Depois de muita controvérsia à mistura e com um aspecto mais próximo do original, a mascote da SEGA finalmente deu o salto e acelerou para as salas de cinema, com o Sonic – O Filme.
Numa nota prévia, é com enorme satisfação que informo que este filme, foi escrito e realizado com muito respeito e dedicação não só pelos fãs, como por todo o legado que Sonic The Hedgehog construiu desde 1991. Não faltaram pequenos elementos que contribuíram para um produto dotado de uma identidade muito pouco comum em adaptações.
Desde o começo onde os anéis surgem em redor do monte Paramount, seguido do logo da SEGA, onde é mostrada uma panóplia de jogos clássicos desta lendária empresa, sentimos que algo muito especial está para acontecer! Aquele sentimento não muito optimista dos primeiros trailers, onde Sonic tinha uma aparência completamente hedionda foi deitada por terra e completamente reposta com muita expectativa apenas por estes minutos iniciais. Realmente também foi fantástico como a escrita do filme soube ambientar-se a todo o universo de Sonic, desde as suas raízes mais clássicas como o resgate de animais na sua zona natal, ou até os seus memes, no qual o infame Sanic entra em cena de uma forma deveras hilariante. Contudo, também existe uma referência à Nintendo, mas não vou estragar a surpresa!
Por estes e muitos mais valores, perante o desenrolar do filme, foi comum assistir a uma plateia bem animada sempre a gargalhada, mesmo para quem não conhecia o “Blue Blur”, visto que na mesma contava em parte com pais e crianças, ou numa nota pessoal, a minha companheira que pouco conhece acerca deste carismático personagem e do seu mundo, que simplesmente adorou cada minuto do filme.
Foi agradável de assistir a um efeito cómico não só protagonizado apenas por Jim Carrey, o qual todos estávamos a contar que fosse quem conduzisse o filme, visto que foi o nome mais soante no cartaz. Mesmo com o nosso Cyclops no mesmo. Este até penso que se tornou no elemento mais controverso do filme, visto que alguns afirmam que este cientista foi demasiado Jim Carrey para o seu próprio bem. Contudo convém salientar que existem diversas facetas do arqui-inimigo de Sonic.
Robotnik pode ser apenas um ser que deseja construir um parque de diversões, como explorar todas as fontes de energia e poder do planeta. Em defesa do actor, penso que esta faceta do Dr. Robotnik pode situar-se nos seus tempos presentes, mais propriamente a de Sonic Boom, devido à sua excentricidade ou há de uns anos atrás, na era das 128 bits com base na sua persistência, pessoalmente adorei a sua prestação.
A voz de Sonic, Ben Schawrtz, também encarnou na perfeição o ouriço azul. Além de hilariante do início ao fim, o seu conhecido espírito livre, despreocupado e anarquista foi muito bem impresso na personagem. Um factor muito interessante e comum entre ambos, é que psicologicamente ambos sofrem de traumas, apenas optaram por caminhos diferentes. A solidão de Sonic introduziu-lhe humildade, isto por ser de uma raça diferente. No quotidiano era comum ao animal assistir a todo o tipo de relações entre humanos, enquanto que devido à sua rapidez criava uma espécie de amigos imaginários, apenas se enganando a si próprio. Isto por ainda estar a procurar o seu lugar neste mundo. Já o cruel Doutor, por ser vítima de bullying na escola, enveredou por uma faceta cruel e egocêntrica, isto apenas pelo facto de ser órfão e fraco fisicamente.
Os dois encontram-se devido a um fenómeno energético que Sonic produziu e o governo envia Robotnik para o investigar, neste desenrolar de acontecimentos, Sonic conhece um humano, o xerife Tom Wachowski, que de certa forma também procura o seu lugar neste mundo, e os dois colocam-se numa viagem mirabolante cheia de peripécias sempre perseguidos pelo cientista e a sua equipa.
As interacções que estes dois viveram nesta roadtrip alucinante foram alguns dos melhores momentos do filme. Com isto, quero salientar a prestação e dedicação que James Marsden colocou no “Senhor dos Donuts”. Contudo, não foram só estes três elementos que marcaram o filme. Personagens secundárias como a mulher de Tom, ou a sua cunhada, cooperaram para um filme e relações mais sólidas. Um enorme respeito para todos os envolvidos neste filme. De louvar como a produção também já criou um universo próprio, introduzindo desde muito cedo pequenos elementos para enriquecer o seu mundo, e um fecho já com uma sequela de dimensões maiores e próximas do que conhecemos.
Tecnicamente, o filme está muito bem conseguido. Tom foi caracterizado quase como uma personagem animada, os efeitos especiais bem como o CGI de Sonic quando corre ou de tão rápido que é e para o tempo, não criaram um efeito artificial. De referir que o filme conta com muitos elementos e planos de obras contemporâneas como The Flash e Knight Rider, tanto nas sequências a alta velocidade como na caracterização do ouriço. Sendo Sonic – O Filme. uma peça fundamental no que toca a melodias, no filme ainda tivemos espaço para alguns excertos da abertura de Sonic Mania (Friends), ou um tema mais citadino de Green Hills, de toque leve mas que certamente nos arrancou um sorriso.