Chegamos ao fim da trilogia iniciada pela Crystal Dynamics, no mundo de Lara Croft, com Shadow of the Tomb Raider.
Posso dizer desde já que, mesmo que não tenham jogado nenhum dos outros títulos da Crystal Dynamics, ou mesmo qualquer outro Tomb Raider, estão completamente à vontade para jogar este título. Pois este possui apenas algumas referências aos títulos anteriores.
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Caso já tenham jogado algum videojogo da franquia, sabem como é que os jogos desta equipa costumam ser. Um início com um tempo mais pausado, lentamente vaisse descobrindo a história que vamos explorar, e lá para a marca das três ou quatro horas, já estamos a explodir com barris em penhascos, ou a atravessar montanhas em lianas (hipérbole, mas não está muito longe disto).
Embora a Crystal tenha revolucionado a maneira como o mundo vê Lara Croft, creio que pouco a pouco se foram afastando do objectivo da exploradora. Ironicamente vimos Nathan Drake ser mais Lara Croft do que a própria nos videojogos mais recentes. Com isto não quero desvalorizar o excelente trabalho feito pela equipa americana, apenas acentuar que nem sempre a alternativa explosiva é a melhor, ainda para mais no mundo de Lara, que certamente é uma exploradora com garra, mas não um exército de uma só pessoa.
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Shadow of the Tomb Raider repete a fórmula dos anteriores, apenas alterando a maneira como começa. Dando controlo ao jogador durante um breve período de calmaria, andamos misturados pela multidão mexicana. Por momentos pensei que o jogo tivesse um tempo consistente, mas alterou e voltou ao já famoso passo da saga.
Temos, no entanto, uma descoberta intrínseca das inseguranças de Lara e de Jonah, um amigo que já provém desde 2013. Com um guião mais concentrado no realismo frio da exploração, não existe muita margem para humor. O que é compreensível, mas não deixa, no entanto, de ser algo que gostaria de ver. O foco nos sentimentos e motivações de cada personagem é notável neste jogo, é muito bem conseguido, dada a exposição que ambos nos dão.
Com um vislumbre da exploradora praticamente inata em Lara, vemos esta abanar literalmente o mundo aquando do furto de um artefacto. Com o furto, vemos prever-se uma possível destruição planetária, o que vai de encontro à introspectiva que encontramos em Lara. Algo que transporta o jogador para a questão moral central: será que entrar em ruínas e furtar artefactos inestimáveis é correcto?
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Com o furto, chegamos à que é, na minha opinião (a dividir por doze milhões não dá um grande valor, mas deixo-a aqui na mesma), a melhor parte destes videojogos: os puzzles. Se há aspecto em que Tomb Raider dá uma abada à grande e à francesa a Uncharted, é nos puzzles que a Crystal Dynamics nos apresenta. Apenas solúveis através de um pensamento extremo, temos aqui uma panóplia de evolução cognitiva representada em forma de puzzles arcaicos.
Felizmente, abrandaram nos gemidos da personagem, permitindo-me jogar no meu sistema de som sem que os meus vizinhos me questionem relativamente aos conteúdos transmitidos na minha televisão. Fora de brincadeiras, Lara transmite uma faceta mais veterana, estando habituada à dor, aguentando melhor as pancadas que leva ou as quedas que nos partiam ao meio. A banda sonora enquadra-se com o ambiente que o jogo proporciona, encontrando um meio-termo entre os momentos acelerados e a exploração de Miss Croft.
Em termos gráficos temos aqui o topo da trilogia. Com visuais cativantes, temos uma exploração lindíssima, seja dentro ou fora das ruínas. A quantidade de detalhe no ecrã é surreal. Com um uso facilitado do motor, a Crystal Dynamics consegue aqui o que na minha opinião é o seu melhor videojogo visualmente.
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Shadow Of The Tomb Raider já está disponível para Playstation 4, Xbox One e na Steam para PC.