Hoje trago-vos Solar Ash, o segundo e mais recente jogo da Heart Machine, uma equipa indie americana, fundada em 2013, que teve uma estreia espetacular com o excelente Hyper Light Drifter.
Solar Ash marca-se como a estreia para o 3D da equipa, com um foco maior em mecânicas que aproveitam a liberdade extra proporcionada.
Um planeta à espera de salvação
No jogo, irás tomar controlo de Rei, uma Voidrunner, cuja missão é salvar o seu planeta do Ultravoid, que é uma espécie de gosma que consome tudo o que vê à frente.
A história tem uma mensagem bastante boa, deixando-te um bocado perdido durante a aventura, eventualmente dando-te as respostas. Não é uma história com uma surpresa enorme nem com um nível de qualidade extremamente alto, mas mantém o interesse e mantém um foco, fazendo com que não te aborreças durante o jogo.

Um mundo apocalíptico nas nuvens
Solar Ash é um jogo que graficamente e artisticamente se encontra numa espécie de pingue-pongue, havendo situações onde é simplesmente belo e fantástico, e outras que nem tanto. Penso que a arte do jogo carrega bastante a sua componente visual, representando este mundo nas nuvens como algo misterioso e vasto, com uma seleção de cores bastante única, tendo um foco enorme em tons de azul e roxo.
Infelizmente, os gráficos não representam de melhor forma o talento artístico da equipa, sendo que em muitas situações há uma sensação de que as superfícies foram feitas em plasticina, com falta de detalhe, criando alguma inconsistência na apresentação geral do jogo.
Em termos de música, temos aqui algo bastante simples, com temas que não se sobrepõem, sendo algo mais ambiental.

Algo que me impressionou bastante foi a presença de linhas de diálogo com vozes, com todas as linhas e personagens representadas por atores bastante sólidos.
Um desafio de precisão e rapidez
A jogabilidade de Solar Ash é bastante simples e focada, sendo que maior parte do tempo irás explorar as várias zonas do mundo. A exploração é focada em platforming e uns pequenos puzzles e desafios, como ativar uns certos objetos coloridos para criar caminhos novos.
Também há colecionáveis e side quests, sendo que estes são completamente opcionais. Os colecionáveis apresentam-se como umas chaches que, ao abrires, desbloqueias um pequeno log, contando os acontecimentos de outro Voidrunner passado, mas também desbloqueias uma peça para o fato do mesmo, sendo que cada fato tem uma habilidade especial, como aumentar o teu dano, ou diminuir o cooldown dos teu dash.

As side quests são pequenas histórias de personagens que encontras no mundo, onde elas te mandam encontrar várias coisas em vários pontos do mundo, como uma equipa perdida, por exemplo.
Rei tem várias formas de se movimentar, sendo que a mais eficaz é usando os seus patins, dando-lhe balanço de acordo com a inclinação, e podendo também fazer um boost, sendo este uma espécie de um dash. Esta é a base de toda a jogabilidade, tendo também um duplo salto, um pequeno combo de 3 ataques e uma espécie de grappling hook que poderás usar para te puxares para vários pontos fixos nas zonas.
Penso que este platforming torna-se a melhor parte do jogo, pois o movimento está incrivelmente executado, a velocidade junto com a precisão e a fluidez com que consegues executar todos os movimentos dá uma sensação de que estás a fazer algo sensacional.

No que toca ao combate, aqui temos um dos pontos fracos. Devido a só haver um combo com 3 ataques, o combate torna-se bastante repetitivo, sendo que a variedade de inimigos também não ajuda, havendo apenas cerca de 5 ou 6 tipos diferentes, como por exemplo um inimigo que voa e ataque-te à distância, ou um monstro maior que gosta de dar charge na tua direção. Felizmente o jogo tem poucas instâncias com combate, e quando tem, são situações breves que não interrompem a fluidez do movimento.
O design dos inimigos também não ajuda muito, sendo que são todos uma junção de uma gosma escura com o que se parece ossos ou superfícies brancas sólidas, criando formas quadrípedes ou com tentáculos. Penso que poderia dar origem a designs bastante interessantes, mas infelizmente essa parte ficou mais reservada aos bosses.
No que toca aos bosses, temos aqui uma execução que entende perfeitamente os pontos fortes do jogo. Ao explorares um dos vários níveis do mundo, irás encontrar uma gosma escura, chamada de corruption, em várias zonas, com uma espécie de seringa espetada na mesma. Para poderes lutar com o boss, terás de encontrar esta corruption, e ao atacares uma seringa, tens um tempo limite para seguires um caminho e atacares a próxima seringa que se encontra próxima. Terás de fazer isto umas quantas vezes até chegares a um olho, onde Rei espeta a seringa final de uma forma cinemática, e limpa a corruption daquela zona. Depois de limpares a corruption toda de um nível, o boss irá acordar, e terás de lutar com ele para poderes livrar a zona do Ultravoid.

Os bosses são fantásticos, sendo uns colossos com vários designs únicos, havendo alguns que até voam. Para poderes matar o boss, a lógica das seringas segue-se aqui, mas de forma mais épica. A forma como Rei se movimenta em cima dum monstro com um tamanho enorme, patinando e saltando de um lado para o outro, é uma amostra perfeita da fluidez e precisão do movimento no jogo.
Tenho a acrescentar que infelizmente, em alguns níveis, notei a presença de quedas de fotogramas na versão da Playstation 5, o que quebrou um pouco a fluidez do movimento e da jogabilidade. Felizmente nunca se torna muito grave, mas considerando a complexidade gráfica do jogo, poderia estar mais estável.
Solar Ash já se encontra disponível para a Playstation 5, Playstation 4 e Epic Games Store no PC.