Longe vão os tempos em que ia a um centro comercial e encontrava carros/motas onde metia uma moeda e me sentia como o Ayrton Senna ou o Valentino Rossi. Com o lançamento de Top Gear e Outrun (entre outros), consegui levar este sentimento para casa. Fruto da constante evolução dos jogos de corrida, a simplicidade foi ficando para trás, restando apenas títulos niche. Um destes títulos, o destaque desta análise, é uma homenagem aos que já referi, e que bela homenagem. Falemos então de Slipstream.
Slipstream começa com uma vista panorâmica e uma melodia nostálgica. Somos então convidados a escrever o nosso nome, dando vida ao piloto, para nos meter na pista o quanto antes. Após um breve tutorial, levam-nos para o menu principal, onde nos presenteiam com várias opções.
Claro que me “atirei” logo ao Grand Tour, a tradicional corrida com limite de tempo que vai bifurcando, diversificando assim as possibilidades com que podemos chegar ao fim do modo. Ao longo desta viagem iremos ainda encontrar um rival diferente em cada zona onde podemos tentar ultrapassá-los, algo que não oferece uma recompensa palpável, mas fica sempre bem ao ego.
Fora do Grand Tour, no que toca a modos para um jogador temos vários à nossa disposição:
– Single Race – onde escolhemos qualquer pista e podemos modificar as características da corrida;
– Grand Prix – temos a hipótese de ganhar taças num sistema pontuado em 5 corridas, sendo que neste modo temos ainda a possibilidade de personalizar o desempenho de qualquer carro;
– Cannonball – uma versão alargada do Grand Tour com várias opções de personalização, desde número das rotas à ordem das mesmas;
– Time Trial – clássico, mas sempre presente para rivalizarmos com amigos;
– Battle Royale – um modo onde podemos escolher o número de adversários, sendo que a cada alteração de rota o último classificado é eliminado;
Para além disto temos também um modo multijogador local com capacidade até 4 jogadores no mesmo ecrã, uma opção que nem sempre está presente neste tipo de jogos, mas é sempre bem-vinda.
Todos os modos oferecem ainda a escolha de fazermos os trajectos em formato normal ou espelhado.
Entre terminar o modo GT e conquistar todas as taças, consegui compreender o núcleo da jogabilidade, sendo que esta é fácil de perceber, mas difícil de dominar. Ao início vais ter algumas dificuldades (se usares o modo de drift manual) em atingir o ponto certo nas curvas, mas depois de 3 ou 4 repetições chegas lá sem problemas.
Não creio que exista dificuldade em dominar o carro, mas antes no que nos aparece à frente sem praticamente qualquer tempo de reação.
Com isto quero dizer que muitas vezes dei por mim a fazer curvas a cerca de 150 km/h sem qualquer visibilidade, e do nada aparecem-me 2 carros que não deixam qualquer espaço para passar, e com isto, vejo eu, completamente impotente, o meu rival passar e a estragar o meu registo de 4-0 em rotas. É certo que existe a possibilidade de aumentar ou reduzir a velocidade a que o jogo corre (estando este por predefinição nos 100%), no entanto creio que esta redução retira imersão ao jogo dado que todo o jogo abranda.
Embora a nossa condução infelizmente sofra com estes “acasos”, felizmente não acontece só ao nosso carro. Creio que a IA foi feita com justiça, não existindo (ou pelo menos não é tão notável) o famoso rubberbanding. Isto significa que, se tivermos sorte, conseguimos fazer uma corrida sem bater, enquanto que os nossos adversários apanham um trânsito à IC19 em hora de ponta.
Não só a condução nos transporta numa viagem nostálgica, também os visuais são reminiscentes da época, o que acrescenta uma camada adicional de imersão.
Temos vários tipos diferentes de reprodução de imagem (Pixel, CRT, NTSC…), ficando a estética ao gosto do jogador. Independentemente do tipo de efeitos, podemos desfrutar de paisagens vibrantes e minimalistas, não só nomeadas em homenagem a alguns níveis de Sonic, como também evocam pistas de culto pertencentes a outros jogos de corridas (não digo quais para não estragar a surpresa, mas com certeza percebem logo e ficarão deliciados). Gostava de ter um modo um simplesmente podíamos desligar o HUD e embarcar na viagem, mas de momento não
A banda sonora leva-nos numa viagem em synthwave, captando aqueles tons retro que simplesmente nos transportam para dentro de Slipstream e a era que este tão bem retrata. O jogo dá-nos ainda liberdade para escolhermos a faixa que melhor achamos que se enquadra à vista.
Slipstream já está disponível para Nintendo Switch, PlayStation 4, Xbox One, Xbox Series X|S, PC na Steam e GOG.