O realizador hispânico Enrique Gato, regressa com o terceiro capitulo das famosas aventuras do arqueólogo Tad. A produção conta com valores monetários longe dos praticados em Hollywood, ainda para mais quando comparada com as produções Pixar, que costumam ser a referência nos filmes de animação no verão.
Porém, este filme em termos técnicos em nada ficou a dever, aos da produtora norte americana, não ficando atrás do filme mais recente Buzz Lightyear, quiçá o argumento seja até o ponto menos positivo do filme, que promete fazer as delicias dos mais novos e introduzir um pouco de história num filme de animação.
Nesta aventura, mais uma vez, Tad adoraria ser reconhecido pelos colegas arqueólogos, mas acaba sempre por arranjar confusão! Tad volta a fazer das suas ao destruir inadvertidamente um raro sarcófago e libertar um feitiço que põe em perigo as vidas dos seus amigos. Salvar Múmia, Jeff e Belzoni dará início a uma grande aventura, que irá levar Tad e Sara aos quatro cantos do mundo, para que consigam por fim à maldição da Tábua de Esmeralda.
É com esta sinopse, que o espectador parte nas aventuras deste explorador, num filme que conta com passagens pelo Egito, América do Sul, Paris e Chicago. Sem dúvida que são cenários pouco comuns neste tipo de filmes de animação, sendo que é inevitável a comparação com Indiana Jones, ou Uncharted por incluir aventuras semelhantes de um arqueólogo, em diversas partes do mundo, havendo sempre uma dose de quebra cabeças.
O filme apesar de ter um argumento algo linear e previsível, não deixa de contar com pormenores interessantes e diferenciados da animação norte americana. Em primeiro lugar, nota-se claramente a ausência de músicas, tão típicas nos filmes da Pixar, neste caso não se “canta sobre Bruno” ( se apanhaste esta referência, és uma boa Batata), como não se canta sobre nada, um registo diferente sem dúvida e que conforme os gostos pode deixar os mais novos sem uma música que associem ao filme e cantem dias a fio, pelo que é mesmo deixar o filme “Let it go” ( bem se apanhaste esta referência és um autêntico fã da Disney), bom para os progenitores e familiares, mas talvez tornem o filme menos musical.
Importa também referir, que a sessão que assisti contava com as vozes de atores portugueses, que importa também destacar. Afinal, num filme de animação seria injustos não referir a performance de quem dá a voz. Ora, neste plano, mais uma vez os atores nacionais estiveram à altura do desafio, ajuda também o filme ser original de Espanha, que por partilhar semelhanças com a língua portuguesa é ainda menos perceptível, a diferença entre a boca das personagens a mexer-se e a voz das mesmas. De um modo geral, João Paul Rodrigues, Mafalda Luís de Castro e companhia, tiveram bem, oferecendo a entrega necessária e pedida conforme o momento do filme, mas mais importante, não senti que se perdeu nada ao ver a versão portuguesa.
Mas o melhor tem de ficar para o fim, e o destaque vai sem duvida para os detalhes na animação, capaz de rivalizar com as maiores produtoras, existindo uma enorme preocupação com os detalhes. A atenção chega a ser visível na passagem pelo rio Sena em Paris, onde decorre um dos epicentros da aventura e na qual é possível perceber o detalhe posto na água do rio e nas gotas provocadas pela passagem de barcos. Por outro lado, as personagens encontram-se bem construídas, sendo visível as diferentes expressões, próximas da realidade, à cabeça, as rugas provocadas pelos sorrisos.
A verdade é que sendo a continuação de uma saga, este filme, tem um público alvo já identificado, apesar de ser possível de perceber a história, sem se ter visto os anteriores. Porém, os mais novos que gostam de história e monumentos vão certamente gostar deste filme, que conta com passagens pelo Louvre ( e o famoso sorriso de Mona Lisa), como pelas pirâmides de Gizé, sem esquecer a tão famosa tour de França. Assim como conta com boas piadas, nas quais merece o destaque o “gozo” dado ao agente da CIA e ao facto de muitos norte americanos colocarem o mundo a girar à sua volta. que
Não sendo um dos melhores filmes do ano, longe disso, esta película espanhola acaba por proporcionar 90 minutos de diversão, e nesta altura do verão, uma boa escapadela para proteger os mais novos nas horas de calor ( este crítico de cinema preocupa-se com a saúde dos mais novos).
A critica contou ainda com dois pequenotes que vieram a acompanhar-me nesta sessão de imprensa e que gostaram bastante do filme, apesar de acharem algo curto.