O género dos soulslike tem sido extremamente presente nos últimos anos praticamente em toda a indústria. Nós vimos várias equipas e editoras a lançarem a sua própria visão de um soulslike, tentando aproveitar a fama dos jogos da From Software, tentando lançar novas propriedades com o objetivo de as tornar extremamente populares.

Infelizmente, este género, apesar da popularidade, é bastante difícil de executar, e, no meio de tantos jogos, apenas alguns se destacaram. O que vos trago hoje é um jogo que se inspira bastante no género, especialmente no que toca ao combate e um pouco da construção dos seus níveis, mas trouxe consigo uma mudança de foco que traz alguma singularidade a este projeto. Eis que vos apresento Steel Seed.

À procura do destino da humanidade

Durante a tua aventura, irás tomar posse de Zoe, uma rapariga que, um dia, acorda num novo corpo extremamente modificado, não se lembrando do que lhe aconteceu. Juntamente com a Zoe, temos também um pequeno drone chamado Koby, que irá ajudar Zoe durante a aventura.

O objetivo de Zoe é bastante simples: encontrar respostas para o que se passou com a humanidade, e, para tal, irá ter de encontrar uma série de shards que irão possivelmente dar-lhe essas mesmas respostas.

A história, apesar de começar com o que parece ser um objetivo básico e direto, consegue manter o interesse durante a durabilidade do jogo. O único aspeto menos interessante do mesmo é o fato de o jogo ser extremamente isolante, sendo que as personagens totais que irás encontrar durante o jogo podem-se contar com apenas uma mão. Não obstante, a história mantém o devido rumo e não tenta entrar em exposições convolutas ou intrometer-se demasiado com o a jogabilidade, resultando numa experiência fluída.

Cenários que se expandem até ao horizonte

Em termos visuais, temos aqui o uso do Unreal Engine, proporcionando um aspeto realista com efeitos bastante competentes. Em termos de qualidade de geral gráfica, o motor faz o seu trabalho, proporcionando uma consistência agradável nas texturas, iluminação e efeitos como partículas. Onde o jogo impressiona mais são nos seus inúmeros cenários, onde, apesar da linearidade dos níveis, consegues testemunhar um cenário até quase ao horizonte, tudo com um excelente detalhe e uma boa dose de movimento, criando uma boa dinâmica.

O aspeto industrial, juntando cenários de fábricas com natureza como montanhas rochosas e florestas, cria algo único. Apesar da usa aparência realística genérica, o foco artístico em criar o que é praticamente uma fábrica do tamanho do mundo cria uma singularidade visual bastante bem vinda.

Combate e stealth, tudo num só

Steel Seed é um jogo bastante simples, temos aqui uma progressão de níveis bastante linear, sendo que o caminho é sempre bastante óbvio, nunca havendo grandes desvios. No entanto, isto não quer dizer que não hajam umas quantas coisas escondidas, sendo que consegues apanhar recursos para adquirires habilidades e também outros colecionáveis como uns logs recheados de lore.

Irás encontrar também checkpoints semelhantes aos soulslike, onde podes curar-te e melhorar a tua personagem ao adquirir várias habilidades. Estas habilidades estão divididas em 3 secções – stealth, utility e combat. Para poderes comprar habilidades, terás de completar os desafios referentes às mesmas, como por exemplo, no caso de uma habilidade de stealth, podes ter de matar uma série de inimigos sorrateiramente enquanto eles investigam uma distração feita por ti.

Os níveis são divididos por secções, sendo uma delas de platforming, onde saltas por uma série de plataformas e escalas uma série de muros e paredes. O Koby também te ajuda nestas secções, ativando vários mecanismos que podem criar plataformas ou zonas para poderes saltar e agarrar-te nas paredes. Os controlos geralmente são bastante fluídos, com a Zoe a movimentar-se de forma natural a ser bastante responsiva a qualquer movimento e salto que faças.

A segunda secção que temos são as arenas, onde tens uma área repleta de inimigos, onde o jogo te irá dar liberdade total para avançares como quiseres. Aqui temos a famosa dualidade de stealth ou ação. No que toca a stealth, temos a capacidade de nos agacharmos para não fazermos barulho, utilizar os glitch fields, que são umas pequenas áreas onde a Zoe é completamente invisível, e também usarmos uma série de habilidades, que provêm do drone Koby. Podes usar, por exemplo, uma mina que explode quando um inimigo se aproxima, havendo até uma melhoria mais tarde que faz com que estas bombas nem sequer façam barulho quando ativadas. Outro uso bastante importante para o Koby é a capacidade de o poderes controlar diretamente e marcar inimigos, sendo possível ter visão constante nos mesmos, tanto através das paredes, bem como até dos trajetos deles, se conseguires desbloquear esta habilidade adicional.

Felizmente, ser descoberto não é o fim do mundo. Se achares stealth aborrecida ou se tiveres que entrar em combate, consegues demonstrar as tuas capacidades de combate utilizando uma espada de energia, e também o Koby, claro. A base é bastante familiar, com Zoe a poder utilizar ataques rápidos e ataques fortes, um dodge e também o Koby para utilizar as habilidades como as minas e também para disparar uns tiros de energia, que podem ser usados para atingir pontos fracos nos inimigos. Ao atacares os inimigos, especialmente quando atinges os pontos fracos deles com o Koby, uma barra de atordoamento irá se encher no mesmo. Quando a barra de atordoamento se preencher por completo, o inimigo irá ficar incapacitado temporariamente, sendo alvo fácil para bastante dano.

O combate do jogo, apesar da simplicidade, mostra uma boa competência, mas sinto que faltou algo que o poderia tornar melhor. Infelizmente, o combate demonstra uma falta de impacto notável, sendo algo que é ligeiramente inferior aos típicos jogos de ação. Felizmente, a stealth é bastante sólida, e penso que proporciona a qualidade suficiente para manter o interesse durante o a duração completa do jogo.

Uma base ambiental sonora

O menu principal do jogo é presenteado com um tema emocional, incluindo até voz, trazendo-nos algo imediatamente memorável. Durante o jogo, a música foca-se mais em criar o ambiente, sendo a sua presença bastante diminuída. A maioria da música durante o jogo resume-se a o uso de pequenos toques graves com melodias simples e suaves, preenchendo o silêncio de forma bastante natural, quase como se não estivesse presente. Isto obviamente não significa que a música no jogo seja má, sendo apenas uma direção que, nos dias de hoje, é muito menos comum de se experienciar.

Desempenho no PC

A minha análise foi toda realizada no PC, no qual tive alguns percalços um pouco frustrantes. O PC que foi utilizado para a análise tem as seguintes especificações:

  • GPU: Nvidia RTX 3070
  • CPU: i5 13600KF
  • RAM: 32 Gb DDR4
  • Disco: WD_Black SN850X

Inicialmente, o jogo estava a correr-me estável, sem grandes problemas, com apenas alguns soluços relativos às transições de áreas, já bastante comum com o Unreal Engine. Infelizmente, nas áreas mais tardias do jogo, deparei-me com várias secções onde o desempenho descia bastante, bem como uma queda de desempenho sempre que entrava em batalha, ficando progressivamente pior.

A versão que joguei não contém as atualizações de lançamento, pelo que, para quem vai jogar no PC, aconselho vivamente a se informarem da qualidade do port antes de tomarem a vossa decisão relativamente a jogar na raça mestre.

CONCLUSÃO
Florescer
8
steel-seed-analiseSteel Seed é uma experiência familiar, mas interessante. A junção de sistemas de stealth com o toque de level design dos soulslike é deveras interessante. Sendo praticamente o grande ponto principal que o diferencia dos restantes do género.