Sou um devoto seguidor dos Souls-like, e embora os devore todos, a tendência para os temas mórbidos e decadentes tornam até o melhor prato do mundo enjoativo. Ora, vindo directamente do laboratório da Point Blank, chega-nos o vibrante Stray Blade.

História

No clássico padrão dos Souls-like, recebemos a fundação da narrativa, a partir daqui teremos de desvendar o resto através de conversas ou manuscritos. Encarnamos Farron West, um explorador cujo género fica ao critério do jogador.

Cabe-nos revirar todas as pedras de Acrea, um vale secreto de um canto perdido do mundo. Ao chegarmos a Acrea, somos surpreendidos, e pouco tempo depois acordamos e descobrimos que temos uma pedra no peito, à lá Iron Man. Embora esta pedra nos torne imortais, enquanto a tivermos não podemos sair do vale, ou arriscamo-nos a sofrer um destino trágico.

Normalmente, estas viagens são solitárias e silenciosas, algo diferente neste jogo, pois tanto Farren como Boji, o nosso companheiro, gostam bastante de falar, dando constantemente informações não só sobre eles próprios, mas também sobre o mundo em que vivem, as diferentes pessoas que o povoam e a história de Acrea.

Embora siga parte da fórmula, Stray Blade não apresenta o recheio narrativo esperado das outras sagas no género, deixando algumas pontas soltas. O cenário e as personagens não são suficientes para carregar toda a experiência, ainda assim, é inegável que a Point Blank dedicou bastante cuidado à criação do cenário e da história.

Mundo

Fugindo dos cenários mórbidos, exploramos um belo mundo aberto animado, onde iremos recolher recursos espalhados de forma a podermos fabricar armas, armaduras e ruínas nas respetivas estações. Após triunfarmos sobre um acampamento de soldados inimigos, teremos o característico baú com um projecto para uma nova arma ou peça de armadura com atributos melhorados.

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Devo dizer que existe uma boa selecção de armas disponíveis, desde bestas, escudos, lanças ou espadas, cada uma com as suas próprias valências, permitindo alguma experimentação quando combinada com o percurso optado na árvore de habilidades. A roda não é reinventada, mas é utilizada no melhor das suas funções.

Infelizmente, na senda do estado atual da indústria, Stray Blade sofre de bugs irritantes. Começando pelo mais berrante, quando verificamos as estatísticas, existe a possibilidade de estas ficarem abertas no ecrã depois de sairmos do menu, algo que ocupa o ecrã e nos força a recarregar o checkpoint. Outro dos pontos principais é a framerate que soluça com bastante frequência, principalmente durante o combate, sendo que o jogo não é visualmente impressionante.

Jogabilidade

Todas as armas têm um grau de afinidade que aumenta à medida que as utilizamos, sendo que quando atingimos os 100%, podemos gastar um dos pontos que ganhamos ao subir de nível para desbloquear mais dano ou uma slot extra para nos curarmos. Esta proficiência incuta-nos a utilizar várias armas pois a proficiência de todas torna-nos extra poderosos. Claro que nem todas serão a última bolacha do pacote, no entanto a jogabilidade é intuitiva, pelo que não será grande trabalho ir trocando de estilo de combate, que por sua vez também é bastante simples.

Enquanto lutamos, os inimigos piscam a vermelho ou azul. Os ataques azuis podem ser parried, enquanto que os vermelhos têm de ser esquivados, o clássico da fórmula. Ao atingirmos um parry perfeito, conseguimos interromper o combo dos inimigos, o que nos permite retribuir o favor. O desvio também tem uma mecânica extra, pois se nos desviarmos à última da hora, conseguimos restaurar um pouco da stamina, permitindo também retribuir o favor.

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Como a tradição dita, é essencial sabermos gerir a stamina pois por muito alegre que Stray Blade pareça, é igualmente letal. As emboscadas são frequentes, levando-nos várias vezes ao ponto de respawn pois decidimos armar-nos em heróis. Remando contra a maré dos soulslike, ao matarmos todos os inimigos de uma área, somos notificados da sucedente paz, algo que transmite uma harmonia bastante agradável.

Audiovisual

Acrea apresenta-se através de uma série de ambientes exuberantes. Desertos áridos, cidades em ruínas, selvas e grutas geladas preenchem a paisagem. Não deixo de referir os templos imperiais e enormes fortalezas que foram deixados pelos antigos habitantes do vale. Embora não aposte no fotorealismo, Stray Blade não falha em deixar uma boa impressão nos seus visuais.

O design dos inimigos acompanha o estilo da arte mas peca um pouco na variedade. Não é o fim do mundo, confesso que chegar a uma nova área e encontrar o mesmo inimigo pintado com uma cor diferente desilude um pouco. Olhando pelo lado positivo, não tive de reaprender ataques. Embora repetitivos, na sua variedade encontramos uma veia bastante criativa da Point Blank, entre aracnídeos a titãs, não faltarão cabeças de diversos estilos para rolar.

A banda sonora é aceitável. Não transmite a sensação épica que alguns congéneres transmitem, mas permite-nos desfrutar do mundo enquanto passeamos, criando ainda alguma sensação de tensão durante o combate.

Breviário

Stray Blade surge de uma vasta corrente de títulos que vão tentando capitalizar no estilo soulslike, trazendo consigo algumas vantagens e desvantagens. Com uma belíssima arte e protagonistas carismáticos, o tempo em Acrea era bem passado, não fossem alguns tropeções.

Agradecemos à 505 por nos ter cedido uma chave para análise.

CONCLUSÃO
Diferente
6.8
stray-blade-analiseNuma tentativa de remar contra a maré, a Point Blank traz um souls-like que nos puxa com os visuais e protagonistas carismáticos, mas acaba por pecar na entrega das outras vertentes. Um título divertido com bastante margem de progressão.