheia.

Nem todos os ataques podem ser bloqueados ou reflectidos. Os ataques representados por um kanji vermelho com um sinal sonoro têm de ser evitados, como saltares por cima de uma rasteira, ou fazer um dodge de um grab perigoso.

Para te ajudar com o combate mais exigente, terás a possibilidade de ressuscitar uma vez em cada luta, ou seja, cada vez que lutas com um inimigo ou boss, tens a possibilidade de morrer uma vez sem sofreres qualquer penalização, e continuar a lutar. Esta habilidade é limitada e necessita de ser recarregada ao descansares num idol, que são os checkpoints do jogo.

Infelizmente, deparei-me com alguns problemas que, por vezes, quase arruinaram a minha experiência. O sistema de combate é fantástico, mas no momento em que tens de lutar com grupos de inimigos, torna-se uma grande frustração devido à escassez de ataques de longo alcance, e com uma defesa limitada, também irás sofrer ataques facilmente.

Estas situações são mais comuns quando encontras mini-bosses, sendo impossível de evitar o grupo, e criando situações frustrantes, muitas vezes até mais difíceis que muitos dos bosses principais do jogo.

Durante a tua aventura, irás confrontar-te com vários mini-bosses e bosses principais, sendo que estes inimigos geralmente têm várias fases que te irão apanhar de surpresa.

Os bosses principais são bastante memoráveis, longos e alguns com um grande impacto na história do jogo. Estes bosses vão testar as tuas capacidades ao máximo, muitas vezes sendo necessário mudar de estratégia e de os aprender meticulosamente para os poderes superar.

Em termos técnicos, joguei Sekiro num PC com um i7 4770k, 16GB de RAM e uma AMD RX 480. Maior parte do tempo o jogo mantém uma performance sólida, havendo apenas pequenas situações em que há alguma instabilidade, mas nunca se tornou muito notável nem degradou a minha experiência.

Sekiro Shadows Die Twice já está disponível para a Playstation 4, Xbox One e Steam no PC.

CONCLUSÃO
WOOOO
9
sekiro-shadows-die-twice-analiseSekiro apresenta-se como o filho “bastardo” da From Software, trazendo consigo inovações que colocam à prova até os fãs mais aguerridos da saga que veio dominar o género. Colocando em termos simples, é um jogo que já conhecemos, mas que se desenrola em maneiras que nunca vimos.