É uma lufada de ar fresco quando saímos do universo fantasioso que por norma tem como localização locais fictícios de produção Americana, e somos presenteados com outras culturas de língua inglesa, como é o caso deste Thank Goodness You’re Here!. Este é um título baseado no Reino Unido, mais especificamente na Inglaterra, um local de humor muito característico e com uma identidade única. É um tipo de comédia que se caracteriza por ser sarcástica, irónica e extremamente criativa.
O título é desenvolvido pelo recente estúdio Coal Supper, composto por duas pessoas cheias de alma e carisma. A narrativa enquadra-se na cidade fictícia de Barnsworth, inspirada no local de crescimento e convivência dos condutores disto tudo, James Carbutt e Will Todd; a cidade de Barnsley.
Controlamos um empresário sem nome ou qualquer outra identificação. Tudo o que sabemos é que estamos numa cidade estranha, e que chegamos antes do tempo a uma reunião importante, e o que fazer de melhor para passar o tempo se não conhecer pessoas e aproveitar para nos movimentarmos pela cidade? O problema, é quando os habitantes da cidade são completamente desequilibrados, e tornam a vida do nosso protagonista num completo inferno ausente de noção.
Não esperes muito desafio aqui. O segredo é aproveitar as imensas interações com tudo o que é objecto e seres-vivos, e deixares-te levar pelo progresso linear da experiência, que dura cerca de duas a três horas. Pensa neste título como uma curta-metragem interactiva e extremamente hilariante. Irás explorar diferentes cenários da cidade, e ocasionalmente passar por algumas secções de plataformas com direito a colecionáveis pelo meio, mas com uma jogabilidade bem básica que se resume a “faz todos estes desafios para progredir”. Mas não é por aí que o jogo perde o brilho, aliás, a lufada de ar fresco vem precisamente deste ponto: fazer com que a experiência seja tão brilhante que nos faz acabar e chorar por mais, sem nunca sentir aquela repetição maçante e constante que se verifica cada vez mais nos videojogos. É muito simples; o que falta em duração, compensa em humor. Parece-me a troca perfeita.
A dobragem é extremamente bem conseguida, com sotaques hilariantes, característicos do local, e o melhor; com uma trilha sonora catchy que me fez lembrar aquelas road trips de verão, da cidade até ao campo. É sempre uma surpresa andar a explorar todas as portas e caminhos possíveis, para sermos surpreendidos por alguma linha de áudio nova.
O estilo de arte é uma das qualidades que mais se destaca neste jogo. Lembra muito uma banda-desenhada do final dos anos 90, daquelas bem preenchidas em que há montes de coisas e detalhes a acontecer na mesma página, e em que os olhos se arregalam só da primeira vista em cima. Uma vez mais, e sem querer cair no erro de me repetir muito, este é um título carregado de personalidade e que procura a todo o momento enaltecer as suas raízes e brincar com isso sem qualquer tipo de preconceito; e até o seu visual confirma isso.
Um especial agradecimento à editora por nos ter fornecido uma chave do jogo para análise na Playstation 5.
