Escrito por Max Botkin e Kerry Williamson, e dirigido por Tommy Wirkola (Hansel & Gretel: Caçadores de Bruxas, Os Mortos-Vivos Nazis), Sete Irmãs é um filme em que a Netflix investiu em distribuir pela EUA, Reino Unido e por toda a América Latina.
O argumento de Sete Irmãs (original em inglês, What Happened to Monday) mostra-nos um futuro muito próximo, com cerca de 50 anos de intervalo, onde o crescente e contínuo aumento de população, e o uso descontrolado de recursos naturais, levou os governos a apostar em alimentos geneticamente modificados, para colmatar a escassez de recursos em que se vive. Como consequência de um erro genético, há um aumento anormal no número de gestações de gémeos, e esta aposta em alimentos geneticamente modificados, é claramente responsável pelo agravamento do já estabelecido, excesso populacional. Um futuro próximo, bem realista e muitíssimo provável, diga-se de passagem.
Perante este cenário Nicolette Cayman (Glenn Close) a chefe máxima de estados, desta sociedade, cria uma agência de elite de controlo de natalidade, o Child Allocation Bureau, e implementa um rigoroso sistema de controlo de natalidade: A Política de 1 Filho Único. Cada casal tem direito a ter um/a único/a filho/a, e todas as crianças que sejam geradas além do permitido por lei, são colocadas num “sono criogénico” para não utilizarem mais recursos além dos permitidos a cada família.
[irp]
Terrence Settman (Willem Dafoe) não tem notícias da sua filha Karen há anos, até que um dia recebe uma chamada a informá-lo que esta acaba de falecer na sala de parto ao dar à luz as suas sete filhas. Já no hospital, este toma a decisão de criar as sete netas, e é aqui que se revela a excelência desta grande peça de arte. Ao ter de ir contra o sistema implementado, para poder ocultar a existência destas crianças, muitas são as invenções, as capacidades, e as ferramentas desenvolvidas pelas sete irmãs com muita instrução do avô ao longo dos anos. Mas o primeiro grande passo deste plano, passou logo pela atribuição do nome de cada dia da semana a cada uma das sete irmãs, e a implementação de uma regra base de conduta: Cada uma só pode sair de casa no dia da semana que corresponde ao seu próprio nome. Uma vez fora de casa, todas são uma única pessoa: Karen Settman. Todas simulam esta única personagem no exterior.
Para que não seja revelado demasiado deste excelente filme, as sete irmãs mantêm esta dinâmica durante 30 anos, até que um dia uma delas sai e não retorna a casa, o que transforma o dia seguinte numa enorme incógnita para as restantes irmãs.
Noomi Rapace desempenha um papel fenomenal de oito personagens, super distintas e cujas características estão bem representadas. Este é claramente mais um trabalho brilhante, que revela a sua excelente versatilidade de prestações com personagens fortes. Esta história das sete irmãs, cuja existência no mundo se mantém em segredo durante três décadas, é a revelia das políticas estabelecidas pelo Child Allocation Bureau, iludindo o rigoroso sistema de controlo imposto a toda população do planeta no ano de 2073. Isto vale na minha humilde opinião, a atribuição de um destaque a esta série como um dos grandes argumentos e realizações de 2017.
Perante o cenário que nos encontramos de descontrolo no uso limitado dos recursos naturais do nosso único planeta, e do desmazelo com a sua sustentabilidade, este filme é uma representação de um futuro próximo, bem realista e muitíssimo provável, vale a pena pensar bem na conduta do dia-a-dia do ser humano e considerar o cenário marcante deste filme, Sete Irmãs.