O mercado de videojogos sul coreano cresce a olhos vistos. Desde o plano governamental de 5 anos de promover e ajudar a indústria de videojogos local, temos sido apresentados a videojogos muito promissores, com gemas de um mercado que acordou de vez para fora da sua bolha, para dar muitas cartas.
The Devil Within: Satgat é uma dessas gemas, ainda que esteja longe de ser perfeito. Trata-se de um metroidvania em 2.5D, passado num mundo desolado, com um misto visual e até em certas partes histórico da dinastia Joseon, mas com temas futuristas e uma narrativa pós-apocalíptica. Após um período de acesso antecipado que despertou a curiosidade e interesse dos jogadores, o título foi oficialmente lançado no dia 21 de novembro, para já para PS5 e PC (Steam).
Enquadrando-te na história do jogo, existe uma torre chamada Ebon Sting, de origem desconhecida. Esta torre chegou misteriosamente e alterou um mundo com uma fauna e flora equilibrada, outrora pacato. É nessa Ebon Sting que escorre um óleo e que a principio parecia trazer prosperidade e felicidade, mas na verdade tratava-se de um componente que arrasaria com metade da população, começando a apresentar sintomas incomuns, e transformando-os em demónios. Foi numa unanimidade que decidiram que a grande responsabilidade desse problema era precisamente a presença dessa torre, pelo timing do seu aparecimento e pelas anormalidades apresentadas. É assim que a população recorre ao General Hong Sang e ao Guarda Real Kim Rip (o nosso protagonista), que embarcaram numa missão para eliminar a fonte no núcleo da torre.
O seu mundo é muito misterioso e rico em detalhes, e apesar de ser muito conciso narrativamente falando, dá vontade de ficar a saber mais e mais sobre este universo criado pela Newcore Games.
Este é um título que rapidamente te consegue fazer agarrar ao comando, isto, porque apresenta de forma quase instantânea às mecânicas viciantes de um metroidvania, e ainda a mistura com algumas pitadas dos jogos souls. Kim Rip, apresenta-se como um guarda real muito versátil, e logo poderás testemunhar isso nos primeiros momentos do combate. O combate é o padrão de um metroidvania melee. Tens acesso a uma arma que é a principal, desde katanas e espadas longas, ou até uma galinha de borracha semelhante aos brinquedos dos nossos canídeos, colocada propositadamente no jogo como uma espécie de muleta, usada em modo de piada para os jogadores com mais dificuldade em progredir. Como arma secundária, tens uma arma de fogo, usada não tanto em combate, mas para te auxiliar com algumas fases de plataformas dos longos corredores do mapa.
O combate começa por ser básico com apenas golpes leves, pesados e bloqueios com parry, e isto é facilmente dominado até gastares pontos de experiência nos primeiros upgrades e desbloqueares golpes novos. O problema, é que o jogo conta com uma barra de stamina, e muitos destes combos desbloqueáveis consomem alguns pontos desta, ou seja, será preciso um bom controlo de timing para não ficares rapidamente esgotado e sem movimentação.
A meu ver, é no combate que The Devil Within deixa a desejar por dois pontos cruciais. O primeiro, é no parry que quando bem sucedido, o jogo entra em bullet time. Este modo permite que escolhas 3 tipos de contra-ataque, um baseado no corte, outro na velocidade, e outro no bloqueio. O conceito é interessante, e nos primeiros golpes é um regalo para os olhos, mas muito rapidamente quebra o ritmo, e aquela sensação de velocidade ao manejar a katana.
O combate no geral é uma experiência desafiante, e por incrível que pareça, é mais fácil derroter os bosses do que alguns dos inimigos comuns. Os padrões destes chefes (que no geral até são bem construídos tanto em visuais como nas suas mecânicas), são básicos, e basta 3 ou 4 repetições para rapidamente pereceberes como vão agir contra a tua personagem.
Tal como um metroidvania, o título oferece um bom equilíbrio entre combate e exploração, com um mundo que aos poucos nos mostra o seu potencial, à medida que vamos entrando por novas áreas. Para upares o teu nível, terás que colectar as suas almas ao derrotar os monstros que vagueiam pela cidade, e caso morras, ficarão no local à espera que os apanhes novamente. O level design é sólido. Não é brilhante como títulos recentes como Ori, Dead Cells ou Bloodstained que estão no topo do género em que todo o mapa se parece encaixar de forma perfeita, mas consegue entregar uma experiência muito divertida e bem conseguida.
Os efeitos visuais, como explosões, magias e partículas, são bem implementados dentro das suas limitações, adicionando um toque muito único após cada golpe desferido. Os ambientes do jogo tal como mencionei acima, são detalhados, com detalhes que enriquecem a experiência. Peca apenas pela ausência de algumas paisagens incríveis que o oriente feudal sempre nos habituou. A versão testada foi a de Playstation 5, e posso afirmar que está bem afinada, com nenhuma quebra de framerate sentida ou problemas que me encerrassem abruptamente o jogo.
Agradecemos à Editora a cedência de uma cópia para análise na Playstation 5.