O controverso Shinnosuke está de volta. Com menos opções, já que agora ficou a plataforma da Sony de fora, mas a Neos faz questão de continuar vivo o legado deste carismático personagem e o ambiente que o rodeia, pelo menos na Nintendo Switch, e PC (Steam).
Se não se recordam, avivo-vos a memória: eu fiz a análise do primeiro jogo da série. Tratava-se de um jogo simples, um jogo divertido mas imensamente uma mistura de fetch quests e mini farming game, que se podia tornar aborrecido. Algumas coisas mudaram neste jogo, para melhor. O core continua muito idêntico, mas o jogo tem melhorias satisfatórias que não existiram no primeiro, mas tal como o seu antecessor, ser fã do anime é meio caminho andado para gostar de Shin Chan: Shiro and the Coal Town.
O jogo inicia-se quando Hiroshi, pai do nosso protagonista, recebe inesperadamente uma oferta de trabalho que terá que realizar perto da sua cidade natal, em Akita. A família Nohara, como sempre unidos que são, mudam-se para esta pequena vila extremamente acolhedora, e próxima à casa dos pais de Hiroshi. Esta, é aquela vila tradicional com casas de campo japonesas que tantos wallpapers dão aos nossos computadores.
E é nessa tranquila vila rodeada de paisagens rurais muito belas, que a família Nohara começa a sua vida até então despreocupada e tranquila no campo. O rumo muda, quando o cachorro peculiar de estimação de Shinnosuke, aparece misteriosamente coberto de matéria negra, fazendo o nosso protagonista descobrir uma misteriosa estação de comboios que os transporta para Coal Town, uma cidade num estilo steampunk, estranha, em que o metal e o carvão reinam. Esta, tal como o nome indica, é uma cidade mineira, em que todos os bens monetários vêm da extração de carvão. O nosso pequeno irreverente Shin Chan chega à cidade, e conhece Sumi, uma aliada durante todo o jogo, que lhe explica os planos do vilão de destruir a cidade, ainda que pareça inicialmente ter boas intenções.

A história é simples, mas mais interessante que a do primeiro jogo. Existem novas personagens muito interessantes. O avô de Shinnosuke é das coisas mais engraçadas já vistas num anime: aquele típico idoso casmurro, muito goofy, mas acaba sempre por dar bons conselhos. Aliás, é ele que começa a introduzir o neto às tarefas que já conhecemos do antecessor, como apanhar insectos, e adicioná-los à colecção de livro da natureza! Também poderás pescar, outra tarefa do antecessor. Os rios de Akita são ricos em variedades diversas de peixes, e até algumas espécies raras poderão ser adicionadas ao compêndio. Bem ao estilo de Animal Crossing, alguns peixes e criaturas podem ser apenas capturadas à noite, ou em alguma altura do dia específica. Também poderás apanhar vegetais, e até cultivá-los com a avó, isto na vila pacata em Akita.
Já em Coal Town, sendo a cidade do carvão e do metal, terás a capacidade de criar invenções incríveis com a ajuda de uma máquina muito estranha. Estas criações, podem ser encontradas com itens espalhadas pela cidade, e servirão para a criação de carrinhos em latão. Este é o entretenimento mais popular entre os moradores de Coal Town. A jogabilidade é extremamente divertida, e caso venças as corridas, recebes itens raros, e a popularidade da cidade. Aconselho-te a equipar bem o teu carrinho e fazer modificações o mais rápido que conseguires, porque mais tarde, será usado numa das quests principais.
A história, tal como no primeiro jogo, é lenta no seu progresso, decorrendo aos longos dos dias que passas nas tarefas quotidianas, tanto em Akita como quando visitas Coal Town, e é este factor repetição que me cansou um pouco no primeiro jogo. As missões secundárias vão ajudando um pouco, mas como quase todas elas são as simples fetch quests que tão bem conhecemos de outros títulos, é fácil aparecer aquele cansaço ao virar da esquina.

Quanto ao visual do jogo, continua a ser o ponto forte. O jogo captura na perfeição a essência do anime com um estilo gráfico que agrada tanto aos fãs quanto a quem nunca ouviu falar. As paisagens são coloridas e vibrantes, repletas de detalhes, mas mantém a estética tradicional do anime, com personagens e cenários desenhados à mão num estilo muito expressivo. As animações são fluidas, e como sabe bem andar a saltitar com o rabo de fora de cenário em cenário, sem preocupações, a pensar na boa e velha infância que cada um de nós foi presenteado com a oportunidade de a ter.
A banda sonora continua a replicar o que a primeira foi: linda, com uma música de introdução viciante, e faz jus à proposta do jogo. Cada parte do dia tem o seu som ambiente. As faixas sonoras de Coal Town são o complementar do estilo artístico com uma mudança de tom brusca no bom sentido da palavra, que nos faz levar mais ou menos a sério o local em que nos encontramos.
Agradecemos à JF e à editora por nos ter cedido esta chave para análise, para a plataforma PC.