Lançado em 1990, Shadow of the Ninja era mais um jogo de ninjas – sensação da época -, que seguia a linha de jogo idêntica ao clássico Ninja Gaiden. Hoje (29), pelas mãos da NatsumeAtari, o brilhante título esquecido da NES volta a renascer das cinzas, e traz tudo o que o caracterizava consigo, ou quase tudo…

Shadow of the Ninja Reborn conta a história de dois ninjas de leste no ano futuro distópico de 2029. Geralmente, são assassinos sombrios que realizam trabalhos de mercenário, até que o mundo entrou num caos com a dominação de um imperador das sombras que assolou o mundo. Agora, Hayate e Kaede, terão que unir forças para salvar o mundo.

A história é isto, no estilo da velha NES, com texto, pouco contexto e muita acção, e honestamente, é tudo o que precisamos num arcade destes. Podemos jogar com os dois personagens, existindo pouquíssimas diferenças entre ambos. O ataque dos dois é exactamente o mesmo, com excepção que a personagem feminina Kaede, tem um sprite ao usar uma das armas, que facilita imenso e dá vantagem a esta personagem.

Experimentei os primeiros níveis do jogo original, e o charme clunky do início dos anos 90 foi transportado para esta versão Reborn. Mas será necessário? Renascido das cinzas mas com velhos hábitos, preferia usar a palavra Reborn no seu sentido literal, repensado e nascido com outro tipo de jogabilidade. Isto, porque esta versão é extremamente injusta e punitiva com o jogador.

Este título conta com dois modos de jogo: Arcade e Time Attack. O modo Arcade consiste em 6 fases longas, e é aqui que consegues ver a conclusão do jogo, caso a narrativa (por pouco significativa que seja) seja do teu interesse. Já o modo Time Attack é o já clássico conhecido de outros tempos, isto é, escolhes uma fase; e tentas fazer o melhor tempo possível.

Shadow of the Ninja Reborn

No modo arcade não existem checkpoints a meio das fases, apenas depois de cada segmento ou antes do boss. São 6 fases que eu poderia ter concluído em menos de 1 hora, mas graças aos meus dedinhos atrofiados e a um bug que me fez voltar à 2ª fase, tripliquei o tempo de finalização. Neste modo poderás apanhar itens que são denominados de Ninja Gear, e fiquei estupefacto com a quantidade destas ferramentas de combate. São mais de 50 peças para usar junto da tua Katana e da Kusarigama. A maior parte destas ferramentas são inúteis, mas trazem novos desafios para quem se quer superar com armas específicas, e podes ter 7 de cada vez no teu stock, trocando apenas com o R1 (versão Playstation).

Também irás colectando dinheiro pelo caminho de cada stage, que serve para ser usado como compra de itens antes do modo Time Attack. Neste itens poderás contar com espadas longas, kunais e outras ferramentas shinobi, comidas para aumentar a HP, e até Shotgun e armas de fogo.

O problema a meu ver, passa pela jogabilidade, mais específico pelo input dos comandos. A falta de verticalidade a usar a arma principal (Katana) deixa a experiência mais aborrecida e frustrante. Este é um título que constantemente nos bombardeia com projécteis de todos os sentidos, e é de ficar desalentado um ninja não conseguir defender de baixo para cima com a arma principal, e ter que recorrer a outros meios mais lentos, e com menos precisão.

Também na sua fase de plataformas esta versão Reborn deixa a desejar. Algumas movimentações não foram trabalhadas de forma bem pensada, como o simples acto do nosso protagonista saltar sem impulso lateral. Imagina um local muito apertado em que a movimentação é reduzida e te encontras na esquina de um muro. Quando tudo o que precisavas era saltar para cima e acabar com o inimigo, o jogo dá-te uma animação extra totalmente desnecessária que te faz literalmente ir contra o oponente e fazer perder mais um pouco de vida, vida essa que escasseia rapidamente, e ainda te pune por isso, reduzindo os teus ataques à medida que vais ficando reduzido de saúde.

Shadow of the Ninja Reborn

Os inputs funcionam, mas podiam ser mais aprimorados. Alguns saltos não são correctamente dados, ou perdem o timing, e isto a juntar com a versão clunky da movimentação do original, faz pensar que estava a jogar na NES com um filtro visual aprimorado. A seleção das ferramentas que mencionei acima, também podia ter um atalho mais simples para serem usadas. O último gear que apanhas fica a ser o teu predefinido caso pretendas trocar da Katana para o mesmo, mas se premires o R1 podes selecionar outro. O problema, é que esta acção obriga-te a ficar parado, em locais de tensão é impensável isso acontecer. Seria mais fácil usar o d-pad, mesmo eu reconhecendo que nesta versão arcade muitos jogadores preferem usar os direcionais ao invés dos analógicos. No entanto, outro atalho poderia ser usado, já que imensos slots estão vazios no Dualsense ou no Pro Controller, por exemplo.

Visualmente, e tendo em conta que o original foi lançado há 33 anos, podes esperar muita diferença aqui. Reborn tem animações mais suaves, muita cor, inimigos refinados tanto em aparência como em alguns golpes, fases novas com novos sprites, e tudo com uma fluidez brilhante.

Este remake também conta com Iku Mizutani, o compositor responsável que ajudou a criar a soundtrack icónica da Natsume, com faixas renomadas para vários jogos da revolucionária NES. Os fãs do retrogaming vão poder encontrar aqui imenso prazer e nostalgia nestes riffs de guitarra e melodias aceleradas!

Um especial agradecimento à editora por nos ter fornecido uma chave do jogo para análise na Playstation 5.

CONCLUSÃO
Retro Futurista
6.5
Igor Gonçalves
Curioso, explorador, e fã de videojogos desde que me lembro, e em especial pela saga Metal Gear. Não jogo plataformas, jogo jogos.
shadow-of-the-ninja-reborn-analiseShadow of the Ninja Reborn é uma tentativa de resgatar um clássico do início anos 90, mas peca em alguns pontos cruciais. O jogo mantém o charme e a ação frenética do original, com gráficos atualizados e uma banda sonora nostálgica. No entanto, a jogabilidade, especialmente os controlos e a falta de verticalidade na luta, podem frustrar os jogadores. É um título que agradará aos fãs da série, mas que pode deixar a desejar quem procura uma experiência mais refinada e acessível com jogabilidade actual.